CINEMA

Saiba quem é Karla Sofía Gascón, a polêmica protagonista de "Emilia Pérez"

Primeira atriz transexual indicada ao Oscar, ela disputa a estatueta com Fernanda Torres e vem sendo criticada por tuítes de teor racista e xenófobo

Publicidade

Aos 52 anos, a espanhola Karla Sofía Gascón se tornou a primeira atriz transexual indicada ao Oscar e enfrenta na disputa pela estatueta, no dia próximo dia 2 de março, a brasileira Fernanda Torres, protagonista de “Ainda estou aqui”, de Walter Salles. As demais concorrentes são Cynthia Erivo (“Wicked”), Mikey Madison (“Anora”) e Demi Moore (“A substância”).


Personagem-título do musical sobre o narcotráfico no México “Emilia Pérez”, Karla Sofía foi tragada por uma espiral de polêmicas nas últimas semanas, num curioso choque entre a recepção calorosa da crítica e da indústria, no último Festival de Cannes, e a que recebe agora, nas salas de cinema.


Em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, a atriz afirmou que “muitas pessoas que trabalham no ambiente de Fernanda Torres” falam mal de sua atuação e de seu filme.


Depois, usuários do X recuperaram postagens antigas da espanhola, em que ela criticava George Floyd, homem morto por policiais nos EUA no caso que foi estopim para o movimento antirracista Black Lives Matter. Foram encontrados também comentários considerados xenófobos, em que ela reclamava da entrada de muçulmanos na Espanha.


Em nota, a atriz pediu desculpas pelo que chamou de opiniões “equivocadas” e desativou sua conta no X. “Fui ameaçada de morte, insultada, abusada e assediada até a exaustão. Tenho uma filha maravilhosa para proteger, a quem amo loucamente e que me apoia em tudo”, escreveu.


Em outras postagens antigas que vieram à tona depois, ela criticou o corpo da cantora britânica Adele e as ações para promoção da diversidade no Oscar.


Violência e liberdade


Na trama de “Emilia Pérez”, uma traficante de drogas passa por uma transição de gênero e, tão logo sai da sala de cirurgia, abandona uma vida de assassinatos para fundar uma ONG que ajuda parentes de desaparecidos.


“Basta ir a uma partida de futebol para entender que lado da nossa sociedade se expressa com violência. Na sociedade em que vivemos, os homens são livres fisicamente, mas não mentalmente. Com as mulheres, é o contrário. Aprendemos isso desde crianças”, afirma a atriz.


As críticas que vêm sendo dirigidas ao filme do francês Jacques Audiard são sobretudo de apropriação cultural, porque o longa é uma produção francesa com protagonistas que não são mexicanas, e de transfobia. Isto pelo uso do “nome morto” – aquele anterior à transição de gênero – da protagonista em várias cenas e do lugar-comum da personagem trans violenta.


Karla Sofía rebate as críticas. “É um filme que mostra que a transexualidade pode estar em todos os lugares, ela não é limitada às margens, às esquinas, como a sociedade quer. Parece que personagens LGBTQIA+ que não são imaculados, que não vivem felizes num mundo estúpido de fantasia não são bem-vindos. Na nossa comunidade há pessoas maravilhosas e há pessoas que não são. Há quem queira fazer o bem e quem queira fazer o mal. Somos como todos os outros.”


Nascida em Alcobendas, nos arredores de Madri, Karla Sofía se descobriu atriz aos 16 anos, buscou formação na área e logo começou a trabalhar em séries da BBC. Na Espanha, atuou em novelas de apelo local e em filmes pouco expressivos. A convite do diretor mexicano Julián Pastor, decidiu se mudar para o México em 2009, no que define como uma busca por papéis mais diversos.

Daí em diante, enfileirou personagens em telenovelas e filmes de apelo popular, que a projetaram como uma das principais estrelas das telas mexicanas até a metade da década passada. Depois de um longo período longe dos holofotes, ela anunciou que havia completado sua transição de gênero numa autobiografia lançada em 2019.

Tópicos relacionados:

cinema cultura filme oscar polemica

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay