Fundada em 1909 em Juiz de Fora, sede da AML foi transferida para BH em 1915 e hoje ocupa o Palacete Borges da Costa, na Rua da Bahia -  (crédito: Vinicius Carvalho/Divulgação)

Fundada em 1909 em Juiz de Fora, sede da AML foi transferida para BH em 1915 e hoje ocupa o Palacete Borges da Costa, na Rua da Bahia

crédito: Vinicius Carvalho/Divulgação

 


Em 25 de dezembro de 1909, no contexto de reorganização da sociedade civil após a Proclamação da República, surgia em Juiz de Fora, na Zona da Mata, a Academia Mineira de Letras (AML). Fundada por jornalistas, escritores, profissionais liberais e acadêmicos, a AML seguiu o modelo da Academia Francesa e Brasileira ao estabelecer 40 cadeiras que seriam ocupadas por diversos intelectuais do estado.

 

 


“Há, no entanto, uma importante diferença entre as academias da França e as que se estabeleceram no Brasil. Enquanto na França a Academia de Letras, Arte e Ciências são separadas; no Brasil, o nome 'letras' comportou o ingresso de escritores, juristas, oradores, cientistas e políticos, por exemplo. Todos os membros são escritores, mas não necessariamente possuem produção literária”, explica Jacyntho Lins Brandão, presidente da AML.

 

 


Apelidada de Manchester Mineira, Juiz de Fora se estabeleceu como importante polo industrial do país no início do século 20. Os ideais de progresso econômico e tecnológico também contribuíram para a efervescência cultural do município, que abrigou a sede da AML até 1915, quando seus membros optaram por transferi-la para Belo Horizonte.

 


“No momento da fundação, Juiz de Fora era a principal cidade mineira em virtude do seu desenvolvimento industrial e a proximidade com o Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Belo Horizonte, por sua vez, estava começando a se formar como metrópole”, explica Brandão.

 

“A transferência da Academia acontece durante a movimentação dos modernistas em BH, como Carlos Drummond de Andrade, Emílio Moura e Pedro Nava, além do estabelecimento das primeiras revistas municipais e a fundação da Universidade Federal de Minas Gerais.”

 

 


Às vésperas de completar 115 anos, a Academia Mineira de Letras receberá homenagem na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta sexta-feira (13/12), às 10h. O evento, que será aberto ao público, teve como primeira signatária a ex-deputada Macaé Evaristo (PT). A proposta, no entanto, foi repassada à deputada estadual Lohanna França (PV), em virtude da posse de Macaé como ministra dos Direitos Humanos.


Vasto acervo

 

Em nota, Lohanna França elogiou a atuação da AML. “A academia vem há 115 anos difundindo conhecimento e democratizando o acesso à cultura, além de ser um centro de preservação histórica, abrigando um vasto acervo de obras, documentos e objetos que contam a trajetória cultural do estado. É muito mais do que uma sociedade literária; é uma guardiã da memória e da identidade cultural de Minas Gerais”, afirmou a deputada, que confirmou presença na cerimônia hoje, na Assembleia.

 

 


Além do expressivo acervo literário, a sede da AML, localizada na Rua da Bahia, é utilizada para realização de palestras, exposições, encontros literários, lançamentos e debates gratuitos.

 


“A Academia fica honrada pela homenagem. É um reconhecimento importantíssimo. A instituição ultrapassa os presidentes e seus membros. Quando alguém é eleito para ocupar uma cadeira na AML, dizemos que esta pessoa se tornou imortal. Sempre digo que nós, que estamos aqui, não somos imortais, mas sim a Academia”, destacou Jacyntho Lins Brandão.


AML NA ASSEMBLEIA

Academia Mineira de Letras (AML) recebe homenagem na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (Rua Rodrigues Caldas, 30 – Santo Agostinho), nesta sexta-feira (13/12), a partir das 10h. A cerimônia é aberta ao público.

 

* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro