"Senna" despertou o coração verde-amarelo da inglesa Kaya Scodelario

Uma série que tem velocidade e potência foi a escolha perfeita de Kaya Scodelario para estrear em uma produção brasileira. Aos 32 anos, a britânica já buscava há tempos um projeto que evocasse suas raízes por parte de mãe, que nasceu no país.

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“O Brasil não é apenas praia, samba e Amazônia. Queria uma história humana sobre os brasileiros, algo apaixonante e importante que ajudasse o mundo a entender por que nós somos pessoas tão bonitas, felizes, orgulhosas”, diz ela.

Por isso, quando seu agente soube, após cinco anos de buscas, que uma produção sobre Ayrton Senna estava em andamento, Kaya tratou de tentar ser uma das escolhidas para o elenco. A série sobre o piloto da Fórmula 1 está disponível na Netflix.

Adolescente

Kaya começou a carreira aos 14 anos no drama adolescente “Skins”, atuou franquia “Maze runner” e em “Piratas do Caribe”.

Para ela, “Senna” permitiu que o Brasil fosse visto e se mostrasse nos anos 1990. “Em um esporte tradicionalmente muito elitista, ele (Ayrton Senna) era especial.”, ressalta.

Kaya cresceu em uma comunidade brasileira em Londres. Desde criança, sabe quem era o piloto. Mas só se deu conta da importância do ídolo para o Brasil quando assistiu ao documentário “Senna” (2010), do diretor britânico Asif Kapadia. O cineasta também dirigiu documentários biográficos sobre Amy Winehouse e Diego Maradona.

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“Assisti aqui em Londres, a sala estava cheia de brasileiros. Eles gritaram, riram e choraram. Tinha muita paixão e orgulho. Ali, realmente senti que entendi o que ele significava para o mundo, mas especialmente para os corações brasileiros”, afirma.

A personagem de Kaya é fictícia. A jornalista esportiva Laura Harrison é britânica e brasileira, como ela. No papel, ora fala inglês ora português.

“Pesquisei bastante como foi para as mulheres que cobriam esportes naquela época, porque era ainda mais difícil nos anos 1990. Em muitas gravações que vi, elas estavam cercadas por um grupo de homens e precisavam correr para serem ouvidas e poder perguntar”, comenta.

“Li muito sobre a Fórmula 1, para que a Laura fosse confiante no trabalho. Realmente, amo o jornalismo, é uma parte importante da democracia e do mundo”, diz.

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A experiência permitiu que ela se conectasse ainda mais com o Brasil. Kaya ressalta que, mesmo tendo crescido numa comunidade tupiniquim – em meio a novelas, Xuxa, banda É O Tchan e arroz com feijão –, sente-se muito brasileira para a Inglaterra e muito inglesa para o Brasil. “Sempre senti que minha alma e meu coração são bem mais brasileiros do que britânicos”, diz.

Bobó e pão de queijo

Durante as filmagens de “Senna”, ela passou seis semanas em São Paulo com os filhos, de 8 e 2 anos, e o ex-marido, o ator Benjamin Walker.

“Não queria ficar em hotel, então aluguei uma casa. Íamos ao supermercado e ao parque todos os dias. Meu filho adora comer moqueca, bobó de camarão, coxinha, pão de queijo. Cozinho feijoada todas as semanas para ele”, revela. O menino fala português e gostou de conhecer o Brasil.

“É uma verdadeira honra passar isso para meus filhos, porque é difícil manter uma herança a cada geração”, finaliza Kaya Scodelario.

“SENNA”

• Série de Vicente Amorim. Seis episódios. Direção: Vicente Amorim e Júlia Rezende. Com Gabriel Leone, Camila Márdila, Kaya Scodelario, Pâmela Tomé, Julia Foti, Marco Ricca, Matt Mella e Johannes Heinrichs. Disponível na Netflix.