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Em "Juízo", atores interpretam jurados que precisam decidir se adolescente é culpado ou não do assassinato do pai

crédito: Cefart/divulgação

 

 

Um convite a refletir sobre nossas noções de justiça e sobre os julgamentos que fazemos acerca de outras pessoas. É assim que o diretor Guilherme Diniz define “Juízo”, espetáculo dos formandos de teatro do Cefart que cumpre temporada até 15 de dezembro na Funarte MG, com entrada gratuita.

 

 


Inspirada em um dos dramas de tribunal mais famosos do cinema, o clássico “Doze homens e uma sentença”, de Sidney Lumet, a montagem traz o mesmo enredo do filme: um grupo de jurados precisa decidir se adolescente é culpado ou não do assassinato do pai. No palco, no entanto, o número de jurados foi reduzido a 11 devido ao número de alunos da turma.

 

 


Guilherme Diniz divide a direção com Jhonny Salaberg. Do encontro da dupla, formada por um crítico de teatro e um ator e dramaturgo, surgiram experimentações e novas abordagens para a trama.

 

 

 

 

Com um jurado a menos, foi preciso adequar os 12 personagens a 11 atores. Outra mudança foi a inserção de mulheres no elenco. “Foi muito interessante sair da cisnormatividade e colocar esse texto na boca de jovens”, observa Salaberg.

 

 


Assim como no texto original, o veredito precisa ser unânime para condenar ou não o acusado à pena de morte. Tudo aponta para a culpa do jovem, porém um dos juízes não concorda em condená-lo e vai argumentando até apontar peças do quebra-cabeça que não se encaixam tão bem quanto pareciam.

 

Debate social

 

Segundo os diretores, “Juízo” joga luz em debates sobre desigualdade e justiça. De acordo com eles, a diversidade da turma possibilitou a ressignificação do texto, que dialoga com o contexto do Brasil contemporâneo, onde o senso de justiça é recortado por classes sociais e identidades de gênero.

 


“Esses corpos tão jovens, engajados e diversos trouxeram um frescor para a trama. Eles vão inevitavelmente modificando esse texto a partir dos próprios dilemas que a geração deles vive: um Brasil marcado por acirramentos políticos e ideológicos em que opiniões divergentes e pensamentos plurais são atacados visando uma homogeneização do pensamento”, afirma Salaberg.

 


Para Guilherme Diniz, a peça instiga o espectador a pensar sobre como nossas perspectivas estão atravessadas por ideologias e por visões de mundo que não são neutras.

 

“Por trás de um julgamento existe uma série de implicações, de pressupostos, de violências e de desigualdades que, de certa maneira, quando não são debatidas e complexificadas, levam a uma visão bastante reducionista.” 


"JUÍZO"


Montagem de formatura dos alunos de teatro do Cefart. Até 15 de dezembro, de quinta a domingo, com sessão extra na quarta-feira (11/12), na Funarte MG (Rua Januária, 68 – Centro), sempre às 19h. Entrada gratuita, com retirada de ingressos a partir das 18h.

 

OUTRA PEÇA

 

• PUC Minas

A 48ª Mostra de Trabalhos da Escola de Teatro PUC Minas (Av. Edgar da Mata Machado, 577 – Portaria 9 – prédio 20 – câmpus Coração Eucarístico) começa nesta quinta (5/12), às 20h30, com o espetáculo “Mantenha fora do alcance do bebê”, dirigido por Luiz Arthur.

 

A montagem será encenada sexta e sábado (6 e 7/12), sempre às 20h30. No sábado, haverá outra sessão às 19h. Já o exercício cênico “O absurdo do absurdo existencial”, com direção de Leandro Acácio, será apresentado na segunda-feira (9/12), às 20h30. Entrada gratuita.