José Arcadio Buendía (Diego Vásquez) e Remedios, a Bela (Cristal Aparicio) em

José Arcadio Buendía (Diego Vásquez) e Remedios, a Bela (Cristal Aparicio) em "cem anos de solidão"; cena da ascensão da mulher ao céu foi difícil

crédito: Pablo Arellano / Netflix


O cineasta argentino Alex García López, um dos diretores de “Cem anos de solidão”, série que estreou na última quarta-feira (11/12) na Netflix, disse que, ao aceitar o projeto, se questionou sobre o enorme desafio que tinha pela frente, devido às dificuldades que o livro homônimo de Gabriel García Márquez (1927-2014) apresenta. A obra clássica de Gabo venceu o Prêmio Nobel de Literatura em 1982.

 


"Quando me ofereceram, eu disse 'sim' imediatamente. Mas, quando desliguei o telefone, pensei 'um momento, no que eu me meti? Vou destruir o livro mais amado do nosso continente?'", lembrou o cineasta.

 


A série é dividida em duas partes de oito episódios cada – a primeira já disponível. "Vi que tinha que seguir meu instinto. A gente sempre tem o livro, mas para o bem ou para o mal, essa sempre será minha interpretação, minha visão sobre ele", afirmou García López.

 


Imagens surrealistas

O primeiro capítulo da série começa com o casamento de José Arcadio Buendía (Diego Vásquez) e Úrsula Iguarán (Marleyda Soto), cobre a fundação da mítica Macondo e termina com o nascimento do segundo filho do casal, Aureliano, que posteriormente se tornaria o lendário Coronel Aureliano Buendía (Claudio Cataño).

 


O livro do colombiano García Márquez, publicado em 1967, é uma das obras máximas da literatura em língua espanhola, e sua versão cinematográfica era vista como um desafio monumental.

 


A Netflix adquiriu os direitos do romance em 2019, e foi durante a pandemia que a plataforma entrou em contato com García López para o desafio de levar a épica de Macondo para as telas.

 


Uma vez capturado o tom geral da série, disse García López, o desafio foi apresentar imagens surrealistas na tela, como o fantasma recorrente de Prudencio Aguilar (Helber Eddward) ou a ascensão ao céu de Remedios, a Bela (Cristal Aparicio).


Destinos trágicos

"Sempre gostei do cinema pragmático, em que você vê e sente, mas claramente os efeitos especiais ajudam. Queríamos ter algo como uma voz dos filmes dos anos 1960 ou 1970, mas os efeitos nos ajudaram um pouquinho", disse García López.

 


No caso do fantasma de Aguilar, ele preferiu mostrá-lo simplesmente "com cara de tristeza e melancolia, porque sente falta dos amigos e da vida", apontou.

 


O cineasta destacou os personagens femininos da história. "Todas as mulheres são fortes no sentido de que todas têm um protagonismo incrivelmente potente. Acho que foi uma das genialidades de García Márquez".

 


No entanto, comentou que vários personagens acabam tendo destinos trágicos. "Um dia perguntaram a García Márquez por que muitos de seus personagens terminam em tragédia, e ele respondeu: 'Porque não sabem como amar'", lembrou.

 


Segunda parte

A produção não poupou esforços para a série sobre “Cem anos de solidão”, e embora a Netflix mantenha em segredo os valores envolvidos, a iniciativa é a mais ambiciosa da plataforma para a América Latina.

 


"O livro é como uma locomotiva, é imparável, e em certos momentos até é engraçado. Às vezes é uma tragédia grega, e outras vezes é uma tragédia bíblica, com muitos absurdos", relatou o cineasta.

 


Todo o vestuário e todos os objetos que aparecem na série foram produzidos e fabricados por artesãos colombianos, informou a plataforma.

 


A versão para o streaming do romance mais famoso de García Márquez está disponível para 190 países na plataforma. Fontes da Netflix indicaram que a segunda parte dos oito episódios de “Cem anos de solidão”, também dirigida por Laura Mora, estará disponível apenas no próximo ano.

 

“CEM ANOS DE SOLIDÃO”
Direção: Alex García López e Laura Mora
8 episódios (1ª parte)
Disponível na Netflix