A arquiteta, designer e figurinista Freusa Zechmeister morreu neste sábado (7/12), aos 83 anos. Natural de Patos de Minas, ela se destacou pelos figurinos criados para os espetáculos do Grupo Corpo, com o qual colaborou por décadas. A assessoria de imprensa da companhia confirmou a morte. O sepultamento está previsto para as 14h deste domingo (8/12), no Parque Renascer. Freusa havia sido diagnosticada com câncer de pâncreas há cerca de três semanas, conforme informado pela assessoria.

 



 

Homenagem no Cine Brasil

 

Antes da apresentação do Grupo Corpo, neste sábado, no Cine Theatro Brasil, durante temporada popular que termina amanhã (8/12), a companhia prestou homenagem à arquiteta. “Freusa Zechmeister, ícone da arquitetura brasileira e figurinista do Grupo Corpo por mais de 40 anos, nos deixou hoje (7/12). Em nome do Grupo Corpo, com todo nosso carinho e admiração, dedicamos a ela o espetáculo desta noite. Freusa Zechmeister, nosso muito obrigado”, destacou o áudio divulgado. Foram apresentados os espetáculos “Gil refazendo” e “Benguelê”.

 

 

Carreira e legado

 

Formada em arquitetura, design e paisagismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Freusa também foi reconhecida como figurinista. A parceria com o Grupo Corpo começou em 1981, após um encontro com Emílio Kalil, então codiretor da companhia, durante uma viagem pela Europa. Desde então, ela assinou os figurinos de quase todos os espetáculos do grupo, exceto “Santagustin” (2002), cuja criação ficou a cargo de Ronaldo Fraga durante um breve afastamento.

 

Em 2004, Freusa retornou ao Grupo Corpo, assumindo o figurino de “Lecuona”, espetáculo inspirado na obra do compositor cubano Ernesto Lecuona (1895-1963). Na ocasião, seus figurinos – vestidos brancos esvoaçantes – refletiam a luz do teatro e simbolizavam as relações exageradas representadas pelos bailarinos.

 

Processo criativo

 

Freusa tinha um processo de criação singular. Em vez de começar pela trilha sonora ou pelos movimentos coreográficos de Rodrigo Pederneiras, ela se inspirava nas histórias que imaginava ao acompanhar a movimentação da companhia para pôr o espetáculo de pé. Assim, seus figurinos muitas vezes seguiam uma lógica própria, mas sempre valorizavam o espaço, os movimentos corporais e a expressividade dos bailarinos.

 

 

O trabalho de Freusa foi essencial para a construção da identidade artística do Grupo Corpo, combinando sobriedade nas cores com a busca por explorar ao máximo as possibilidades dos corpos em cena.

 

Repercussão

 

A morte de Freusa causou comoção entre colegas e admiradores. “Uma arquiteta e figurinista cujo legado é indiscutível”, escreveu a ex-bailarina do Corpo, Gabi Junqueira, no Instagram. “Conviver com ela era um privilégio – como não se impressionar com alguém tão genial, com um olhar tão único sobre o mundo? Mas o que mais me marcou não foi o tamanho do seu talento, e sim o tamanho do seu coração. Generosa, engraçada, curiosa, e acima de tudo, leal”, destacou.

 

 

Também pelo Instagram, a arquiteta Ângela Roldão escreveu: “A melhor figurinista de ballet do mundo (no meu ponto de vista),reinou no grupo Corpo! E em outras companhias pelo mundo. Minuciosa, criteriosa e exigente. Como era mulher, muito brava, diziam! Era mesmo perfeccionista. Uma grande dama!”.

 

Outras contribuições

 

Roldão ainda lembrou outra faceta de Freusa: “Foi quem colocou primeiro Minas Gerais no calendário de arquitetos de interiores do Brasil”

 

Além do Grupo Corpo, Freusa deixou sua marca em diversas áreas. Assinou projetos arquitetônicos e de design em Belo Horizonte, e foi responsável pela restauração da Casa Bonomi.

 

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Freusa também assinou projetos para Maitê Proença, criou figurinos para Gilberto Gil e conta com obras no Instituto Inhotim.

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