MÚSICA

Espetáculo "Da Terra à Lua" propõe novo formato para concertos

Inspirado na obra de Julio Verne, recital de voz e piano, nesta quinta (6/2), em BH, inclui  intervenções eletrônicas, vídeos e áudios poéticos sobre o tema

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A afinidade com o repertório erudito do final do século 19 e início do século 20, o desejo de dar novas roupagens para o formato recital e o gosto pela astronomia levaram a soprano Nívea Freitas a conceber o concerto “Da Terra à Lua”, que ocupa o palco do teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas nesta quinta-feira (6/2), às 20h.


Ao lado do pianista Wagner Sander e do compositor e operador de eletrônica Felipe Romagna, ela apresenta obras de nomes como Debussy, Fauré e Copland, entre outros.


Inspirado no livro homônimo de Julio Verne (1828-1905), “Da Terra à Lua” reúne temas que tratam da relação humana com as esferas terrestre e celeste. Nívea e Sander se apresentam no formato tradicional de voz e piano, enquanto Romagna intervém alterando eletronicamente os sons. Ao mesmo tempo, imagens relativas à temática são projetadas, e o que ela chama de “vozes poéticas” pré-gravadas ornamentam a apresentação.


O programa é dividido em três partes, intituladas “Velocidade gravitacional”, “Velocidade orbital” e “Velocidade de escape” e, segundo a soprano, busca levantar reflexões sobre o humano na Terra e seu ímpeto de desafiar as forças da natureza em busca do intangível. Ela diz que a concepção do concerto se relaciona também com o fato de estar, atualmente, realizando um doutorado na UFMG em que investiga novos formatos de concerto.


“Isso é uma tendência, principalmente lá fora. Como pensar a recontextualização dos repertórios tradicionais, o modelo de apresentação, o posicionamento do público? Tive a oportunidade, em 2018, de vencer um concurso focado em novos formatos de concerto, na Alemanha. Na sequência desse concurso, elaborei outros projetos, principalmente no período da pandemia, para as novas linguagens aplicadas à música de concerto, com uma perspectiva mais contemporânea”, conta.


Novos públicos

A artista ressalva que a ideia não é sobrepor os formatos tradicionais, mas somar. Nívea observa que o público de recitais é “bastante tradicional” e está envelhecendo. “A gente quer que esse repertório continue se perpetuando”, diz, acrescentando que tentar fazer uma conexão dele com elementos da contemporaneidade, propondo releituras, é um caminho. “Quem sabe esses novos formatos possam colaborar para o surgimento de novos públicos.”


“Da Terra à Lua” tem inspiração em uma obra similar, da soprano e maestrina canadense Barbara Hannigan. Ela criou um concerto com essa mesma configuração – de piano, voz e intervenções eletrônicas –, só que trabalhando com a música barroca, sem uma temática específica associada, de acordo com Nívea. “Aqui no Brasil, não tenho notícia de já ter havido algum outro espetáculo nesse formato, com essa proposta”, afirma.


A dinâmica do recital prevê a projeção de vídeos durante todo o tempo em que a cantora e o pianista estiverem em cena. “As imagens são fruto de uma parceria com o Studio Mobius, que normalmente trabalha com música popular e eletrônica, então entrar nesse universo da música lírica foi um desafio para eles também. Tive que fazer um trabalho de direção artística mesmo, atuando próxima a eles na criação dos vídeos”, conta.


As intervenções eletrônicas ocorrem tanto no meio das peças quanto entre elas, e Romagna apresenta uma composição de sua autoria, inteiramente eletrônica, intitulada “Foguete”. A soprano diz que é o momento em que o concerto tenta representar, abstratamente, a ida do homem à lua. Entre as vozes poéticas que pontuam o programa estão a de Drummond, recitando o poema “O homem e as viagens”, e as de escritores franceses simbolistas, como Paul Verlaine.


Ele é o autor de “Claire de lune”, poema que inspirou composições tanto de Debussy quanto de Fauré. Ambas estão presentes no programa, junto com “Going to heaven”, de Copland, “Lua impossível”, de Almeida Prado, “Danse macabre”, de Saint-Saens, e “Chants de Terre et de ciel”, de Olivier Messiaen, entre outros. Nívea ressalta que as escolhas do tema e do repertório vieram mais ou menos juntas, a partir de 2023, quando estava relendo a obra de Verne.


“Minha primeira formação é em física, então a temática celeste me acompanha, está sempre no meu coração. Cheguei a trabalhar no laboratório de física da UFMG. Por outro lado, tem minha afinidade com esse repertório do final do século 19 e início do século 20. A poesia simbolista remete muito a uma aura de misticismo muito presente nas composições desse período, que, diga-se, é o mesmo de Julio Verne. Comecei a perceber que era uma temática recorrente na obra desses compositores”, comenta.


Ela diz que a proposta de “Da Terra à Lua” é conduzir o público por uma viagem sonora que explora diferentes facetas da relação entre o homem e o universo. Da admiração pela imensidão do cosmos à busca por respostas sobre o lugar da humanidade no universo, cada parte do espetáculo busca abrir uma nova perspectiva sobre a temática.


DA TERRA À LUA”
Concerto com Nívea Freitas, Wagner Sander e Felipe Romagna, nesta quinta-feira (6/2), às 20h, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda pelo Sympla.

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