Irreverência e bom humor são marcas registradas do Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, tradicionalmente realizado no Distrital do Cruzeiro, em BH -  (crédito: Ramon Lisboa/EM/D.A Press/22/1/2016)

Irreverência e bom humor são marcas registradas do Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, tradicionalmente realizado no Distrital do Cruzeiro, em BH

crédito: Ramon Lisboa/EM/D.A Press/22/1/2016

 

 

O verso “O pó rela no pé/ o pé rela no pó” virou hit no pré-carnaval de Belo Horizonte em 2014. A marchinha satirizava o caso do helicóptero do então deputado estadual mineiro Gustavo Perrella, flagrado à época, no Espírito Santo, com cerca de meia tonelada de cocaína.

 

 


Dois anos depois, foi a vez de o então prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, ser alvo da crítica de outro hit folião. Em “Prefeito, libera o cooler”, os compositores Helton Lima e Joílson Cachaça ironizaram o decreto municipal proibindo churrasqueiras, coolers e similares nas ruas durante o carnaval de 2016.

 

Sem citar Lacerda diretamente, a dupla apostou na irreverência, com título debochado e verso provocativo, “Começa com M, termina com erda”, prontamente completado pelo público: “Márcio Lacerda”.

 

 

As duas músicas venceram o tradicional Concurso de Marchinhas Mestre Jonas em 2014 e 2016. Porém, o evento deixou de ser realizado a partir de 2021, devido à pandemia. Desde então, não teve novas edições por diversos fatores, incluindo a falta de recursos.

 

 

Neste ano, o cenário é diferente. O concurso está de volta em sua 10ª edição, premiando as três melhores marchinhas com o Troféu Mestre Jonas e o título de Hit do Carnaval. Outra categoria foi criada, a Tira o Pé da Minha Serra, dedicada a composições com temática ambiental As inscrições estão abertas na plataforma Sympla até 26 de janeiro.

 

“As marchinhas não precisam ser inéditas”, explica o idealizador do concurso, Kuru Lima. “A única exigência é que não tenham vencido edições anteriores e as letras não promovam preconceitos. Além disso, as músicas devem ser compostas ou interpretadas por, pelo menos, um mineiro”, acrescenta ele.

 

 


A primeira etapa do concurso ocorrerá em 8 de fevereiro, no Mercado Distrital do Cruzeiro. Serão selecionadas 20 composições por uma comissão julgadora, sendo 12 marchinhas de tema livre, três relacionadas à categoria Tira o Pé da Minha Serra e cinco para a modalidade Hit do Carnaval.

 

As escolhidas receberão arranjos inéditos, assinados por Thiago Delegado, e serão apresentadas na grande final, marcada para 14 de fevereiro, também no Distrital do Cruzeiro.

 

As três primeiras colocadas na categoria principal receberão R$ 5 mil, R$ 3 mil e R$ 2 mil, respectivamente. Já os vencedores das modalidades Hit do Carnaval e Tira o Pé da Minha Serra levarão R$ 3 mil, cada.

 

 


No dia da final, também será realizado concurso de melhor fantasia, com premiação de R$ 1 mil. Para esta disputa não é necessária inscrição prévia.

 


“Todo carnaval é a mesma coisa: as músicas comerciais tocam sem parar. Não tenho nada contra elas, mas quero ouvir e valorizar nossa produção local. Este é o propósito do concurso”, afirma Kuru Lima.

 

 

Mestre Jonas toca violão, tendo ao fundo a Serra do Curral e a paisagem de Belo Horizonte

Apaixonado pela cultura popular, o cantor e compositor belo-horizontino Mestre Jonas (1976-2011) inspirou o concurso de marchinhas que chega à 10ª edição

Marcelo Sant'Anna/EM/D.A Press/11/6/2010

 


O evento homenageia o compositor belo-horizontino Jonas Henrique de Jesus Moreira, o Mestre Jonas, que morreu em 2011, aos 35 anos, vítima de acidente vascular cerebral (AVC). Um dos criadores do projeto Samba da Madrugada, ele lançou o álbum “Sambêro” e também era artista plástico.