Folhapress - Billy Bob Thornton trocou os ternos de advogado de Los Angeles da série "Goliath" por calças jeans batidas e um chapéu de caubói no novo seriado "Landman". Ele vive o protagonista, um administrador de terras fartas em petróleo, nos cafundós dos desertos do Texas de hoje.
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Tommy Norris, o personagem de Thornton, apaga todos os tipos de incêndio, literais ou não. Ele faz o meio de campo entre os operários durões que colocam suas vidas em risco e os bilionários donos da empreitada – um dos executivos é interpretado por Jon Hamm e casado com a personagem de Demi Moore.
"De certa maneira, meus personagens em 'Goliath' e em 'Landman' são parecidos. Sinto que estou fazendo eu mesmo", diz o ator de 69 anos. "A diferença é que eles estariam em lados opostos num tribunal: Billy McBride processaria Tommy."
Nos primeiros episódios, Norris precisa lidar com um cartel que usa as terras para transportar drogas e ainda rouba um dos jatinhos da petrolífera. Há ainda um acidente monumental numa das torres de petróleo, e é ele quem precisa avisar os familiares dos mortos.
A nova série traz a grife Taylor Sheridan, responsável pela saga "Yellowstone". Sheridan escreveu "Landman" pensando em Thornton. “Quando ele me falou do papel, me interessei na hora porque você não vê nada sobre isso na TV ou nos cinemas", afirma. "Amo a ideia de viver naquele mundo, sob alta pressão e perigo, fazendo malabarismos."
"Landman" chega num momento delicado nos Estados Unidos, pouco após a eleição de Donald Trump, que prometeu expandir a produção de petróleo e gás, um dos principais vilões das mudanças climáticas, e encerrar projetos de energia limpa. Mas Thornton não quer saber de politicagem.
"Não é uma série politizada. Não é a favor nem contra. É apenas uma história que aconteceu nos anos 2000", diz o ator de "Fargo" e ganhador do Oscar pelo roteiro de "Na corda bamba". "Conta os detalhes, os altos e baixos, o lado ruim e o lado feio do negócio do petróleo."
"As pessoas não deveriam assistir a um programa, um filme ou mesmo ler um livro com uma agenda [política]", afirma. "Acredito que todos somos a favor da energia limpa. Taylor me disse: 'Se tivéssemos uma alternativa, isso seria ótimo, mas não aperfeiçoamos uma'. Se pudéssemos fazer carros rodar com água, os barões do petróleo estariam no negócio da água."
Thornton faz o típico lobo solitário e de poucas palavras que nos acostumamos a vê-lo interpretar. Aos poucos, descobrimos suas nuances, conforme ele lida com sua família excêntrica e com as tragédias que afetam os trabalhadores.
"Uma das revelações para mim desta indústria é que muitos dos operários não têm educação, são ex-presidiários ou pessoas perigosas", diz. "Eles trabalham lá porque podem ganhar US$ 180 mil por ano. Nenhum outro emprego pagaria tanto para essas pessoas. Então elas estão dispostas a arriscar a vida."
Thornton disse que gosta de viver personagens a longo prazo – como fez com Billy McBride em "Goliath" por mais de cinco anos e espera que isso se repita em "Landman".
Thornton é também líder da banda The Boxmasters, que encerrou em novembro uma longa turnê pelos Estados Unidos e Europa para lançar o 17º álbum do grupo, "Love & Hate in desperate places".
Em seu novo filme, a comédia "Standing on the shoulders of kitties", ele interpreta a si mesmo, desta vez músico, ao lado da sua banda, do guitarrista do Rolling Stone, Ronnie Wood, e dos comediantes do Trailer Park Boys.
“LANDMAN”
Série em seis episódios, disponível no Paramount+. Classificação: 16 anos