Conhecida internacionalmente por causa do Instituto Inhotim, a região de Brumadinho acaba de ganhar mais um espaço para as expressões artísticas e culturais, com o recém-inaugurado Centro Cultural Galeria Cabra, no distrito de Casa Branca.
O centro é um desdobramento do Instituto Cabra, organização não governamental que atua desde 2019, abarcando os povoados de Quilombos, Sede, Aranha, Parque da Cachoeira e Córrego do Feijão, além de Casa Branca, e que foi oficializada em fevereiro de 2020.
A Galeria Cabra abriu as portas no último sábado (30/11), com evento que contou com apresentações artísticas e inauguração das exposições “Indelével”, de Ciça Castello, e “Verdade”, de Pedro Gravatá, além de instalações criadas por quatro dos seis fundadores do Instituto Cabra: “A antítese do corpo”, de Fred Amorelli; “Gambiologia”, de Fred Paulino; “Jardim de Júlia”, de Mari Pacheco; e “Umanto”, de Thais Mol. Completam a equipe do Cabra Bianca Veriato e Janaina Pinheiro. Todos eles vivem e trabalham em Casa Branca.
Além de se configurar como um local dedicado à arte, cultura, educação e sustentabilidade, a galeria marca, com sua abertura, os cinco anos de trajetória do instituto, que tem transformado a comunidade local por meio de projetos culturais, ambientais, sociais e educativos.
Terceiro setor
Remontando ao embrião do Cabra, Fred Paulino conta que quando ele e Thais Mol se mudaram para Casa Branca, já tinham em mente criar uma organização do terceiro setor na região.
“Aí veio, em 2019, o rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, que foi determinante. Thais e Janaina Pinheiro, amiga nossa que atua aqui com artes manuais, começaram a fazer trabalho voluntário de crochê com as mulheres do Córrego do Feijão, que estavam naquele momento terrível, esperando notícias dos maridos. Toda a comunidade de Casa Branca se mobilizou. Esse trabalho das duas foi continuando, foi crescendo, ganhando reconhecimento”, diz.
Ele explica que, dessa forma, diante da perspectiva de algo mais regular, elas criaram o projeto Confio, que lida com a manufatura têxtil. Thais e Janaina formaram um coletivo com as mulheres do Córrego do Feijão que incluía não só os exercícios de habilidades manuais, mas também rodas de conversas.
“A gente precisava de uma instituição para formalizar esse projeto. Eu já tinha o nome Cabra na cabeça. Chamamos amigos artistas que moram aqui e criamos essa organização”, recorda.
Virada
Paulino destaca que a abertura da galeria é um momento de virada, já que, até então, o instituto funcionava sem espaço físico próprio. “Agora temos um local para abrigar nossas atividades, o que nos permite tornar tudo mais regular, alargar o escopo das nossas ações e atender a um público mais amplo”, aponta.
Ele diz que a ideia é convergir na galeria os ateliês dos integrantes do instituto, com os trabalhos cotidianos, e estabelecer dois ciclos anuais de exposições. “Mais do que um espaço de exibição de obras de arte, a Galeria Cabra se pretende um centro de formação”, diz.
A ideia é oferecer exposições que consigam estabelecer diálogo com os moradores e visitantes habituais para que passem a ter uma relação mais cotidiana com a arte. “Mas não é fechado; é preciso estabelecer pontes com outros territórios, ter um olhar inclusivo, mas também universal. Somos artistas que circulam muito, inclusive internacionalmente, então isso vai ser incorporado organicamente, um processo que vamos entendendo semestre a semestre”, ressalta Fred Paulino.
GALERIA CABRA
Em Brumadinho (Av. Casa Branca, 800, Casa Branca). Exposições em cartaz: “Indelével”, de Ciça Castello, e “Verdade”, de Pedro Gravatá. Instalações “A antítese do corpo”, de Fred Amorelli; “Gambiologia”, de Fred Paulino; “Jardim de Júlia”, de Mari Pacheco; e “Umanto”, de Thais Mol. Visitação: sextas e sábados, das 10h às 17h, e domingos, das 10h às 14h. Entrada gratuita.