No disco “Esquinas”, a dupla Anavitória contorna inseguranças e mostra como chegou aos 10 anos de carreira tendo certeza do espaço que ocupa. Expoentes do pop com cara de alternativo que grudou nas rádios brasileiras em 2016, as amigas Ana Caetano e Vitória Falcão, mais maduras, não estão em busca de hits, mas de refletir e cantar sobre as encruzilhadas da vida.
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Cheia de metáforas, a dupla indica que tomar uma decisão é como seguir numa rua desconhecida, com milhões de possibilidades. Amostra disso é a faixa de abertura do disco, “Se eu usasse sapato”, em que elas se perguntam o que teria acontecido se tivessem dobrado uma esquina qualquer.
Vitória diz que o disco tenta sintetizar uma década da parceria com a amiga. “Eu estava fugindo desse álbum”, responde Ana, “igual ao diabo fugindo da cruz, porque estava com medo de não ter repertório”.
Há uma carga de expectativas em torno de “Esquinas”, dado que a dupla ganhou o Grammy Latino de Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa pelo antecessor, “Cor”, lançado há três anos, e também com “O tempo é agora” (2018).
Falar das esquinas da vida é também uma forma de brincar com o acaso em que a carreira delas se tornou. Quando Ana cursava medicina, e Vitória, direito, a dupla foi descoberta pelo empresário Felipe Simas. Em 2014, deixaram Araguaína, no Tocantins, para morar em São Paulo e tentar a vida artística. Deu certo. Dois anos depois, já tinham emplacado as grudentas “Trevo (Tu)” e “Singular” nas paradas.
“Aconteceu de forma inesperada. A música surgiu do nada, de um convite e de um sonho que existia. Sempre gostei de cantar, mas trabalhar com isso nem passava pela minha cabeça”, diz Vitória.
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As amigas surgiram falando de paixões sonhadoras, comparando amores a trevos de quatro folhas, e assim deram voz aos apaixonados. Não deixaram esse aspecto de lado em “Esquinas”, mas amadurecem os temas e falam até em deixar de idealizar relacionamentos.
Apesar de não serem irmãs nem namorarem – como muita gente desconfia na internet –, elas definem a parceria como um casamento, com direito a nome compartilhado e brigas. “Graças a Deus, cada vez mais, porque a gente não sabia brigar antes”, brinca Ana.
Em meio às dúvidas que tanto cantam no disco, elas dizem ter uma certeza: o futuro da dupla. Ana e Vitória não pensam em se separar tão cedo.
“Nossa parceria ainda é tão bonita quanto era no início”, diz Ana. “Hoje me parece cada vez mais gostoso, mais divertido e mais familiar”, conclui.
“ESQUINAS”
• De Anavitória
• 12 faixas
• Virgin Music
• Disponível nas plataformas digitais