O realismo mágico do colombiano ganhador do Nobel Gabriel García Márquez chegou à Netflix, que na última segunda-feira (9/12) apresentou a tão esperada adaptação do livro “Cem anos de solidão” (vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1982) para as telas. A cerimônia em Bogotá contou com a presença do presidente colombiano Gustavo Petro.
A série, dirigida por Laura Mora e Alex García López, estreia nesta quarta-feira (11/12).
A versão para o streaming do romance mais famoso de García Márquez (1927-2014), que estará disponível para 190 países a partir de hoje, teve sua estreia no país natal do escritor e jornalista.
Em um museu na capital da Colômbia, vários produtores, membros do elenco e convidados especiais, entre eles familiares do autor, assistiram ao primeiro episódio da série.
Este capítulo de estreia mostra os acontecimentos de forma diferente daquela adotada por García Márquez no livro. Na cena inicial, há uma cidade arruinada. Será ela Macondo?
O primeiro capítulo mostra também o casamento de José Arcadio Buendía e Úrsula Iguarán, os acontecimentos que levaram à migração do casal, além de retratar a fundação da mítica Macondo. Termina com o nascimento do segundo filho do casal, Aureliano, que mais tarde se tornaria o lendário coronel Aureliano Buendía.
“Cem anos de solidão”, na Netflix, começa em um tom mais sombrio do que na obra de García Márquez.
O livro do colombiano, publicado em 1967, é uma das obras mais importantes da literatura em espanhol, e sua versão cinematográfica era vista como um desafio .
O escritor sempre se opôs à adaptação do romance para a televisão, pois não via como poderia ser condensado emformato audiovisual.
“(O romance original), de alguma forma, conta engenhosamente a história de um povo, de um país como a Colômbia, mas também capta a história da América Latina”, disse o diretor García López, que destacou o caráter universal da obra.
Olhar universal
Rodrigo García Barcha, filho de Gabriel García Márquez e também produtor-executivo da série, acrescentou: “Muitas das adaptações dos livros de Gabo sofreram com o respeito excessivo pelo autor, com o respeito excessivo pela obra. Nesse caso, eles conseguiram adaptá-lo e isso teve um impacto muito positivo”.
A Netflix adquiriu os direitos do romance em 2019, e foi em plena pandemia que a plataforma contatou o diretor Alex García López para o desafio.
Uma das maiores provocações, afirmou o diretor, “foi fazer algo que parecesse muito autêntico, muito colombiano, mas com uma produção muito grande para mostrar ao mundo que a América Latina, que nós da Colômbia, estamos além dos traficantes de drogas, da violência, das ditaduras. As mesmas histórias de sempre”.