Depois do fim da dupla com a irmã, Sandy, em 2007, Junior experimentou muitos caminhos. O músico integrou a banda de rock Nove Mil Anjos, depois partiu para o projeto de música eletrônica Dexterz, fez parte do duo Manimal e até se arriscou como youtuber. Com 35 anos de estrada, foi só no ano passado que teve coragem de encarar a carreira solo.
Ele conta que as diversas críticas e comparações que enfrentou ao longo da infância e da adolescência acabaram gerando um certo trauma com o canto, que ele procurou evitar durante muitos anos.
“Lançar um material solo, me colocar como cantor, era algo que me paralisava por questão das críticas e comparações que faziam em uma fase em que eu era muito moleque. Essas coisas me deram uma traumatizada. Me deixaram em um lugar muito desconfortável”, afirma.
Mas ele nunca abandonou a música por completo, apenas voltou-se para outros lados do mercado. Além dos projetos em grupo, trabalhou como produtor, instrumentista e compositor. “Não via sentido em lidar com isso (o trauma) se eu conseguia encontrar prazer em viver da música fazendo outras coisas”, relata.
Em 2023, resolveu deixar as neuroses de lado e lançar o projeto “Solo”, compilado de músicas que marcam seu reencontro com o pop e com o posto de vocalista. A primeira parte do trabalho veio em outubro passado. Sete meses depois, a segunda metade também estava disponível nas plataformas.
Ao todo são 23 faixas, duas delas foram escritas em parceria com o pai, Xororó: “Sou” e “O dom”. Junior diz estar vivendo um momento determinante para a carreira e conta que o retorno tem feito muito bem a ele. “Quando entrei em contato com essa minha versão novamente, entendi que, na verdade, isso fazia muita falta pra mim”, diz.
Alegria
“Minha maior alegria tem sido justamente voltar para o palco e me colocar neste lugar de uma forma muito honesta comigo mesmo, com as minhas vontades, com o meu gosto musical e com o que eu realmente acredito. Sem me render a nenhuma fórmula ou a nada que eu realmente não gostasse ou acreditasse. Tem sido muito gostoso ver que eu estou conseguindo fazer esse movimento”, diz.
A turnê do disco “Solo” estreou em Campinas, cidade natal do cantor, em novembro, e chega a BH neste sábado (14/12). “Apesar desse lance de estar sozinho ou não, o palco é um lugar onde eu me sinto muito bem, muito à vontade. Foi muito gostoso poder fazer essa estreia no conforto do lar, na casa da minha família e não em um hotel ou um lugar remoto guardado em um quarto”, comenta. Junior volta aos palcos depois de rodar o país com Sandy em uma turnê grandiosa (a segunda mais lucrativa do mundo em 2019).
“Na última vez em que me viram no palcom foi num contexto muito grandioso, que foi a turnê ‘Nossa história’. Então eu sei que agora tem uma ‘responsa’. Eu me cobro isso, quero estar neste lugar de entregar o melhor que eu puder”, afirma.
Além de participar na composição e na produção de todas as faixas do disco – ao todo foram mais de 50 criadas para o projeto, mas algumas foram descartadas –, Junior também elaborou boa parte do show, que, segundo afirma, é um espetáculo nada simples.
“Audaciosa jornada”
Divulgado pelo cantor como uma “audaciosa jornada artística”, o show é dividido em cinco atos, conta com músicas de diferentes fases da carreira do artista (de Sandy e Junior estão garantidas “Enrosca” e “Libertar”), tem homenagens à família, coreografias, parkour e figurinos desenvolvidos pela marca À La Garçonne. Nas palavras de Junior, um universo onde ele pode existir como artista por completo.
Como forma de simbolizar essa fase de transformação, Junior ele renovou o visual com os cabelos tingidos de azul e a palavra “solo” gravada como uma tatuagem na cabeça. Para dar conta do batidão, o artista, que hoje tem 40 anos, tem se tratado como um atleta. Precisou incluir musculação e aulas de dança na rotina.
“Não tem playback nem nenhuma roubadinha no jogo. Não posso dormir no ponto, tenho que me manter muito ativo. Isso me exige muita disciplina, o que, no fundo, eu acho ótimo para a minha qualidade de vida.” Mas o show também tem momentos mais calmos e de emoção, como a homenagem aos filhos Otto, de 7 anos, e Lara, de 3, fruto do casamento com a modelo Monica Benini, e aos pais Xororó e Noely Pereira. “É um momento bem emocionante para mim porque vai em pontos sensíveis”, diz.
Ele termina a conversa com o Estado de Minas contando estar empolgado para se apresentar na capital mineira. “Vai ser um prazer muito grande poder levar esse show para BH. Minas Gerais é um lugar em que me sinto em casa, sempre foi. Estou indo com apetite para esse show.”
“SOLO TOUR”
Show de Junior, neste sábado (14/12), às 22h, no BeFly Hall (Av. Nossa Sra. do Carmo, 230 - Savassi). Ingressos disponíveis no Sympla. rquibancada a R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia); Pista a R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia) e Pista Premium a R$ 280 (inteira) e R$ 140 (meia).