Ballroom, que significa salão de festas em inglês, ganha força como movimento cultural. Aliás, isso não é estranho para nós que moramos abaixo do Equador. Nos anos 1990, Madonna lançou “Vogue”, um de seus maiores sucessos, fruto do voguing, uma das categorias mais disputadas no Ballroom das periferias de Nova York.

 

 


A diva do pop jogou holofotes mundiais sobre as performances que “fervem” nos salões de baile, mas Ballroom é algo muito mais amplo, que começou nos Estados Unidos nos anos 1960 e se instalou no Rio de Janeiro há quase uma década. Investigando o fenômeno que cresce ao longo da Baía de Guanabara, a dupla Juru e Vitã ligou as câmeras e foi registrar o que se passa por lá.

 

 



 

“Salão de baile: This is Ballroom”, o primeiro documentário sobre o movimento no Brasil, conquistou prêmios importantes, como Menção Honrosa no Festival do Rio 2024. Nesta quinta-feira (5/12), o filme estreia nos cinemas do país. Em BH, está em cartaz no UNA Cine Belas Artes.

 

Tudo começou nos anos 1960, a partir do protesto em um concurso de beleza drag. A americana Crystal LaBeija, revoltada com o fato de só se premiarem drag queens brancas, criou com uma amiga o Baile Anual da Casa de LaBeija. Surgia assim não só o baile, mas a primeira “house”, espaço liderado por uma simbólica mãe para receber pessoas LGBTQIAPN+ em situação de vulnerabilidade ou expulsas de casa.

 

 

 


Na capital fluminense, o movimento tomou forma em 2015, na festa Conferência das Bruxas. A partir dali, como observa um dos personagens do filme, “o babado pega fogo”.

 


As cenas do documentário foram registradas a partir do evento organizado pela House of Alafia, que convidou os principais grupos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro: House of Blyndex, House of Bushidö, House of Cabal, The Royal Pioneer Kiki House of Cazul, Casa de Cosmos, Casa de Dandara, Casa dy Fokatruá, House of Império, Casa de Laffond, House of Mamba Negra e House of Raabe, além de 007, reunindo aqueles que não fazem parte de nenhuma casa.

 

 


Na abertura do documentário, Legendary Imperatriz, que também se apresenta como Lua Brainer e Camylla 007, define o Ballroom como Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde se pode entrar machucado e sair curado, ou entrar machucado e sair machucado.

 


Legendary afirma que não se pode romantizar seriados como “Pose”. Esta série se passa em Nova York, no final dos anos 1980, e conta a história de Blanca (MJ Rodriguez), que abriga jovens LGBTQIAPN+ expulsos de casa. O filme mostra que a realidade da comunidade fluminense é muito mais dura.

 

 


Star Azch Alafia diz que Ballroom significa experimentar outra dimensão. “É um frenesi”, define. “Você é fora do padrão. Todo mundo te olha e pergunta quem é aquela pessoa: menino, menina ou menine? E você vai sendo ovacionado.”

 


Além de histórias de personagens das “houses” e sua relação com o Ballroom, o filme mostra os estilos que contam ponto nas apresentações. O voguing não pode faltar. No face, vale mais o carão; runway é o desfile temático; e new way, a categoria para brancos, já que Ballroom é cultura preta e trans.

 


Na turnê que comemorou seus 40 anos de carreira, Madonna reproduziu o Ballroom em cena, trazendo diferentes convidados a cada país, que julgavam os participantes ao lado dela. No Brasil, Anitta sentou-se com a diva no palco. No ponto alto da performance, o “júri” levanta uma placa onde pode estar escrito nota 10 ou “chop”, termo que elimina o candidato.

 


Nas salas de cinema, o público vai levantar a placa 10. “Salão de baile: This is Ballroom” é prova da força da cena LGBTQIAPN+. 

 

“SALÃO DE BAILE: THIS IS BALLROOM”


Brasil, 2024, 94min. Direção: Juru e Vitã. Documentário em cartaz às 17h10, na Sala 2 do UNA Cine Belas Artes, na capital mineira.

 


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