CINEMA

Oscar 2025: Karla Sofía Gascón vai ou não à entrega do Oscar?

Indicada a Melhor Atriz e pivô da maior polêmica desta edição, a espanhola está em silêncio e ausente das cerimônias prévias à grande noite de Hollywood

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Karla Sofía Gascón viveu o auge e a derrocada da carreira em menos de um mês. Primeira pessoa trans da história indicada ao Oscar de Melhor Atriz, a protagonista de “Emilia Pérez” se viu envolvida em uma onda de escândalos nas últimas semanas.


Com 13 indicações ao maior prêmio do cinema – é o filme de língua não inglesa com mais indicações na história da premiação –, o musical do francês Jacques Audiard sobre um narcotraficante mexicano que se submete ao processo de redesignação social e com a nova identidade funda uma ONG para ajudar parentes de desaparecidos era dado como favorito em diversas categorias e forte concorrente à principal estatueta.


Apesar de ser cercada de contradições (é um filme sobre o México, gravado na França, com pouquíssimos atores mexicanos e fez uso de inteligência artificial em um processo chamado “clonagem de voz”), a produção ainda era bem vista pela crítica.

A campanha começou a degringolar quando declarações antigas de Karla, de 52 anos, publicadas sobretudo entre 2020 e 2021, começaram a ser resgatadas e compartilhadas por usuários da rede social X.


A atriz fez comentários depreciativos sobre o Islã, George Floyd, a diversidade no Oscar, a entrada de muçulmanos na Espanha e até sobre o corpo da cantora Adele. Nem Selena Gomez saiu ilesa. Em uma das publicações, Karla Sofía chamou a colega de elenco de “rata rica”, mas essa postagem ela nega ter feito.


Enxurrada de críticas

Os tuítes foram deletados após viralizarem e receberem uma enxurrada de críticas. A atriz trancou e, em seguida, desativou seu perfil. Em declarações à imprensa, justificou que a maioria dos comentários eram sarcásticos ou foram tirados de contexto. Atribuiu sua recirculação a uma campanha para prejudicá-la no Oscar. Pediu desculpas a quem pudesse ter se sentido ofendido e afirmou que usava a rede social como um diário, já que, segundo ela, quase ninguém a seguia por lá.


Com o escândalo, a Netflix, distribuidora do filme, se distanciou da atriz, na tentativa de preservar as chances da produção no Oscar. Inicialmente, Karla Sofía, que interpreta a personagem-título, era um trunfo na campanha promocional. Novos materiais de divulgação do filme passaram a privilegiar as atrizes Zoe Saldaña e Selena Gomez. Sem o suporte de uma equipe de relações públicas, Karla Sofía começou a se defender por conta própria.


Nas redes sociais, houve quem sugerisse que ela renunciasse à indicação. A atriz respondeu que não renunciaria porque não cometeu crime nem causou danos a ninguém. Depois que Jacques Audiard a criticou publicamente, Karla Sofía publicou um comunicado no Instagram afirmando que deixaria o filme “falar por si só”. Desde então, a atriz tem se mantido em silêncio.


Em um ano sem um grande favorito ao prêmio principal, a dúvida que permanece é se a polêmica sepultou as chances de “Emilia Pérez”. Alguns votantes do Oscar falaram à revista “Variety” sobre o impacto do escândalo, sob condição de anonimato.


Enquanto alguns acreditam que o episódio terá um peso significativo – “Deixou um gosto amargo na boca das pessoas”, disse um dos membros da Academia –, outros minimizam o fato, argumentando que os filmes são julgados pelo seu mérito intrínseco e que a nomeação é pela performance, não pelo caráter da atriz.


A votação do Oscar terminou na última terça-feira (18/2), sem a redenção de Karla, diferentemente do que ocorre com sua personagem, que, apesar de ter sido responsável pela morte de centenas, talvez milhares de pessoas como chefe de um cartel, termina o filme santificada.


A atriz não compareceu ao Bafta nem ao Critics Choice, embora estivesse indicada em ambos – não venceu em nenhum deles. Agora, resta saber se ela irá ao Oscar e, se for, como será recebida no evento marcado para o dia 2 de março.

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