Atualmente, o cinema japonês consolida sua influência internacional, enquanto a cultura coreana ganha cada vez mais força globalmente – seja com o k-pop, na música; ou os doramas, no audiovisual. No entanto, mesmo com essa expansão cultural, o continente asiático, que abriga três quintos da população mundial, ainda enfrenta resistências.

 




Buscando ampliar o conhecimento sobre novas culturas por meio do cinema, o Cine Humberto Mauro inaugura nesta quinta (12/12) a mostra “Cinematografias do mundo: Ásia”, em cartaz até 29 de dezembro e exibida em Congonhas no próximo mês. A mostra faz parte do novo selo do cinema, sob o qual os programadores e curadores vão explorar filmes de diferentes territorialidades.

 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia

 

“O cinema asiático é um dos mais diversos do mundo e tem a capacidade de inspirar a nossa admiração e curiosidade, o que o torna uma boa oportunidade para começar a falar sobre ‘Cinematografias do mundo’. Dentro do recorte da Ásia, a gente escolheu três países que têm muita tradição cinematográfica, mas não são os primeiros que a gente pensa quando fala em cinema asiático”, explica o curador da mostra Vitor Miranda.

 

 

Nesse contexto, a Índia será representada pelo cinema de Satyajit Ray (1921-1992), o Irã pelas obras de Abbas Kiarostami (1940-2016) e Taiwan pela filmografia de Edward Yang (1947-2007).


Neorrealismo

 

A mostra também contará com sessões especiais comentadas por Larissa Muniz, Lucas Oliveira e Rodrigo Azevedo. Os pesquisadores vão analisar as obras exibidas e discutir com o público sobre a relevância de cada diretor no cenário internacional.


Os cineastas compartilham como referência artística o neorrealismo italiano, um movimento surgido no período pós-Segunda Guerra Mundial. “O movimento foi um gesto muito único e influente para a história do cinema. Com ele, os diretores pegaram as câmeras e foram filmar os resultados desastrosos da guerra, fazendo ficção em cima disso. Esses três têm um trabalho muito autoral e cada um, à sua maneira, vai filmar as cidades, as ruas e os momentos da infância”, pontua Miranda.

 


A infância, aliás, será uma temática muito recorrente nas obras exibidas. Do iraniano Abbas Kiarostami, conhecido por sua relação com a poesia, o público poderá conferir filmes como “O pão e o beco” (1970); seu primeiro curta, “Close-up” (1990), uma docuficção sobre um homem que finge ser cineasta para aplicar um golpe; e “Onde fica a casa do meu amigo?” (1987), que narra a busca de um menino do vilarejo Koker por seu colega de escola.


Trilogia de Apu

 

Já Satyajit Ray, um dos primeiros a retratar as complexidades da Índia pós-colonial, será representado pela “Trilogia de Apu”, que acompanha a vida do jovem indiano em três fases.


Em “A canção da estrada” (1955), primeiro filme de Ray, Apu vive em uma vila rural enquanto seu pai, um sacerdote, parte para a cidade em busca de oportunidades, deixando a família por mais tempo do que o previsto. Em “O invencível” (1956), a narrativa segue Apu e a família mudando-se para Varanasi, onde ele se torna um adolescente intelectual e recebe uma bolsa de estudos em Calcutá.


Por fim, o ciclo do personagem se encerra com “O mundo de Apu” (1959), que retrata o protagonista desempregado na vida adulta, após concluir os estudos e lidando com os desafios de suas relações amorosas.


Do diretor taiwanês Edward Yang, por sua vez, o público poderá entender como o pioneiro da nova onda de cinema aborda dilemas existenciais dos personagens por meio das transformações sociais de seu país. Em “Um dia quente de verão” (1991), por exemplo, Yang retrata o assassinato de uma estudante por seu colega de classe, enquanto destaca o momento histórico crucial do Taiwan na década de 1960.



“CINEMATOGRAFIAS DO MUNDO: ÁSIA”
Mostra no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537 – Centro). Em cartaz até 29/12. Entrada franca, com retirada de ingressos meia hora antes do início da sessão. Programação completa no site do Cine Humberto Mauro.

 

HOJE (12/12)

• 16h – “Em nosso tempo”, de Edward Yang (Taiwan, 1982)

• 18h30 – “A experiência”, de Abbas Kiarostami (Irã, 1973)

• 20h – “O salão de música”, de Satyajit Ray (Índia, 1958)

 

* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro

compartilhe