“Funk, rap e pop são coisas democráticas, porque qualquer idiota pode ficar fazendo isso aí." A declaração incisiva do maestro Julio Medaglia, de 86 anos, ao jornal Folha de São Paulo foi rebatida por músicos mineiros. Atuante em movimentos de vanguarda, o maestro transformou em música poemas do concretismo, participou da criação da Tropicália e esteve à frente da Orquestra Filarmônica de Berlim, uma das melhores do mundo.

 

 

A fala polêmica veio logo após Medaglia mencionar a proliferação de festivais de música no pós-pandemia. "Esses Lollapalooza da vida dão uma música enérgica, cheia de parafernália e gelo seco, para excitar a juventude. É uma música pré-inteligente, é tudo pancadaria, uma pauleira. É sucesso comercial, de uma gente que não tem uma linguagem diferenciada ou propostas de ideias”, disse.

 

“Sinto pena (de Medaglia). Ele teve uma trajetória de vida muito bonita e participou de movimentos vanguardistas importantes, mas, apesar disso, é um ser humano pequeno e elitista”, afirmou Flávio Renegado, cantor belo-horizontino de rap. 

 



 

O tecladista Henrique Portugal, ex-Skank, reforçou a importância de valorizar a diversidade dos gêneros musicais. 

 


 “Pessoas pensam diferente. A música que o maestro Julio faz é arte, mas a música atual tem outros conceitos e valores”, disse.

 

O rapper mineiro Thiago Augusto, também conhecido como Matéria Prima, disse que comentários como o do maestro Julio Medaglia “não merecem atenção”.

 

 

Leonardo Cunha, regente da Orquestra Opus, revela sua admiração pelo trabalho de Medaglia na música erudita, mas afirma que o comentário do maestro é "generalista".

 

 

"Tudo tem seu valor. Compositores populares tem um olhar interessante sobre harmonia e melodia. Com poucas ferramentas, como apenas um violão e uma melodia, por exemplo, eles entendem o que a música é capaz de expressar", diz Cunha.  

 

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

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