ARTES CÊNICAS

Arlete Salles contracena com o filho e o neto em peça que estreia em BH

Comédia sobre o amor na maturidade, "Ninguém dirá que é tarde demais" faz temporada desta sexta (31/1) a domingo no Teatro Sesiminas e tem Edwin Luisi no elenco

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Quando a produtora Rose Dalney chegou para Arlete Salles com o texto da peça “Ninguém dirá que é tarde demais”, a atriz hesitou. Não queria nem fazer uma primeira leitura. O motivo: o autor, Pedro Medina, é neto dela.


“Como eu diria para o meu neto que não faria a peça, se eu não gostasse nem me identificasse com o texto?”, diz Arlete. “Foi difícil, muito difícil. Não seria fácil dizer não a ele”, acrescenta. A atriz, no entanto, acabou se convencendo a ler e descobriu naquela dramaturgia, além de qualidade, importância no tema abordado.


“Ninguém dirá que é tarde demais”, em cartaz desta sexta (31/1) a domingo no Teatro Sesiminas, é uma ode ao amor na terceira idade. Com direção de Amir Haddad, a peça, cujo título vem da canção “Último romance”, do Los Hermanos, conta a história do improvável amor entre Luiza (Arlete Salles) e Felipe (Edwin Luisi).


Os dois são vizinhos e estão isolados em seus respectivos apartamentos por causa da pandemia. Arlete, de 86 anos, dá vida a uma idosa de classe média alta completamente mal-humorada. Tudo só piora quando se vê obrigada a passar a quarentena com o neto (interpretado por Pedro Medina), um rapaz sem rumo e sem responsabilidades na vida, que se comporta como um eterno adoslescente.


Felipe, por sua vez, é mais tranquilo. Aos 77 anos, ele é um recém-viúvo que ainda vive baqueado pela morte da esposa, revivendo memórias felizes do casamento. Está trancafiado em casa com o filho (papel de Alexandre Barbalho, que é filho de Arlete Salles e pai de Medina), que, com gestos discretos e cuidadosos, tenta dar alento e esperança ao pai.


Pé de guerra

Os dois vizinhos vivem em pé de guerra, embora não conheçam a identidade um do outro. Protagonizam, dentro de suas respectivas casas, brigas por situações cotidianas que deixam cada um irritado à sua maneira. Mas, num momento de alívio da pandemia, saem de casa e se encontram na rua – ainda sem saber com quem estão cruzando. Desse encontro, nasce um amor.


“É uma história singela, mas é muito cativante”, diz Arlete. “Quando se trata de amor entre pessoas na terceira idade, existe ainda muito preconceito. Há uma dificuldade muito grande em aceitar que pessoas com mais idade se amem e se desejem. Então, a peça vem tratar disso de maneira muito delicada e, ao mesmo tempo, com humor”, afirma.


São os alívios cômicos que fazem com que “Ninguém dirá que é tarde demais” não se torne um dramalhão. As piadas nascem, principalmente, da personagem Luiza, com seus rompantes de estresse e as brigas intermináveis com o neto e o vizinho.


Personagem e atriz não têm nada em comum, garante Arlete Salles. “A Luiza é alguém com quem eu não tenho quase nenhum ponto de identificação. Mas isso é bom, porque facilita a vida do intérprete. É muito mais difícil construir uma personagem (autêntica) que seja muito parecida com a gente”, afirma.


E é na força da interpretação que o diretor Amir Haddad confia. Com pouquíssimos elementos cênicos e sem recorrer a subterfúgios, Haddad aposta no talento dos atores. Há momentos em que Arlete Salles e Edwin Luisi cantam e dançam no palco.


Homem do teatro

“O Amir Haddad é um grande homem do teatro. É um dos últimos mestres do teatro que nós temos aqui com a gente. Ele deixa a marca dele em todo trabalho que faz. E aqui não é diferente. Ele fez uma direção bonita, mas também lúdica. Não tem nada escondido do público, ninguém sai pra trocar de roupa lá fora, não. Tudo é feito às claras”, afirma a atriz.


Aos 87 anos, Haddad diz que esta é a última direção de sua carreira. No entanto, Arlete faz sua inconfidência: “Ele não vai parar, não. Vai continuar. Ele vai continuar dirigindo até… Sempre, se Deus quiser”.


“Ninguém dirá que é tarde demais” estreou em 2022, num clima estranho, segundo a atriz. Ainda havia resquícios da pandemia e uma eleição presidencial extremamente polarizada e violenta se aproximando.


“A gente vivia certa tensão e isso parecia se refletir na montagem. Enfrentamos reveses nas primeiras apresentações, mas depois conseguimos acomodar o espetáculo e respirar com alívio. E o curioso é que isso aconteceu paralelamente à corrida eleitoral. Foi só depois das eleições, quando o país já respirava aliviado e estávamos seguros de que teríamos mais espaço para a comédia e para a arte, que o espetáculo engrenou”, comenta.

Com “Ninguém dirá que é tarde demais”, a atriz realiza o desejo de contracenar com a família. “A ideia inicial era levar essas três gerações (Salles, o filho e o neto) para se encontrar no palco. Estamos muito felizes de ter conseguido. É um afago ver meu filho e meu neto juntos”, diz.


“NINGUÉM DIRÁ QUE É TARDE DEMAIS”
Texto: Pedro Medina. Direção: Amir Haddad. Com Arlete Salles, Edwin Luisi, Alexandre Barbalho e Pedro Medina. No Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia). Nesta sexta (31/1) e sábado, às 20h; domingo, às 19h. Ingressos à venda por R$ 160 (setor 1/inteira) e R$ 140 (setor 2/inteira) na bilheteria do teatro ou pelo Sympla. Meia-entrada na forma da lei.

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