Natal é época pródiga em produtos culturais relacionados à data, especialmente no cinema e na música. Uma enxurrada de filmes, discos e singles toma conta das salas de exibição e das plataformas de streaming. Alguns, à parte juízo de valor, conseguem se distinguir e se tornam clássicos. No cinema, exemplo disso é “Esqueceram de mim” (1990), estrelado por Macaulay Culkin. Na música, destaca-se o incontornável álbum “25 de dezembro” (1995), de Simone, puxado pela faixa “Então é Natal”.

 

 


Para cada clássico há centenas – quiçá milhares – de títulos indistintos. No extremo oposto, outros tantos se destacam pela ruindade. Passado o impacto de se deparar com um filme, disco ou música cuja qualidade esteja abaixo do nível aceitável, vários desses produtos se enquadram na máxima de que são tão ruins que chegam a ser “bons”. Ou, no mínimo, divertidos.

 



 


Em novembro deste ano, a estreia de “Operação Natal”, estrelado por Dwayne Johnson e Chris Evans, trouxe à baila os fracassos natalinos de Hollywood. O longa, que mistura ação e comédia, teve bilheterias pífias e foi bombardeado pela crítica.

 

O fracasso das estrelas

 

Sites agregadores, como o americano Rotten Tomatoes, são boas fontes para “garimpar” fiascos cinematográficos natalinos, como “Anjo de vidro” (2004).

 


Com elenco estrelado – Susan Sarandon, Penélope Cruz e Paul Walker –, o longa é apontado como um dos piores filmes de Natal da história. O romance meloso faz parte da lista do Rotten Tomatoes de maiores fracassos de todos os tempos na seara do Papai Noel.

 

  • Veja o trailer de "O quebra-nozes: a história real":

 

 


“O quebra-nozes: a história real”, de Andrey Konchalovskiy, encabeça a lista. Conta a história do príncipe transformado em boneco quebra-nozes pela maldição do Rei Rato. Salva-se apenas a música de Tchaikovsky.

 

 


Outro fracasso retumbante foi “Esqueceram de mim 3”. Sim, pouca gente se lembra de que, além do filme original e da sequência, ainda com Macaulay Culkin, vieram outros dois, com elencos diferentes e a mesmíssima história. A pontuação crítica no Rotten Tomatoes do “3” alcançou apenas 32%. Resultado ainda menor na avaliação do público: 27%.

 


“Esqueceram de mim 4” foi realmente “esquecido” da lista do Rotten, mas figura na relação dos piores do IMDB, prestigiada base online de dados do cinema. Na quarta versão, mais uma criança é deixada para trás em casa na véspera de Natal e precisa lutar contra ladrões, sequestradores e bandidos.

 

Na comédia "Papai Noel conquista os marcianos", lançada em 1964, o Bom Velhinho é sequestrado por alienígenas

Embassy Pictures/reprodução

 

O Bom Velhinho no Planeta Vermelho

 

A mesma lista traz bizarrices genuínas, a começar por “Papai Noel conquista os marcianos” (1964). Com efeitos especiais precários e maquiagem exagerada, a mistura de comédia e ficção científica traz o Bom Velhinho sequestrado, levado ao Planeta Vermelho para dar alegria às crianças de lá.

 

 

 


Outra excrescência listada pelo IMDB e Rotten Tomatoes é “The Star Wars holiday special” (1978). O especial da franquia soou, durante anos, como lenda urbana. A ideia de envolver Luke Skywalker, Hans Solo e cia. em uma trama natalina deu tão errado que ela foi exibida uma única vez na televisão, nos EUA. Depois disso, foi para o espaço, sem lançamento oficial em outros tipos formatos.

 


Outra bomba é “Salvando o Natal” (2014). O ator evangélico Kirk Cameron inicia o longa com um grande monólogo sobre o verdadeiro significado do Natal. Depois, a trama se arrasta com Cameron explicando para o irmão o significado sagrado de todos os aspectos natalinos.

 

 


A lista do IMDB inclui produções completamente sem pé nem cabeça. Um exemplo é “Herói por engano” (1996). A canhestra costura do enredo traz um ricaço que joga paintball. A polícia confunde sua arma com outra de verdade, ele sai correndo por um shopping, veste-se de Papai Noel, bate a cabeça, tem amnésia e acredita ser o próprio Santa Claus. Em outro lugar da cidade, um orfanato é esconderijo de cristais mágicos cobiçados por um magnata. O vigilante Noel do paintball surge para defender o local e as pobres crianças que lá vivem.

 

Açúcar, sinos e teclados

 

No campo da música, há menos elementos objetivos para classificar um disco ou canção como ruim. Mas é fato relativamente consensual que elas costumam ser chatas, melosas, com arranjos excessivamente açucarados, cheios de backing vocals infantis, excesso de teclados e sinos badalando.

 


Veículos de comunicação como o canal CNN e a revista Rolling Stone fazem listas desse repertório, que reúne os álbuns “This Christmas”, de John Travolta e Olivia Newton-John; “Home for Christmas”, do grupo NSync; “Merry Christmas”, de Mariah Carey; “Once upon a Christmas”, de Dolly Parton e Kenny Rogers; alémdas canções “Hallelujah” (Susan Boyle), “Christmas medley” (The Carpenters), “Wonderful Christmas time” (Paul McCartney), “Carol of the bells” (LeAnn Rimes) e “The little drummer boy” – essa ruim tanto com Kenny G quanto com as irmãs Jessica e Ashlee Simpson.

 

 

Simone e o bullying

 

Controverso é a palavra adequada para descrever “25 de dezembro”, de Simone. O crítico carioca Mauro Ferreira já chamou a atenção para as qualidades do álbum, dizendo que ele tem “méritos ofuscados por memes”.

 

A cantora diz ter sofrido bullying com frequência, especialmente por causa da faixa “Então é Natal”, versão de “Happy Xmas (War is over)”, lançada em 1971 por John Lennon e Yoko Ono. É a canção mais ouvida no perfil de Simone no Spotify.

 

O disco original, de 1995, tinha outras nove faixas, incluindo “Noite feliz”. Em 1998, o álbum foi relançado com a faixa bônus “Ave Maria”. Simone vendeu mais de 1,5 milhão de cópias dele em português e cerca de 2 milhões na versão em espanhol.

 

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