Quando circularam pelo país com “5 X comédia”, entre 2018 e 2019, Bruno Mazzeo e Lúcio Mauro Filho se encontravam no camarim, mas não no palco, já que a montagem se estrutura como uma costura de monólogos.

 

Amigos há muitos anos, combinaram de criar um projeto em que pudessem dividir a cena. O resultado é “Gostava mais dos pais”, que chega a Belo Horizonte nesta sexta-feira (29/11) e fica em cartaz até domingo, no Cine Theatro Brasil Vallourec.

 




O título do espetáculo alude ao fato de os atores serem filhos de dois ícones da comédia brasileira – Chico Anysio (1931–2012) e Lúcio Mauro (1927–2019) – e, volta e meia, serem abordados por fãs que tecem mil elogios, mas finalizam a conversa com um “gostava mais do seu pai”.

 

No espetáculo, Bruno e Lúcio não se furtam a fazer piada com essa herança. A amizade entre os dois é o fio condutor da peça, que conta uma história, mas também incorpora esquetes que ilustram o que é contado.

 


Três anos mais velho que Bruno, Lúcio comenta que, a despeito da proximidade dos pais, a amizade entre os dois só veio mais tarde. “Começamos a conviver como amigos já adultos, participando de projetos um do outro, então chegamos muito maduros para este espetáculo.

 

O fato de sermos filhos de quem somos e termos convivido com os pioneiros da comédia na TV – Agildo Ribeiro, Paulo Silvino, Costinha – nos deu um material bacana para fazer essa celebração”, diz.

 

Internet e a mudança

Um assunto que se impôs foi a passagem do tempo e a mudança na profissão do ator com a chegada da internet, das plataformas e das redes sociais. “Toda uma geração de atores, da qual fazemos parte, tem que lidar com essas mudanças de paradigmas. Isso faz com que a gente se sinta jovem e, ao mesmo tempo, ultrapassado”, afirma.

 


O ator diz que essa discussão livrou a montagem do risco de soar saudosista, a despeito das naturais homenagens a Chico Anysio e Lúcio Mauro. Diretora do espetáculo, Debora Lamm diz que “os esquetes dão margem para o absurdo. O assunto central é a amizade entre eles, essa parceria e, a partir dela, eles começam a falar sobre o tempo. Aí já entram as figuras dos pais, que vieram e cultivaram uma amizade antes deles. E se fala do tempo que vivemos, do tempo presente, do passado e do futuro”.

 


Lúcio diz que os esquetes também funcionam como um respiro, na medida em que a dupla incorpora personagens, e a peça, assim, não fica tão personalista. “Nós nos formamos e fomos apresentados ao público por meio de programas de esquetes, como o 'Zorra total'. Em uma peça que se propõe a celebrar a trajetória de dois comediantes, é importante que esses signos estejam presentes”, afirma.

 


“Gostava mais dos pais” estreou em São Paulo, onde cumpriu uma segunda temporada, viajou para o Rio de Janeiro e para Fortaleza. Lúcio Mauro Filho diz que a circulação, até aqui, tem sido muito exitosa.

 


“Tínhamos, obviamente, um otimismo grande com relação ao espetáculo, porque nos cobramos que ele fosse relevante, divertisse e fizesse pensar, mas, entre a pretensão e a realização, é um longo caminho, nada está garantido”, afirma.

 


“O sucesso da primeira temporada (em São Paulo) se repetiu nas seguintes. Ter o carinho da crítica e do público é o sonho de qualquer montagem. Hoje temos segurança de que é um espetáculo que comunica, que emociona, que faz rir, então temos muito orgulho do que alcançamos.”


“GOSTAVA MAIS DOS PAIS”
Texto: Aloísio de Abreu e Rosana Ferrão. Direção: Debora Lamm. Com Bruno Mazzeo e Lúcio Mauro Filho, nesta sexta (29/11) e sábado (30/11), às 20h, e no domingo (1/12), às 18h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Av. Amazonas, 315, Centro). Ingressos a R$ 140 (inteira) e R$ 70. Cliente cartão de crédito Ourocard tem 20% de desconto. Preço especial: R$ 39,60 (inteira) e R$ 19,30 (meia) – cota limitada. À venda na bilheteria do teatro e pelo site Eventim.

 

Outros espetáculos

>>> TEATRINHO

A partir deste sábado (30/11) até 22 de dezembro, ocorre o Festival Teatrinho Infantil de Natal do Pátio Savassi, com oito espetáculos que compõem o repertório da Cyntilante Produções, desde 2005. A estreia é com a versão mineira de “Os saltimbancos” – texto original de Luiz Enriquez Bacalov e Sérgio Bardotti, adaptado por Chico Buarque, que conta a história de quatro animais (jumento, cachorro, gata e galinha) que, descontentes com a vida no campo, partem para a cidade para tentar a carreira musical.

 

No domingo (1º/12), a atração é “A rainha da neve”, escrito pelo dinamarquês Hans Christian Andersen. As apresentações são sempre aos sábados e domingos, às 16h, no Teatro do Pátio Savassi (Av. do Contorno, 6.061, São Pedro). Ingressos a partir de R$ 27,50, no site www.cyntilante.com.br.


>>> HILDA HILST

Com dramaturgia e encenação de Juarez Guimarães Dias e solo da atriz Luciana Veloso, “A obscena senhora H – Paixão e obra de Hilda Hilst” volta ao cartaz em BH, com apresentações nesta sexta (29/11) e sábado (30/11), às 20h, e no domingo (1º/12), às 19h, na sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro).

 

A montagem reconta a paixão da premiada escritora brasileira Hilda Hilst (1930-2004) por seu primo Wilson Hilst, 20 anos mais novo, durante a criação de um de seus mais aclamados livros, “A obscena senhora D”, no início da década de 1980. Ingressos a R$ 52 (inteira) e R$ 26 (meia), à venda na bilheteria do teatro e pelo site Eventim.


>>> NASCIDO PARA MORRER

Nesta sexta-feira (29/11), às 18h30, o Centro Cultural UFMG (Av. Santos Dumont, 174, Centro) recebe o grupo Teatro Negro e Atitude com o espetáculo “Àbíkú”, estrelado por Léo Campos, Lucas Gonçalves e Sabrina Dourado, com direção de Evandro Nunes e direção musical de Marcus Carvalho.

 

Inspirado nas músicas “Gênesis” e “Tiro de misericórdia”, de João Bosco e Aldir Blanc, e “Meu guri”, de Chico Buarque, o espetáculo conta a história de André, um menino que nasce da falta de diálogo entre os pais, cresce na ausência de perspectivas para o futuro, vive em meio às desigualdades sociais do país e morre à sombra de um mito iorubá: o das crianças Àbíkú, que na tradução literal significa “nascido para morrer”. Entrada franca. Classificação indicativa: 14 anos.

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