
Capitão América estreia às voltas com admirável mundo de desafios
Anthony Mackie vive herói negro diante de um conflito mundial, da trama que exige 'dever de casa' dos não iniciados e da missão de dar fôlego ao universo Marvel
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Em “Vingadores: Ultimato” (2019), após a batalha contra Thanos, Steve Rogers (Chris Evans) decide passar o escudo e o título de Capitão América para Sam Wilson (Anthony Mackie), o Falcão. Ex-aviador de resgate da Força Aérea dos EUA, Wilson conhece bem as responsabilidades do ofício de herói. No entanto, não é tarefa simples assumir o manto do maior símbolo de liberdade dos Estados Unidos, sendo homem negro e sucedendo a um dos super-heróis mais queridos pelo público.
“Capitão América: Admirável mundo novo” é o quarto filme da franquia do herói americano, o primeiro protagonizado por Anthony Mackie. Dirigido por Julius Onah (“Luce”, 2019), que estreia no universo Marvel, o longa mantém a tradição das produções anteriores ao apresentar conflitos geopolíticos, característica marcante nas histórias do Capitão América.
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A trama mais realista, centrada em problemas de uma Terra instável após o “estalo” de Thanos, não só traz coesão às narrativas do Capitão América no cinema, como é acertada neste momento em que o estúdio busca dar continuidade à insípida Saga do Multiverso, que teve como último representante “Deadpool & Wolverine” (2024).
Em “Admirável mundo novo”, o novo presidente eleito dos Estados Unidos, Thaddeus Ross, interpretado por Harrison Ford, tenta selar acordo com a França, Índia e Japão para explorar os recursos da Ilha Celestial, que é nada menos que o corpo de um ser cósmico derrotado nos eventos finais de “Eternos” (2021).
Localizada no Oceano Índico, a ilha é reserva de adamantium, metal quase indestrutível que reveste o esqueleto de Wolverine, mencionado pela primeira vez no universo cinematográfico da Marvel.
Sam Wilson, que assumiu oficialmente o escudo do Capitão América após a série “Falcão e o Soldado Invernal” (2021), tem colaborado com o governo norte-americano. Logo no início do filme, é dispensado quando o amigo Isaiah Bradley (Carl Lumbly) tenta assassinar o presidente.
Harrison Ford assume o papel de William Hurt, morto em 2022. A primeira aparição de Thaddeus Ross ocorreu em “O incrível Hulk” (2008), único filme solo do herói verde, cujos personagens são aproveitados em “Admirável mundo novo”. É o caso do vilão Samuel Sterns (Tim Blake Nelson), biólogo exposto à radiação gama que busca vingança contra Ross, que o manteve preso por anos.
Sterns, como muitos vilões da Marvel no cinema, é personagem raso e de motivações frágeis. Após o fim do filme, é rapidamente esquecido pelo público. No enredo, o biólogo mal chega a ser verdadeira ameaça para Sam Wilson. Surge “forçado” no papel de arqui-inimigo por meio de manobras preguiçosas de roteiro, que facilitam a realização de seus crimes.
Dualidade
O mesmo não pode ser dito do personagem de Ford, que equilibra bem a dualidade do homem colérico, digno do apelido Thunderbolt Ross, e do político que precisa mascarar sua natureza ao interagir com outros líderes mundiais.
Ao tentar resolver um conflito internacional, Sam é posto à prova como Capitão América. Mais de uma vez, questiona se Steve Rogers fez certo em confiar a ele o legado do herói. Ao contrário de Rogers, Sam, apesar do extenso treinamento militar, não tomou o soro do supersoldado. Sem a parafernália tecnológica, é um homem comum.
A consciência de suas limitações, no entanto, o motiva a provar que o amigo não cometeu erro ao escolhê-lo como substituto. Seu maior trunfo, como o filme faz questão de destacar, é não desistir da luta, característica compartilhada com o antigo Capitão América.
Além de Wilson, o longa introduz novos heróis no elenco da Marvel. Entre eles estão Ruth Bat-Seraph (Shira Haas), ex-Viúva Negra e conselheira do presidente Ross, e Joaquín Torres (Danny Ramirez), membro da Força Aérea treinado por Wilson para assumir o manto de Falcão.
Profusão de tramas
“Capitão América: Admirável mundo novo”, continuação da franquia do herói americano, não se isola das intrincadas tramas do universo Marvel. Quem não está em dia com filmes e séries anteriores pode se perder em meio à profusão de personagens e tramas paralelas.
Interligar todas as tramas, embora estratégia válida no início da década de 2010, quando a Marvel ainda se estabelecia no cinema, agora é um desafio a ser enfrentado pelo estúdio.
A criação de filmes coesos e independentes é fundamental não apenas para evitar afastar o fã, já cansado de ter de “fazer a lição de casa” antes de ir ao cinema, mas também para atrair espectadores menos comprometidos, que desejam aproveitar novas histórias de super-heróis sem a necessidade de conhecimentos prévios.
Nesse sentido, “Capitão América – Admirável mundo novo” falha, embora traga frescor ao estúdio que, desde “Ultimato”, busca reencontrar seu rumo.
“CAPITÃO AMÉRICA – ADMIRÁVEL MUNDO NOVO”
EUA, 2024, 118min. Direção: Julius Onah. Com Anthony Mackie, Harrison Ford e Danny Ramirez. Estreia nesta quinta-feira (13/2) em salas das redes Cineart, Cinemark, Cinesercla e Cinépolis.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria