Com a 50ª edição da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança de Belo Horizonte em curso, o público terá oportunidade de conferir criações coreográficas de diferentes vertentes, do jazz ao contemporâneo, de realizadores da cidade e Região Metropolitana.
Os espetáculos de dança nesta Campanha – 11 no total – se concentram principalmente na primeira quinzena de fevereiro. Alguns coreógrafos, diretores e produtores comparecem com mais de um trabalho na programação. É o caso de Izabella Lorene, da Companhia de Dança Arte para Todos – ou simplesmente Cia. APT.
Ela responde pela coreografia, direção e produção de “Memórias brasileiras” (7/2 e 9/2) e “Elis – 40 anos de legado” (8/2 e 9/2), ambos no Teatro Sesiminas. “Memórias brasileiras” tem inspiração nos programas de rádio, cobrindo um período que vai desde a chamada Era de Ouro, na primeira metade do século 20, até os dias atuais.
“As coreografias foram concebidas a partir da interpretação de 20 cantores, a maioria já falecidos. O repertório vai de Cartola a Rita Lee, passando por Charlie Brown Jr. e Mamonas Assassinas. Levar isso para a cena é uma forma de interligar as gerações com a música e com a dança, prestando homenagens”, diz ela.
“Elis – 40 anos de legado” foi criado em 2022, por ocasião das quatro décadas da morte da Pimentinha. Izabella conta que também serviu de estímulo o fato de ter assistido, naquele período pós-pandemia, ao filme “Elis” e ao documentário “Viver é melhor que sonhar”. A coreógrafa observa que 2025 marca outra efeméride em torno da cantora gaúcha – os 80 anos de seu nascimento.
Mistura de linguages
Ela ressalta que “Elis – 40 anos de legado” não é um musical, mas um espetáculo de dança que busca contar, por meio da coreografia, a história da cantora. “Estreamos na Campanha em 2023 e voltamos a integrar a programação no ano passado”, comenta. “Memórias brasileiras” debutou no ano passado. Izabella explica que ambos os espetáculos têm uma “pegada eclética”, misturando as linguagens da dança contemporânea, as danças urbanas, o balé e o jazz.
Ela estreou como coreógrafa na Campanha com “Elis – 40 anos de legado”, mas marca presença na programação desde 2012, integrando elencos de diferentes espetáculos. Para Izabella, a Campanha de Popularização cumpre papel fundamental no cenário das artes cênicas em Minas Gerais. “Principalmente depois da pandemia, quando serviu para reativar a presença do público nos teatros. Ela acontece num período muito propício e com preços, de fato, populares”, diz.
Díptico
Outro nome da dança que está na programação desta 50ª edição com dois espetáculos é Fred Veiga. Ele assina a coreografia e responde pela produção de “Ruídos”, do Mira Grupo de Dança, do qual é codiretor. No díptico “Travessia + Escute só”, Fred assina a coreografia da primeira parte, inspirada na música de Milton Nascimento. A segunda parte tem como ponto de partida uma entrevista da poetisa Matilde Campilho e leva a assinatura de Gabriela Corrêa.
“Travessia + Escute só” está a cargo do Grupo Jovem Arte e Passo. “Mais do que a música de Milton Nascimento, que está na trilha, 'Travessia' é uma homenagem ao nosso estado. Uso muitos dos símbolos imagéticos e signos de Minas Gerais. Bebo em fontes da cultura, da literatura, do barroco e de outras coisas que são referenciais para nós, mineiros. O nome 'Travessia' também faz referência ao caminhar pelas estradas de Minas”, afirma Fred.
Sobre “Ruídos”, que é embalado por canções famosas da MPB, ele diz que foi um presente que deu ao Mira Grupo de Dança por ocasião de seus 10 anos de fundação. “Comecei a pensar em como o contexto da comunicação pode produzir ruídos e gerar questões. A partir disso, passei a estudar sobre a eficácia e a ineficácia da comunicação. O livro 'Falo ou não falo', das psicólogas Fátima de Souza Conte e Maria Zilah da Silva, me serviu de base”, diz.
Público diverso
“Travessia + Escute só” e “Ruídos” são espetáculos estreantes na Campanha. Como bailarino, Fred Veiga participou de duas edições anteriores. “É um evento muito importante, porque traz essa questão do acesso, é popular de fato.
Isso é das coisas que mais me chamam a atenção – ver um público muito diverso, diferentemente do restante do ano, quando a gente tem plateias que são mais específicas da dança. A Campanha leva ao teatro pessoas que não têm esse hábito”, comenta.
PALCO ABERTO
Confira outros espetáculos de dança que estão na programação da Campanha
• “Pretérito imperfeito”, com a Mimulus Cia. de Dança
• “Passos e cantos do Brasil”, com o grupo Aruanda
• “Pérola negra – Devir”, com a companhia Emaline Laia
• “Você perto”, com a Cia. de Dança do Palácio das Artes
• “Alumiar”, com o Grupo Sarandeiros
• “Balança Brasil”, com o Grupo Guararás de Projeções Folclóricas
• “Peccatum”, com a Interpasso Cia. de Dança
50ª CAMPANHA DE POPULARIZAÇÃO DO TEATRO E DA DANÇA
Em todos os teatros de Belo Horizonte, com exceção do CCBB-BH. Programação completa e mais informações no site. Ingressos: R$ 25, à venda nos Postos Sinparc, localizados no piso GG do Shopping Cidade (Rua dos Tupis, 337 - Centro), no Teatro do Pátio Savassi (Av. do Contorno, 6061 - São Pedro) e no Shopping Monte Carmo (Av. Juiz Marco Túlio Isaac, 1119 - Ingá Alto, Betim). Compra de ingressos pela internet e nas bilheterias dos teatros estão sujeitas ao aumento do valor. Até 16/2.