A atriz Valentina Herszage, em cartaz também em

A atriz Valentina Herszage, em cartaz também em "Ainda estou aqui", interpreta a protagonista Rebeca, personagem baseada em livros 

crédito: imagem filmes/divulgação

 

Entre a segunda metade do século 19 e meados do século 20, uma organização criminosa estabeleceu uma rede internacional voltada para a cooptação de mulheres judias do Leste europeu para o trabalho em bordéis em diversas cidades do mundo.

 

Dirigido por João Jardim, o longa-metragem "As polacas", que estreia nesta quinta-feira (12/12), dedica-se a contar essa história a partir da perspectiva de Rebeca, uma jovem judia polonesa.

 


Junto ao filho Joseph, ela atravessa o Atlântico e aporta no Rio de Janeiro à procura do marido. Os judeus estavam sendo perseguidos na Polônia e a família buscava um lugar seguro para se estabelecer. Quando descobre que o marido está morto, Rebeca se lembra da oferta de ajuda de Tzvi, um homem charmoso judeu que ela conhecera no desembarque.

 


Tudo acontece muito rápido e, em poucos dias, Rebeca encontra-se presa em uma luxuosa casa de prostituição carioca, impossibilitada de ver o filho. Ali, Rebeca conhece suas colegas, "polacas" como ela, e é forçada a se prostituir.

 


O filme é baseado em dois livros – "El infierno prometido", de Elsa Drucaroff, e "La polaca", de Myrtha Schalom. A personagem de Rebeca tem muito de Raquel Liberman, protagonista do segundo, que denuncia a organização criminosa.

 


Ambientação de época

Trata-se de uma produção de peso, com uma ambientação de época cuidadosa, combinada a trechos de imagens de arquivo que mostram o Rio de Janeiro no início do século 20.

 


A performance de Valentina Herszage no papel de Rebeca tem força. Ao longo da trama, ela se transforma, de uma estrangeira tímida de ares infantis para uma mulher sedutora e sagaz. Caco Ciocler surpreende menos na pele do dominador Tzvi, que se apaixona por Rebeca – ou talvez seja movido ao desafio de possuí-la justamente porque resiste.

 


O nome do personagem ecoa a Zwi Migdal, nome da organização criminosa que atuava no tráfico internacional de mulheres judias.

 


É uma história que merece ser vista e debatida, mais pela relevância do assunto do que pelas soluções formais que "As polacas" apresenta. O filme opta por uma encenação bastante convencional e, em certo momento, lembra o estilo das telenovelas e do melodrama, com diálogos ligeiramente redundantes.

 

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Uma maior engenhosidade teria sido bem-vinda, sobretudo no tratamento conferido das cenas de violência, que talvez não precisassem de toda a frontalidade e duração escolhidas pela direção.

 


Elo de ligação entre o opressor cafetão e as prostitutas, o personagem de Isaac, vivido por Amaurih Oliveira, é uma figura interessante e cresceria com o desenvolvimento de seu arco narrativo. Quais seriam seus contornos individuais, para além do estatuto intermediário e da gentileza?

 


Em uma época em que a escravidão era uma lembrança recente, Isaac tem os contornos de um servo, mas com mais autonomia do que as mulheres que trabalham na casa, podendo, por isso, aliar-se a elas. (Lúcia Monteiro)

 

 

“AS POLACAS”
(Brasil, 2024, 122 min.) Direção: João Jardim. Com Valentina Herszage, Caco Ciocler e Otávio Muller. Classificação: 16 anos. Estreia nesta quinta (12/12), no UNA Cine Belas Artes (Sala 3, 18h10), Cidade (Sala 3, 13h10, 18h20), Ponteio (Sala 3, 13h30, 18h40), Pátio Savassi (Sala 2, 12h50 e 15h50; aos sábados, 12h55 e 15h50).