Quando o pintor Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) recebeu o convite do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, para criar a escola de arte da capital mineira, ele sabia que precisava de um espaço próximo ao Parque Municipal.

 

 


Desejando o contato com a natureza, Guignard iniciou as aulas em 1944 no canteiro de obras do que hoje é o Palácio das Artes. A escola permaneceu no Parque por 50 anos, até ser transferida para o Bairro das Mangabeiras, onde se mantém até hoje.

 



 

Este ano, o Palácio das Artes realiza o projeto 80 e Sempre, dedicado ao legado do artista plástico e ao importante trabalho realizado por ele. A exposição “Quando atitudes se tornam escola” ficará em cartaz até 23 de março nas galerias Arlinda Corrêa Lima, Genesco Murta e Amilcar de Castro, com trabalhos realizados ao longo de oito décadas. A curadoria está a cargo do professor Júlio Martins.

 

Estações

 

A mostra é dividida em duas etapas, denominadas estações. A primeira, em cartaz até fevereiro, resgata a memória da Escola Guignard por meio de sua arquitetura. De volta ao espaço onde a história começou, grande parte dos artistas destacados terá obras expostas nos ateliês em que estudaram.

 

 

"Na mina de caulim 1", de Manfredo de Souzanetto, faz parte da exposição em homenagem a Guignard em cartaz no Palácio das Artes

Manfredo de Souzanetto/divulgação

 


“Antigamente, a escola não tinha a estrutura burocrática universitária, ela era um grande ateliê livre. Quando foi para o Mangabeiras, incorporou o modelo ligado à universidade. A exposição quer tentar investigar histórias entranhadas no lugar onde antes os artistas trabalhavam, que foi palco para muitos processos de descoberta”, explica Júlio Martins.

 

 

Como forma de guiar o público às primeiras décadas da escola, obras de Sávio Reale e Adriano Gomide foram incluídas no piso e nas paredes da primeira estação. Reale reproduziu a planta original da Guignard no chão, permitindo aos visitantes identificar os espaços ocupados enquanto transitam. Adriano expõe fotografias nas paredes, em escala próxima ao um por um, capturadas nos espaços abandonados após a mudança para o Mangabeiras.

 


Nessa etapa serão homenageados cinco artistas que se destacaram na Escola Guignard: os pintores Ricardo Homen e Manfredo de Souzanetto, o serigrafista japonês Kiyosi Matumoto e a gravadora Lotus Lobo, de 81 anos. A trajetória da ceramista Ana Quirino também será contada, do trabalho de limpeza na escola ao desenvolvimento do interesse pela arte.

 

 

Passado e presente 


A segunda estação, prevista para fevereiro, revelará ampla rede de artistas, com obras de cerca de 90 professores e alunos produzidas desde os anos 1960. Ficarão expostos desenhos, esculturas, pinturas, fotografias e grafites.

 


“A ideia é mobilizar o passado no presente. Ou seja, é uma exposição que tenta contar a história da escola a partir de obras e artistas recentes, entendendo também o contato com o tempo presente para recuperar a memória a partir de um lugar que acolheu os artistas” afirma Julio Martins.

 


“QUANDO ATITUDES SE TORNAM ESCOLA”


Exposição em homenagem aos 80 anos da Escola Guignard. Até 23 de março, nas galerias Arlinda Corrêa Lima, Genesco Murta e Amilcar de Castro do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). De terça a sábado, das 9h30 às 21h; domingo, das 17h às 21h. Entrada gratuita.

* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro

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