Com mais de duas décadas de resistência e se mantendo de pé sem patrocínios, a Mostra Udigrudi de Cinema Mundial – Mumia chega à 22ª edição a partir desta terça-feira (3/12), com programação que reúne 190 filmes e se estende até o próximo dia 12. A maior parte deles será exibida no Cine Humberto Mauro, mas a Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, o Instituto Undió e o Centro de Arte Suspensa Armatrux (C.A.S.A.), em Nova Lima, também receberão sessões.

 

 

Idealizador e diretor da Mumia, o cineasta Sávio Leite diz que a novidade desta edição é a presença dos diretores de cinco longas-metragens em sessões comentadas.

 


São eles: “A outra forma”, de Diego Guzmán; “O sonho de Clarice”, de Fernando Gutiérrez e Guto Bicalho; “Teca e Tuti: uma noite na biblioteca”, de Eduardo Perdido, Tiago MAL e Diego M. Doimo; “Tarsilinha”, de Célia Catunda e Kiko Mistrorigo; e “Perlimps”, de Alê Abreu.

 



 

“A mostra sempre foi independente, com a gente fazendo às próprias custas. Este ano, conseguimos recursos da Lei Paulo Gustavo, então traremos os diretores, entre eles o Alê Abreu, de 'O menino e o mundo'. É uma vitória trazê-lo, pois engrandece o nome do festival. Mesmo sabendo que nossa mostra é underground, independente, ele topou vir”, comemora Leite.

 

 

 

 

Indicado ao Oscar em 2016, o filme de Abreu venceu o Festival de Annecy, na França, considerado o maior prêmio da animação mundial.

 

 


Há outra novidade: a sessão à meia-noite de “A outra forma”, que também participou do festival de Annecy. “Pela primeira vez, vamos exibir um filme nesse horário, que, apesar de alternativo, costuma atrair muito público. É o que vemos em outras experiências do Cine Humberto Mauro”, pontua.

 


Sávio Leite destaca as sessões na Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, na Praça da Liberdade, programadas para o próximo dia 11.

 


“É uma seleção feita pela própria equipe da biblioteca, específica para aquele espaço, com filmes que dialogam com a literatura. Sempre são sessões muito vivas, com participação ativa do público. Para mim, aquele é um lugar sagrado, assim como o cinema”, destaca.

 

 


Outra atração, o “Café com animação” será realizado amanhã (4/12), das 9h às 12h, na Casa da Mostra, na Serra. “Será uma reunião de animadores mineiros para trocar ideias. Vai ser um momento legal para conhecer outras pessoas, propor ideias, estabelecer parcerias e comemorar”, diz.

 


Os cinco longas dos diretores presentes em BH foram convidados pela Mumia. Outros 185 curtas e médias-metragens foram enviados por realizadores interessados em participar do festival. Vieram de 12 países, como França, Bélgica, Japão, Colômbia e Argentina, além do Brasil.

 


Desde a primeira edição, a mostra adotou a política de exibir tudo o que é enviado. “O que fazemos é uma curadoria para separar as mostras”, diz, citando as sessões mineira, nacional e internacional, que têm caráter competitivo. Já a “Monstrengo” abriga filmes que não têm musculatura para disputar.

 

 

 


Nas competitivas, júri especializado com seis integrantes escolhe os três melhores de cada mostra e podem, eventualmente, atribuir menções honrosas.

 

Sávio ressalta que há surpresas, com produções criativas e ousadas, conectadas a questões contemporâneas como assédio, tragédias, dramas existenciais, história e direitos humanos, abrangendo um amplo leque de gêneros – da comédia ao terror.

 

 

Vitória

 

Chegar a 22 edições da Mostra Udigrudi Mundial de Animação é, ao mesmo tempo, uma surpresa e uma vitória, diz o diretor. “A Mumia foi criada meio que de brincadeira, porque Belo Horizonte foi a primeira cidade a ter curso superior de animação. Com o tempo, ela foi ganhando respeitabilidade, mesmo com o perfil de aceitar tudo. O Anima Mundi, que acabou em 2019, chegou a 23 edições. Vamos nos tornar a mostra de animação mais antiga do país”, destaca Sávio.

 


“Não deixa de ser surpreendente manter a periodicidade anual durante tanto tempo. Por mais que tenhamos expertise, enfrentamos dificuldades todos os anos. Penso em desistir, mas no minuto seguinte tenho certeza de que é preciso resistir. Desistir é mais fácil, mas aí a mesmice toma conta. O negócio é não esmorecer jamais”, conclui Sávio Leite.

 


ATRAÇÕES

 

Nesta terça (3/12)

• 15h: “Tarsilinha”, de Célia Catunda e Kiko Mistrorigo
• 17h: “O sonho de Clarice”, de Fernando Gutiérrez e Guto Bicalho
• 19h: “Perlimps”, de Alê Abreu
• 21h: Mostra “Brasil 1”

>> Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro)

 


Quarta (4/12)

 

• 9h: “Café com animação”

>> Casa da Mostra (Rua Maripá, 43, Serra)

 


MUMIA


22ª Mostra Udigrudi Mundial de Animação. De hoje (3/12) a 12/12, em vários espaços de BH. Programação completa em www.mostramumia.blogspot.com

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