Ao longo de duas décadas, entre 1970 e 1991, Milionário e José Rico se consagraram como uma das duplas sertanejas mais famosas do país. Depois de um período de três anos de separação, eles retomaram a parceria, em 1994, e seguiram juntos até 2015, ano da morte de José Rico.

 

Em um percurso que contabiliza, portanto, 43 anos, a dupla gravou 23 álbuns, que venderam, no total, 35 milhões de cópias; lançou dois DVDs e dois filmes – “Na estrada da vida” (1980), de Nelson Pereira dos Santos, e “Sonhei com você” (1988), de Ney Santanna.

 




Esse legado começou a ser retomado em 2021, quando Milionário propôs ao filho de José Rico, Moysés, formar uma dupla. Eles estrearam, naquele ano, em Borborema (SP), e a reverberação do show redundou em alguns convites para outras apresentações beneficentes e corporativas. Em março passado, a dupla resolveu levar a coisa mais a sério e idealizou a turnê “De volta à estrada da vida”, que chega a Belo Horizonte neste domingo (15/12).

 


O show traz no roteiro alguns dos maiores sucessos de Milionário e José Rico, como “Estrada da vida”, “Vontade dividida”, “A carta” e “Decida”. A turnê, que prevê apresentações em 22 cidades brasileiras, teve uma pequena interrupção, devido a um AVC sofrido por Milionário, em maio. O cantor se recuperou bem e a circulação foi retomada em junho, segundo Moysés.

 


Ele diz que a série de shows deve se estender ao longo do próximo ano. “O pessoal fica sabendo do projeto, que está sendo muito bem recebido, e acabam aparecendo convites para nos apresentarmos em mais cidades. Também seguimos fazendo shows corporativos, mais tranquilos, porque Milionário está com a idade avançada [84 anos]”, diz.

 


Calor do público

Ele acredita que a rápida recuperação de Milionário após o AVC foi impulsionada por seu amor pelo palco. “Ele precisa desse calor do público, que se mostra muito saudosista nos shows. Eu e meu pai temos semelhanças físicas, sou mais alto e mais gordinho, mas gosto de me vestir como ele se vestia, então a imagem é a da dupla Milionário e José Rico. Meu timbre vocal lembra um pouco o do meu pai”, afirma.

 


Moysés diz que, a princípio, estava apreensivo com a recepção, mas ela tem sido melhor do que qualquer expectativa. “Não queria que as pessoas me comparassem com meu pai, e sim entendessem que é uma homenagem. Não tem como comparar o que é incomparável. Mas temos sido muito bem recebidos, os fãs entendem que não estou ali para substituir ninguém, só para matar a saudade”, afirma.

 


Com uma natural intimidade com o repertório de Milionário e José Rico, ele diz que, para montar o roteiro do show, ia recordando os maiores sucessos da dupla e sugerindo para o parceiro. “Também tive o cuidado de, antes de começar a turnê, fazer uma enquete com os fãs, então eles próprios indicaram algumas coisas. São músicas que o povo gosta, tem saudade de ouvir, então é 1 hora e 40 minutos de comoção, com todos os grandes sucessos.”

 


Parceria

A dupla projeta a continuidade da parceria para além da turnê. “Tive uma conversa com Milionário alguns dias atrás. Ele perguntou até quando a gente ia cantar juntos. Respondi que enquanto ele tiver forças para cantar e quiser cantar, eu estou com ele.”


Para Moysés, o sucesso de Milionário e José Rico se deveu, além da combinação vocal – a dupla ficou conhecida como “As gargantas de ouro do Brasil” –, a uma comunicação direta e sintonizada com seu tempo. Ele diz que seu pai e o parceiro cantavam o cotidiano de uma população que trabalha, que sofre e que também se apaixona e vive em harmonia com a natureza. “O segredo é usar a linguagem da época, como o pessoal de hoje em dia está fazendo”, diz.

 


Em sua opinião, o sertanejo atual é fruto de uma natural modernização do gênero. Moysés diz gostar e consumir o trabalho de muitos dos artistas e duplas da nova geração, mas pontua que tem um crivo. “Se coloca um funk no meio, é válido, porque tem mercado, mas chamar de música sertaneja eu já não sei se cabe, porque desvirtua demais elementos que são característicos.”

 


A própria dupla Milionário e José Rico, quando surgiu, se colocava um pouco à frente do que havia até então no universo da música sertaneja, observa Moysés. “Essa coisa da evolução, da modernização, já vinha desde então. A imagem que se tinha dos artistas sertanejos não era aquela que meu pai adotou, com cabelo comprido, óculos escuros, parecendo mais um roqueiro. Eles vieram com uma ideia diferente, colocando guitarra e bateria nas músicas, e sofreram um pouco de preconceito por isso”, recorda.

 

 

"Para mim, será um sonho realizado, o de conhecer Belo Horizonte, de estar perto dos fãs do meu pai aí e poder mostrar o meu trabalho. Creio que o público vai se emocionar de poder rever o ídolo que é o Milionário, com momentos em que recordamos meu pai e com algumas surpresas que estamos preparando.Tenho certeza quevai ser uma experiência única”

 

 

“DE VOLTA À ESTRADA DA VIDA”
Show com Milionário e Moysés Rico, neste domingo (15/12), a partir das 20h, com abertura de Iara Bicalho, no BeFly Hall (Av. Nossa Senhora do Carmo, 230, São Pedro). Ingressos para a arquibancada variando entre R$ 90 e R$ 180, para o setor VIP entre R$ 140 e R$ 280 e para o setor Premium entre R$ 180 e R$ 360, à venda pelo Sympla e na bilheteria.

 

 

 

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