O Centro Cultural UFMG inaugura nesta sexta-feira (6/12) duas mostras voltadas para a relação entre arte, arquitetura e memória: “Matéria e memória”, de Daniela Marton, e “Sobre torres, janelas e memória”, de Alexandre Menezes. A primeira fala das memórias afetivas presentes nos elementos arquitetônicos, enquanto a segunda é homenagem às cidades históricas de Minas Gerais.
Filha de pais brasileiros e nascida na Itália, Daniela Marton veio para o Brasil com menos de 1 ano. É formada em arquitetura e urbanismo, também tem licenciatura em artes visuais. O processo de criação das obras presentes na mostra começou em 2017 e foi dividido em duas partes.
No primeiro momento, a artista desenvolveu pinturas ligadas às próprias emoções em um estudo de como cores e texturas refletem sentimentos.
“Nessa época, descobri que tinha um problema de articulação chamado disfunção da têmpora mandibular. Eu estava em tratamento; então, tive momentos de muitas dores. Nessas horas, as cores ficam mais vermelhas, aparece também o preto. Quando tinha uma aparente melhora, as cores ficavam mais vivas, mais alegres”, relata Marton.
Em 2020, o isolamento social inaugura nova fase da produção artística de Daniela, que se voltou para as memórias afetivas dos lugares onde morou ao longo da vida.
As lembranças, conta ela, estavam sempre ligadas a elementos da arquitetura, como ornamentos, detalhes de janelas, portas ou edifícios. Nas obras de Daniela, os elementos arquitetônicos são reinterpretados, assumindo o papel de resgatar lembranças e despertar novos sentimentos.
“Fui pegando elementos e separando o que mais me chamava a atenção, o detalhe de uma esquadrilha, um cobogó. Separei essas imagens e transportei para o software da arquitetura (Autocad). Depois disso, imprimia, fazia um grande stencil, recortava e passava para a tela. A partir daí, começava o trabalho da pintura”, detalha.
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As pinturas de Daniela Marton são feitas em diferentes suportes – tela, papel canson e MDF – e com materiais diversos misturados à tinta acrílica, como pó de grafite, pó de argila, resina e esmalte de unha. “Vou testando como se comporta a pintura”, diz.
Expondo pela primeira vez em BH, a artista plástica, que atualmente vive em Curitiba e está grávida de oito meses, não poderá comparecer à abertura da exposição por orientação médica. As obras dela ficarão na na Sala Celso Renato de Lima do Centro Cultural UFMG.
Cidades históricas
O belo-horizontino Alexandre Menezes vai expor na Sala Ana Horta. Ele começou o processo de produção das obras em 2022. Arquiteto com formação em artes, define seu trabalho como fusão dessas duas áreas. “Tudo nasce com a arquitetura”, aponta.
Em “Sobre torres, janelas e memória”, Menezes destaca a arquitetura mineira com releituras de torres, janelas e memórias.
Além de representar os objetos, as obras buscam capturar lembranças e sensações, como o som, o cheiro e o movimento das cidades de Minas.
Ele conta que seu processo criativo nasce a partir de desenhos criados em visitas às cidades históricas de Ouro Preto, Diamantina e Tiradentes. Depois disso, o artista vai para o ateliê, onde rascunhos são transformados em telas de grandes dimensões.
Para Menezes, suas pinturas não mostram apenas o que vemos, mas também aquilo que sentimos e lembramos.
“Tenho o interesse em pintar e desenhar não só no mundo visível. Nas minhas obras, tento também perceber e representar a memória que está ali, mas a gente não vê. Mesclar as duas coisas me empolga muito”, afirma o artista.
“O que me motiva é a paixão. Paixão pela arquitetura, por Minas Gerais e por Belo Horizonte. É isso que me move”, conclui. As exposições podem ser visitadas até 2 de fevereiro.
“MATÉRIA E MEMÓRIA” E “SOBRE TORRES, JANELAS E MEMÓRIA”
Mostras de Daniela Marton e Alexandre Menezes, respectivamente. Abertura nesta sexta-feira (6/12), às 19h, no Centro Cultural UFMG (Av. Santos Dumont, 174, Centro). Visitação até 2 de fevereiro, de terça a sexta, das 9h às 20h; sábado, domingo e feriado, das 9h às 17h. Entrada gratuita.