Detalhe de pintura de Karine Mageste. Artista visual leva seres fantásticos, como aliens, para sua obra -  (crédito: Karine Mageste/reprodução)

Detalhe de pintura de Karine Mageste. Artista visual leva seres fantásticos, como aliens, para sua obra

crédito: Karine Mageste/reprodução

 

 

“Arte é algo muito essencial enraizado na minha existência. O desenho, a expressão por meio da imagem, foi uma coisa que sempre fiz para o meu próprio viver”, diz a pintora Karine Mageste, de 32 anos.

 

 


A vida dessa belo-horizontina se divide entre o Bairro Santa Cruz e Venda Nova. Sem antecedentes artísticos na família, ela encontrou inspiração na sapataria do pai.

 

 

 


“Desde criança, estava ali observando meu pai construindo sapatos, isso me influenciou muito no sentido de produzir. Sem contar o universo onírico e subjetivo ali dentro, o que era fantástico para mim, uma criança”, relata.

 

 

Seres fantásticos, dinossauros, engenhocas e aliens estão presentes nos quadros de Karine. Cenários futuristas dividem a cena com a própria autora.

 

“Gosto muito de retratar o meu imaginário, isso sempre foi importante. Como pessoa LGBT, a gente precisa de espaços felizes de fuga, que, para mim, eram os filmes. Como sempre tive obsessão muito grande por retratar coisas que admiro, a série concretiza o desejo de me inserir nesses cenários de que sempre gostei”, explica.

 

Quadro de Karine Mageste traz a figura da artista, usando vestido, ao lado de dinossauro, que leva uma criança no pescoço

Artista interage com dinossauros em quadro e diz que sua pintura se inspira no cinema

Karine Mageste/reprodução

 

Karine Mageste se refere a “Melancolias”, série iniciada em 2021 que reinterpreta momentos vividos por ela. São cinco quadros até o momento, mas como a série é longeva, poderá ser ampliada de acordo com experiências da autora.

 

 

“Comecei a pintá-la quando passei por uma crise de ansiedade bem forte. Coloquei todas as sensações na pintura, como se fosse uma espécie de diário da minha realidade. Minha pintura está bem na região de transição do que foi minha vida, do que ela seria e do que será. Melancolia misturada com nostalgia”, pontua.

 

Frames e filmes

 

Na própria imaginação, Karine cria a história que deseja pintar, contada em cinco ou seis frames. Ao produzir o desenho estático, ela conecta elementos importantes de cada frame imaginário, projetando também o movimento. Referências vindas do cinema contribuem para a temática do conjunto.

 

 

A abordagem de Karine é centrada na figura humana. Atualmente, ela une personagens ilustrados – autorretratos, sobretudo – a objetos de afeto que fazem parte de sua imaginação, resgatando memórias subjetivas.

 

Autorretrato da pintora Karine Mageste tem cenário futurista. Ela está em pé, de lado, em meio a engenhocas que remetem a filmes de ficção científica

Autorretrato de Karine Mageste

Karine Mageste

 

Em 2024, a artista, formada na Escola de Belas-Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), se inscreveu em editais públicos com o propósito de ampliar o alcance de seu trabalho. Em outubro e novembro, ela participou da primeira residência artística da Feira Junta, na Funarte MG, em Belo Horizonte, ao lado da baiana Paola Rodrigues.

 

Surgido em 2016, o evento oferece espaço para autores sem acesso ao mercado tradicional comercializarem as próprias obras. Este ano, a Junta reuniu 71 criadores.

 

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria