Seis meses após o lançamento de “Divertida mente 2”, animação da Pixar que se tornou a mais lucrativa da história, ao arrecadar US$ 1,6 bilhão (R$ 9,6 bilhões) em bilheteria mundial, a minissérie “Produção de sonhos”, ambientada no mesmo universo, chega ao Disney+.
Iniciada em 2015, a franquia “Divertida mente” aborda os intrincados processos da psique humana, transformando as diferentes emoções humanas em personagens autônomos, que se relacionam uns com os outros, na mente de Riley, a protagonista da história.
No primeiro filme, o espectador é apresentado às emoções básicas Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho, que se revezam no comando das reações da criança Riley e têm papel fundamental no processamento de suas memórias.
A sala de comando onde as emoções principais vivem, no entanto, é apenas um dos “departamentos” da mente da garota. Ao longo do primeiro e do segundo filmes – no segundo, com Riley já adolescente, novas e mais elaboradas emoções entram em cena –, os personagens principais deixam a torre de comando e viajam por lugares como as ilhas de personalidade, o labirinto das memórias de longo prazo, o subconsciente e o estúdio de sonhos de Riley.
Personagem diretora
É neste último, uma espécie de “Hollywood mental”, que os quatro episódios de “Produção de sonhos” se desenrolam. No centro da narrativa, está Paula Persimmon, uma aclamada diretora de sonhos noturnos.
A série, ambientada entre o primeiro e o segundo longas da franquia, traz participações esporádicas das cinco emoções básicas de Riley. Conforme Alegria explica logo no primeiro episódio, as memórias que não vão para a seção de longo prazo precisam de um processamento adicional. Assim, são transferidas para os estúdios de produção de sonhos.
Ali, diretores de diferentes gêneros, como Marco, dedicado aos sonhos esportivos, e Gigi, famosa cineasta de pesadelos, se inspiram nessas memórias para criar sonhos que impulsionam o desenvolvimento de Riley.
Há 10 anos, Paula vem dirigindo os principais sonhos da menina. Responsável por sucessos como “Adeus, pepeta”, sonho que influenciou Riley a largar a chupeta após os esforços fracassados da sala de comando, Paula pensa que seu lugar na indústria está garantido. O amadurecimento da garota, no entanto, coloca em jogo sua liberdade criativa.
Toda noite, Paula insiste em sonhos que já não mais refletem a personalidade de Riley, agora com 13 anos. Cupcakes dançarinos, chuva de glitter e a presença incessante da Unicórnio Arco-Íris fazem com que a garota se esqueça dos sonhos logo ao acordar, criando uma crise no estúdio comandado pela gerente Jean Dewberry.
Bem-humorada, a minissérie utiliza o formato de mocumentário, ou falso documentário, para retratar os pontos de vista de seus diversos personagens. Como nos sitcoms “The office” e “Modern family”, por exemplo, os diretores, gerentes e equipe do estúdio confessam diretamente para a câmera seus pensamentos sobre situações testemunhadas pelos espectadores.
Se antes o objetivo do documentário era acompanhar o dia a dia da produção de sonhos, tudo muda diante da crise no departamento, que precisa ser renovado para priorizar assuntos entendidos como típicos de pré-adolescentes.
Quando Janelle, assistente de direção de Paula e sua melhor amiga, é elevada ao cargo de diretora por Jean, a cineasta de “Adeus, pepeta” é forçada a trabalhar com Xeni, um diretor de devaneios, arte considerada inferior pelos que trabalham com sonhos noturnos.
Alternativo e “cult”, Xeni acredita em uma produção de sonhos experimental e que acompanhe o processo de amadurecimento de Riley.
Às vésperas de sua primeira festa com as amigas, tópicos como a escolha do vestido perfeito e qual garoto convidar dominam os pensamentos de Riley. Os temas são assim disputados por Paula, Xeni e Janelle, que buscam produzir sonhos grandiosos dos quais a jovem não vai se esquecer pela manhã.
Assim como as emoções na sala de comando, a equipe de produção de sonhos se dedica a cuidar do bem-estar de Riley, embora não ignore suas próprias ambições. As metáforas cinematográficas, inteligentes e espirituosas, podem ser lidas como críticas à própria indústria. A desvalorização dos roteiristas e a insistência em continuações que não fazem jus à obra original, por exemplo, são algumas delas.
Produzida por Jaclyn Simon e escrita por Mike Jones, “Produção dos sonhos” é um acerto no universo de “Divertida mente”, que mais uma vez se renova ao imaginar de forma lúdica e criativa os processos da mente humana.
Dubladores nacionais
Na versão em português de “Produção de sonhos”, os dubladores dos personagens clássicos de "Divertida mente" assumem novamente seus personagens. Miá Mello dá voz à Alegria, Otaviano Costa é Medo, Katiuscia Canoro interpreta Tristeza, Dani Calabresa é Nojinho e Léo Jaime dubla Raiva. Isabella Guarnieri também retorna como Riley. Entre os novos personagens, Cecília Lemes assume a voz de Paula Persimmon e Marcio Marconato interpreta Xeni.
“PRODUÇÃO DE SONHOS”
• Série em quatro episódios, disponível no Disney+.
*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes