
"Machos alfa" trata a masculinidade tóxica em tom de comédia
Série espanhola chega à terceira temporada na Netflix, mostrando a dificuldade dos homens para se livrar de comportamentos inadequados e nocivos
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Siga noÉ uma macharada para ninguém botar defeito. Ainda que eles estejam em baixa, aquartelados diante de valores ultrapassados, não tem como não ter simpatia por eles. Comédia espanhola, “Machos alfa” chegou recentemente à sua terceira temporada na Netflix.
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Com a quarta já confirmada, ela não veio sozinha. Trouxe a reboque sua versão francesa, que na mesma plataforma ganhou o título de “Supermachos”.
A premissa é muito simples. Em crise com seus empregos, com as mulheres ou namoradas, mas principalmente com a mudança de hábitos sociais, quatro amigos quarentões decidem fazer um curso para se atualizar e deixar de lado a masculinidade tóxica. Nem todos vão por vontade própria, mas, depois das tais “aulas”, eles não são os mesmos.
Pedro (Fernando Gil) é o bem-sucedido, um diretor de TV que, no entanto, se deu mal por um programa de cunho machista. Raúl (Raúl Tejón) é um garotão que não cresceu, enquanto Santi (Gorka Otxoa) é um arquiteto divorciado infeliz no amor e conta com a ajuda da esperta filha adolescente para arrumar namoradas. Por fim, Luis (Fele Martínez), o pai de família da turma, é um policial de trânsito com um casamento em que é dominado pela mulher.
Nos novos episódios, eles continuam se virando diante dos reveses e aprendendo, ou pelo menos tentando, se atualizar. Santi, que só entra em roubadas, resolve se apaixonar por uma escritora que está escrevendo um livro denunciando velhas táticas machistas. Ela não quer saber muito de compromisso, mas para conquistá-la, Santi, que é o mais politicamente correto do grupo, entra em um grupo de incels.
Estes são os autodenominados celibatários involuntários (do inglês involuntary celibates), subcultura virtual cujos membros despejam misoginia on-line. Logicamente, é com humor que a série trata o tema, colocando Santi como um suposto líder incel.
Transição
Outro tema quente que a terceira temporada traz envolve Iris (Leire Marín Vara), a esperta filha caçula de Luis. Aos 9 anos, ela começa a apresentar sinais de disforia de gênero. Decide que seu novo nome é Jacobo, corta os cabelos e pede aos pais para começar a fazer sua transição. Luis não aceita de cara, mas é mais aberto às mudanças do que a mulher, a divertida e barraqueira Esther (Raquel Guerrero).
Ainda que seja uma questão séria, o tratamento que a série dá ao tema é leve, sem ser banal. Com a nova temporada, a narrativa se desprendeu das histórias dos quatro protagonistas. Há boas subtramas, como o divórcio dos pais de Luis, o relacionamento lésbico da ex de Raúl e o retorno de Pedro à TV, agora trabalhando exclusivamente com colegas mulheres.
Enquanto a produção espanhola tem 10 episódios por temporada, sua versão francesa estreou com seis. Não acrescenta muito à história, a trama é muito semelhante à original, com pequenas mudanças entre os personagens. Como os franceses ainda estão no início da jornada, falta muito para serem “homens desconstruídos”. Ou seja, rimos deles e do fim de seus privilégios. Já não era sem tempo, vale dizer.
‘MACHOS ALFA”
• A terceira temporada, com 10 episódios, está disponível na Netflix.
“SUPERMACHOS”
• A primeira temporada, com seis episódios, está disponível na Netflix.