A bailarina Silvia Maia como Carmen, vítima do machismo que assassina mulheres
 -  (crédito: Paulo Lacerda/divulgação)

A bailarina Silvia Maia como Carmen, vítima do machismo que assassina mulheres

crédito: Paulo Lacerda/divulgação

 

 

Bizet eternizou em ópera a história trágica de Carmen. Funcionária de uma fábrica de cigarros, a cigana foi assassinada pelo cabo do Exército e ex-amante Don José. Ciumento compulsivo, o militar não aceitou o fim da relação e a esfaqueou ao descobrir que ela se encantara pelo toureiro Escamillo.

 

 


Personagem fictícia da Sevilha do século 19, Carmen poderia viver no Brasil contemporâneo, o país do feminicídio, em que uma mulher é assassinada a cada 15 horas, de acordo com a Rede de Observatórios da Segurança. Esse paralelismo anacrônico fez com que o coreógrafo Luiz Fernando Bongiovanni transformasse a ópera de Bizet em “Carmen – Espetáculo de dança e música”, que estreia nesta quinta-feira (19/12), no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes.

 

 

 


A ópera se inspira no romance “Carmen”, do escritor francês Prosper Mérimée (1803-1870). Há seis anos, a performance coreográfica foi montada pela primeira vez pelo Balé Teatro Guaíra, de Curitiba. Desta quinta-feira a domingo (22/12), ela será recriada pela Cia. de Dança do Palácio das Artes.

 


O espetáculo vai contar com a participação do Coral Infantojuvenil do Palácio das Artes, Coral Lírico e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. A direção-geral é do próprio Bongiovanni. Ligia Amadio assina direção musical e regência.

 


O espetáculo é dividido em duas partes. “A primeira é uma espécie de prólogo musical, com arranjos da orquestra e coro. Eles fazem a preparação do terreno para a entrada do balé, que é a segunda parte”, explica Bongiovanni.

 

 


O prólogo reúne as árias “L’amour est un oiseau rebele” (popularmente conhecida como “Habanera”), “Toureador” e “Seguidilla”. Com a entrada do balé, a orquestra passa a interpretar “Carmen suíte”, adaptação musical do russo Rodion Shchedrin. O compositor criou essa versão em 1967 – quase 150 anos após a estreia da ópera – para que sua mulher, a bailarina Maya Plisetskaya, pudesse interpretar a cigana Carmen.

 


“A versão do Shchedrin tem arranjos que dão mais ênfase a cordas e percussão. Não tem metais e nem madeiras”, afirma Bongiovanni. “Por isso, costumamos dizer que Shchedrin tem o Bizet como parceiro criativo. A gente reconhece a música do Bizet na adaptação, mas se trata de nova música”, acrescenta.

 


Com movimentos de dança contemporânea, a “Carmen” de Bongiovanni explora o magnetismo entre o clássico e o moderno. Os bailarinos Elton Souza e Maxmiler Junior se revezam no papel de Don José; Ludmilla Ferrara e Sílvia Maia dão vida a Carmen; Cristhyan Pimentel e Christiano Castro interpretam o toureiro Escamillo; Isadora Brandão e Maíra Campos fazem o papel de Micaela, a noiva de Don José, que é trocada por Carmen.

 


“Curiosamente, a Micaela não existe no romance de Prosper Mérimée. A personagem surgiu na ópera para ser a segunda voz feminina”, revela Bongiovanni. “Em nossa versão, ela entra porque assume o papel de antagonista na estrutura clássica de dramaturgia, ajudando a contar as entrelinhas da história”, explica.

 


“CARMEN – ESPETÁCULO DE DANÇA E MÚSICA”


Coreografia e direção-geral: Luiz Fernando Bongiovanni. Direção musical e regência: Ligia Amadio. Com Cia. de Dança do Palácio das Artes, Coral Infantojuvenil, Coral Lírico e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Desta quinta-feira (19/12) a domingo (22/12), às 19h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada),
à venda na bilheteria e na plataforma Eventim. Informações: (31) 3236-7307.