O grupo Skatalites nasceu em 1964, dois anos após a Jamaica se libertar da Inglaterra. Um dos estilos que nasceram fruto da mistura de músicas inglesas, africanas, caribenhas e norte-americanas que acontecia nesse caldeirão cultural que era a Jamaica naquele tempo.
Pegando a influência do jazz, boogie woogie americano, misturado com o Mento, que já é uma evolução da música africana, uma espécie de Calypso jamaicano. Assim surgiu o estilo ska. E a principal banda era o Skatalites.
Em seus 60 anos de história, o Skatalites foi uma das primeiras bandas grandes a tocar no Studio One, em Kingston, onde gravaram com grandes nomes, como Bob Marley e Peter Tosh. A banda foi indicada duas vezes ao Grammy, na categoria de Melhor Álbum de Reggae, em 1996 e 1997.
Na última quinta-feira (12/12), o Skatalites se apresentou em BH, como parte do Festival Sensacional e de sua turnê pelo Brasil.
Kenneth Stewart, ou “Ken”, o tecladista e atual empresário da banda, contou que foi ele quem juntou essa formação para a turnê dos 60 anos. “Foram vários shows nos Estados Unidos, Inglaterra, França”.
Na América Latina, o giro começou pelo México e já passou por Equador e Chile, onde, além de fazer quatro shows, gravaram com artistas locais, Alvaro Henriquez e a banda Macha.
Uma banda com 60 anos de existência obviamente passa por muitas formações. Em 1983, surgiu uma espécie de segunda formação clássica. Na avaliação de Ken, as renovações de integrantes proporcionam que a banda esteja em “constante evolução”.
“Skatalites é a vibração da vibração, era assim no início e é assim hoje quando subimos no palco”, afirmao guitarrista Natty Frenchie. Natty vê os membros da banda como pessoas “progressivas, que estão sempre ouvindo novas músicas e querendo experimentar juntos”.
Quando entrou no palco d’A Autêntica, o Skatalites mostrou que é realmente fruto e resultado dessa mistura de influências que as décadas e os diferentes ritmos trouxeram. O percussionista Larry McDonald e o trompetista Okiel McIntyre têm entre si quase 50 anos de diferença.
O baixista Val Douglas, com alguns problemas de locomoção, ficou sentado quase todo o tempo do show, porém, é notoriamente um dos responsáveis por manter a banda no ritmo, tocando sem parar e sem deixar dúvidas sobre a importância e imponência das bases de baixo para o ska e para grande parte da música jamaicana.
O repertório passeou por ska e reggae, teve também momentos de improvisação, remetendo à da tradição vinda do jazz, e trechos em que Larry McDonald cantou, fazendo vibrar o som da banda no peito do público belo-horizontino.