Maria do Carmo Moreira usa o preto e o branco para explorar formas orgânicas em trabalhos expostos na Livraria da Rua  -  (crédito: Bruni Santiago/divulgação)

Maria do Carmo Moreira usa o preto e o branco para explorar formas orgânicas em trabalhos expostos na Livraria da Rua

crédito: Bruni Santiago/divulgação

 

 

Durante as tardes deste ano, a artista Maria do Carmo Moreira aproveitou o ambiente aconchegante da Livraria da Rua, em Belo Horizonte, para trabalhar. “De segunda a sexta, eu aparecia por lá com meu balainho de bordados. Criar as obras fez com que trabalhasse muito, mas de forma leve. Isso despertou a criatividade adormecida em mim”, conta a mineira de Santana dos Ferros.

 

 


Bordados, pinturas sobre cartão e figuras em nanquim fazem parte da exposição “Formas da alma”, em cartaz na livraria da Savassi a partir deste sábado (7/12).

 

 


“Em 2023, Alexandro Machado, proprietário da Livraria da Rua, me convidou para bordar no local. Decidi experimentar. O resultado é ‘Formas da alma’”, relata.

 


Maria do Carmo não exibe seu trabalho nas galerias convencionais, mas em espaços alternativos. Ela já levou mostras para um restaurante japonês e para o campus da PUC Minas, no Bairro Coração Eucarístico, em BH.

 

Pintura colorida de  Maria do Carmo Moreira, que abriu exposição na Livraria da Rua, em BH

Cores também fazem parte da exposição "Formas da alma", de Maria do Carmo Moreira, na Livraria da Rua

Bruni Santiago/divulgação

 


A partir dos riscos em papel-manteiga feitos pela filha, Maibi Magalhães, Maria do Carmo utiliza linha branca para bordar panos simplórios. “Desses usados para limpar chão”, diz. Mas aquele tecido sofre uma espécie de “metamorfose”.

 


“Os panos são todos engomados por mim. Dessa forma, adquirem nobreza e distinção. Também gosto de usar linha branca no tecido claro. O branco no branco é bonito e sutil”, afirma.

 


Frutas, flores, pássaros, guirlandas e laços surgem do movimento incessante e, segundo Maria, “prazeroso” da agulha.

 

 


A pintura em nanquim registra formas da natureza. A autora não busca o realismo, nos moldes do movimento estético surgido na Europa no século 19, mas, sim, exercitar a imaginação ao extrapolar as linhas das figuras orgânicas.

 


A costela-de-adão, uma das plantas favoritas de Maria do Carmo, é tema recorrente. “A pintura da costela-de-adão em nanquim cria um efeito gráfico muito bonito. Muitas vezes, fotografei plantas que via nas calçadas e jardins para desenhar no papel quando chegava em casa. Para finalizar, pinto com nanquim”, detalha.

 


“Meus desenhos sempre partem da natureza, mas também chegam ao ponto da abstração. É preciso olhar atento para notar referências ao material orgânico nas obras.”

 


O nanquim, aliás, não se limita às formas orgânicas. Com tinta preta, Maria do Carmo criou a série de pequenos gatos estilizados.

 

 


Apesar da predominância do preto e do branco, a exposição “Formas da alma” não é monocromática. Com pigmento xadrez, água e cola, Maria do Carmo colore cartões de 1 metro de comprimento e 80 centímetros de largura.

 


“Espero que as pessoas encontrem leveza aqui. Quando comecei a bordar na livraria, encontrei um espaço afetuoso e fiz novas amizades. Tudo isso também se encontra na arte. Desejo que os bordados e pinturas transmitam prazer estético, claro, mas não só isso. Há ali afetividade e amorosidade. A função da arte também passa por esses aspectos”, conclui.

 


“FORMAS DA ALMA”


Exposição de trabalhos de Maria do Carmo Moreira. Livraria da Rua (Rua Antônio de Albuquerque, 913, Savassi). Aberta de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 16h. Informações: (31) 3500-6750.


* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria