O WhatsApp é o padrinho da dupla Renato Teixeira e Fagner. Graças ao “zap”, o paulista e o cearense lançaram o álbum “Naturezas” (Kuarup), em 2022, e agora chega às plataformas “Destinos”, com 10 faixas, pela mesma gravadora.
Renato conta que os dois vinham combinando trabalhar juntos há décadas. “Como Fagner mora longe, fica difícil nos encontrarmos. Então, nossa parceria foi sendo preterida, até que surgiu o WhatsApp. Depois disso, a coisa andou rapidamente. Fizemos o primeiro disco, o segundo, e já estamos começando o terceiro”, diz o cantor e compositor.
Além de oito canções da dupla, “Destinos” traz as faixas “Uma flor da madrugada”, do pernambucano Capiba (1904-1977), e “Romaria”, sucesso de Teixeira. O álbum contou com muitos cantores: Zeca Baleiro, Roberta Campos, Evandro Mesquita, Roberta Spindel e dois filhos de Renato, Isabela e Chico Teixeira.
“A gente pensou o seguinte: em vez de cantarmos todas as músicas, o que já seria outro conceito, divulgaríamos a nossa parceria”, explica Renato. “Não estamos trabalhando para fazer discos, mas pela nossa parceria”, reforça.
O primeiro álbum da dupla contou com a participação de Almir Sater, lembra Fagner. “Este já traz vários convidados. São oito músicas inéditas minhas com o Renato. Compor com ele é muito tranquilo, mando a melodia e ele coloca a letra. Além de gente boa, Renato é genial, um cara amigo, muito pronto, muito preparado, muito musical. Escreve muito bem”, elogia.
Renato Teixeira diz que os dois se entendem perfeitamente. “Temos uma identidade, adoro o jeito como ele canta e o acho um dos maiores melodistas da música brasileira”, afirma.
O autor de “Romaria” chama a atenção para exigências para se criar uma canção. “Percebo hoje que alguns letristas pegam um monte de palavras bonitas, jogam no ventilador e colam na página. Não é por aí. Temos de achar palavras bonitas, sim, mas também dizer alguma coisa. Minha escola é um pouco a de Noel Rosa, com frases que dizem coisas que ajudam a pessoa a embarcar na canção, raciocinar com a gente naquilo está sendo dito e cantado.”
Noel, "mestre letrista"
Além de ter Noel “como mestre letrista”, Teixeira se orgulha de ser contemporâneo de Chico Buarque, Caetano Veloso e Vinicius de Moraes. Há também Ary Barroso. “São várias referências fantásticas para a gente falar frases que digam alguma coisa, e não colagem de palavras bonitas. E é isso o que estou fazendo com o Fagner.”
“Quando a pessoa entende o que está sendo cantado, a música entra nela e a habita. Agora, quando você fala coisas que não conseguem entrar na pessoa, o cara pode até gostar, mas a música se torna passageira. Ela vai ficando leve demais. E precisa ter um certo peso para poder entrar nas pessoas”, acredita.
O autor do clássico “Romaria” não se considera um regionalista. “O mundo hoje está tão moderno, a tecnologia avançou tanto, a gente tem tantos recursos, que não precisamos ser absolutamente regionais”, acredita. “Temos de partir da nossa formação, que pode ser regional, mas com a compreensão nacional, da música brasileira como um todo”, pontua.
Lado nordestino
Com Fagner, Renato explora seu lado nordestino. A face do Centro-Oeste está ligada à parceria com Almir Sater. “Agora estou trabalhando com o Antônio Adolfo, pianista e compositor maravilhoso. Mando a letra e ele coloca a melodia. Minha música fica meio 'acariocada', porque ele é carioca. Comecei também um trabalho com o Yamandu Costa, do Rio Grande do Sul. Já temos até músicas criadas para o nosso disco”, revela.
Tantos parceiros de vários lugares “abrem uma perspectiva imensa de trabalho”, conta Renato. “Artisticamente, é muito agradável e compensador, pois você está falando com todo o seu país. É claro que se você pegar o Martinho da Vila, ele não precisa fazer força nenhuma, pois já fala com o Brasil todo”, observa.
Modesto, Renato diz que não se considera artista, mas “um funcionário da música”. De acordo com ele, trabalha para ampliar os horizontes “para o bem da MPB, que está meio massacrada, sofrendo um processo que, inclusive, é natural, meio cíclico.”
Clipes
Animado com a parceira com Teixeira, Fagner garante que o terceiro álbum dos dois vem aí. Mas, primeiro, há necessidade de preparar os shows de lançamento de “Destinos”. “Iríamos fazer este ano, em dezembro, mas as agendas não bateram, então deixamos para março ou abril”, informa.
A turnê tem de passar por São Paulo, Minas, Nordeste e Rio de Janeiro, planeja Fagner. “Até porque nosso disco já está com mais de 700 mil visualizações. A Kuarup nos dá muito apoio e vamos em frente”, comenta. “Estamos devendo os clipes, vamos ver se encontramos tempo para fazer pelo menos alguns para colocarmos no YouTube”, conclui.
REPERTÓRIO
“ROMARIA”
De Renato Teixeira
“BLUES 73”
De Renato Teixeira e Fagner. Participação de Evandro Mesquita
“ARDE MAS CURA”
De Renato Teixeira e Fagner. Participação de Roberta Spindel
“DOMINGUINHOS”
De Renato Teixeira e Fagner
“MAGIA E PRECISÃO”
De Renato Teixeira e Fagner. Participação de Isabela Teixeira
“O PRAZER DE LEMBRAR É BOM”
De Renato Teixeira e Fagner. Participação de Zeca Baleiro
“QUANDO FOR AMOR”
De Renato Teixeira e Fagner. Participação de Roberta Campos
“AMOR AMAR”
De Renato Teixeira e Fagner
“LINDA FLOR DA MADRUGADA”
De Capiba
“TRAVESSEIRO E CAFUNÉ”
De Renato Teixeira e Fagner. Participação de Chico Teixeira
“DESTINOS”
• De Renato Teixeira e Raimundo Fagner
• Kuarup
• 10 faixas
• Disponível nas plataformas digitais