Artes cênicas

Lírio do Pará apresenta "Abaeté" no Galpão Cine Horto em sessões gratuitas

Solo da artista não-binária, centrado na ancestralidade, corpos dissidentes e cultura amazônida, será encenado hoje e amanhã (21 e 22/2)

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A ancestralidade, os corpos dissidentes e a cultura do Norte do país estão no cerne do espetáculo “Abaeté”, que a artista não-binária Lírio do Pará traz a Belo Horizonte, com duas apresentações, gratuitas, nesta sexta (21/2) e sábado (22/2), no Galpão Cine Horto. Responsável pela dramaturgia e atuação solo, ela diz que a criação da peça foi motivada pelo desejo de homenagear sua avó, dona Sebastiana, natural da Ilha de Abaetetuba (PA), de quem ouvia histórias que a inspiraram a seguir a carreira de atriz.


Toda a equipe envolvida na montagem, dos diretores Dina Maia e Kevin Braga à autora da trilha sonora, Íris da Selva, é formada por pessoas LGBTQIAPN+. As questões relativas a gênero e identidade são, dessa forma, parte constituinte do espetáculo. Ele se insere no projeto de circulação “Abaeté – Corpo dissidente e amazônida pelo Brasyl”, que passa por três estados brasileiros com altos índices de violência contra a comunidade queer. Depois de Belo Horizonte, a peça segue para Fortaleza (CE) e Curitiba (PR).

 

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Memória e fabulação

A peça, uma realização do coletivo paraense Achados e Perdidos, do qual Lírio é uma das fundadoras, é centrada na personagem Abaeté, uma jovem que revisita a história de sua avó ao mesmo tempo em que questiona e busca reconstruir os papéis de gênero que perpassam gerações. “Minha avó instigou em mim a vontade de ser artista, pelos movimentos que fazia de contar histórias que me colocavam dentro de um universo que era tanto da memória quanto da fabulação”, recorda Lírio.


Essas narrativas, ela diz, tratavam da Amazônia, de sua família, da cultura de sua terra e, recontextualizadas, de elementos que dialogam com questões importantes da sociedade atual. Lírio observa que, por mais que a dramaturgia se ampare estritamente em sua vida pessoal, quem está em cena não é a atriz, mas uma personagem. “Existe uma brincadeira ficcional na obra, que é uma mistura de histórias reais e inventadas, para que tenhamos uma narrativa mais plural”, ressalta.


A montagem se situa em um lugar de interseção entre a performance, o teatro documental e experiências audiovisuais, de acordo com a artista. “Abaeté, uma jovem dissidente de gênero, vai ouvindo as histórias que sua avó conta enquanto questiona diversos fatores relacionados ao corpo, à identidade e ao território a que pertence. Esses atravessamentos estão em cena de diversas formas, por meio da interação com o público, de vídeos e da dança do carimbó, que costuram o enredo”, ressalta.

A circulação da peça inclui, além da apresentação do espetáculo, ações formativas, que, em Belo Horizonte, foram realizadas ao longo dos últimos quatro dias. O objetivo é proporcionar vivências estratégicas para o público LGBTQIAPN+, de forma a instrumentalizar essas pessoas para a produção cultural, com vistas a estimular e possibilitar a criação artística, de acordo com Lírio.


Carência de sentido

Uma dessas ações formativas, intitulada “Pedagogya do caos: a não-binariedade como uma perspectiva desobediente”, se vincula a uma pesquisa que ela desenvolve desde 2019, a partir de experiências dentro de equipamentos culturais voltados para a comunidade queer. “Sempre me inquietou olhar para obras artísticas e processos de criação carentes de qualquer sentido para as identidades de gênero dissidentes, pautados por uma perspectiva binária e uma mentalidade patriarcal”, destaca.


Ela conta que as conversas com as pessoas assistidas pelos equipamentos culturais que passou a frequentar a partir daquele ano deram o norte da pesquisa e das ações formativas que idealizou. “Selecionei matrizes, conceitos e tópicos que passam por perspectivas não-binárias de criação, levando em consideração nossas identidades. Esses conceitos estão presentes na construção desse espetáculo com que estou circulando”, diz.


Formação plural

Além de atriz e dramaturga, Lírio do Pará é técnica de palco pelo Instituto do Teatro Brasileiro, formada no curso técnico de ator pela Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará e no curso tecnólogo em eventos da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), de São Paulo. Ela também transita pela direção teatral, palhaçaria, escrita de roteiros, iluminação e gestão cultural. No teatro, destacam-se participações nos espetáculos “Horizonte de aço” (Grupo Engrenagem, 2013), “Vestido de noiva” (Coletivo de Teatro Maiêutica, 2017) e “Homem e o cavalo” (Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará, 2018). No cinema, atuou nos curtas “Conflitos II” (2018), “Hélices” (2018) e “Mururé” (2024).


“ABAETÉ”
Espetáculo com Lírio do Pará, nesta sexta (21/2) e sábado (22/2), em sessões às 16h e às 20h, no Galpão Cine Horto (Rua Pitangui, 3.613 – Horto). Entrada
gratuita, com retirada de senhas uma hora antes do início do espetáculo na bilheteria do teatro.

Outro espetáculo

 >>>“BastanteMente”

O comediante Thiago Bobs apresenta o show de stand up “BastanteMente”, nesta sexta (21/2), às 20h30, no Teatro Francisco Nunes (Av. Afonso Pena, 1.321, Centro de BH). A apresentação promete divertir o público transformando situações inusitadas e dificuldades da vida em piada. Natural de Betim, Bobs foi vencedor do 4º Festival de Humor do Triângulo Mineiro e vice-campeão do 3º Festival de Humor com Progresso, no Rio Grande do Sul. No show, Bobs compartilha com o público histórias sobre o início da carreira, incluindo a aceitação da família, as críticas dos amigos, as viagens que fez, as dificuldades tanto no palco quanto fora dele e, por fim, a transformação de tudo o que poderia ser trágico em comédia. Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), à venda pelo Sympla ou na bilheteria local, a partir de duas horas antes do início
da sessão.

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