POLÍTICA CULTURAL

Palácio das Artes em versão pop e aberto a novos públicos

Presidente da FCS, Sérgio Rodrigo Reis participa do "EM Minas", na TV Alterosa, e fala sobre popularização da ópera e reforma do Grande Teatro ainda em 2025

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Há dois anos e meio à frente da Fundação Clóvis Salgado (FCS), o jornalista Sérgio Rodrigo Reis capitaneia um projeto que está mudando o perfil do Palácio das Artes. Ao abrir-se para o grande público, a cinquentenária instituição está recebendo uma plateia que não a frequentava. Reis foi o entrevistado desta semana do “EM Minas”, programa da TV Alterosa em parceria com o Estado de Minas e o Portal Uai. Ele falou sobre a primeira reforma que o Grande Teatro vai passar em quase 30 anos e da popularização da ópera.


Quem acompanha a produção cultural de Belo Horizonte sente que houve uma abertura maior da instituição para o grande público. É verdade?
É verdade e é proposital. É uma política pública de fazer um Palácio das Artes para todas as artes e todas as pessoas, porque ele não era. Era um Palácio das Artes para as artes eruditas e para um público mais seleto. A gente começou a perceber, sobretudo depois da pandemia, que o público que ia às nossas produções começou a não ir mais. Ele se acostumou no mundo virtual e a gente começou a ter casa vazia. Ou a gente virava a chave, conversava com a vida cotidiana que estava se organizando de uma forma diferente e buscava novos públicos, ou então a gente ia ficar relegado a um nicho. A gente optou por correr o risco.

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Como foi feita essa transição?
A ópera, por exemplo, nasceu para se comunicar para o grande público. Só que ao longo do tempo ela foi se distanciando e hoje, na maioria dos lugares, é uma produção para iniciados, para quem tem paciência para ficar duas, três, até quatro horas dentro de um teatro. O que a gente fez? Buscamos uma linguagem que pudesse permitir com que novos públicos se interessassem. Começamos a criar títulos exclusivos, inspirados por Minas Gerais, e passamos a fazer não só os clássicos. Começamos com uma homenagem ao Ciclo do Ouro, que foi Aleijadinho. Nessa nova fase, a ópera sempre acontece em um cenário real. Aleijadinho estreou em Ouro Preto e, na sequência, no Grande Teatro Palácio das Artes. No Ciclo do Sertão, fizemos “Matraga”, inspirado na obra do Guimarães Rosa. Estreamos na Gruta de Maquiné e depois fomos para o Grande Teatro, para onde ela vai voltar, em maio. Agora a gente prepara uma inspirada no Ciclo do Diamante sobre Chica da Silva. Não tem nenhum outro teatro no Brasil fazendo isso, renovando o gênero da ópera e promovendo aquilo que a gente, a nossa cultura, a nossa identidade. Com esse ativo, a gente tem feito a diferença.

Que produções estão sendo planejadas para 2025?
Vamos fazer dois concertos especiais de carnaval, um no Grande Teatro e outro na Avenida Brasil, que estamos chamando de Via das Artes. Ao longo do ano, vamos homenagear as mulheres, a afro-mineiridade. Também faremos “Carmina Burana”. Na área do cinema, vamos fazer uma homenagem ao Grande Otelo. Em outubro, a gente inicia um grande passo na Fundação Clóvis Salgado, uma grande reforma para modernizar o complexo. A última foi há 30 anos, quando o teatro pegou fogo (um incêndio destruiu o Grande Teatro em abril de 1997; em julho de 1998 ele foi reaberto). Ele precisa de uma atualização para voltar a ser competitivo. Ele virou um teatro caro de produzir, porque as pessoas têm que colocar todos os equipamentos lá dentro, os de lá ficaram obsoletos. Então, isso acaba encarecendo a produção e fazendo com que a gente não comporte, por exemplo, espetáculos de teatro, porque a conta não fecha. Acabou sendo um teatro direcionado para grandes eventos populares. Nosso objetivo é voltar a ter condição de receber espetáculos de todas as vertentes.

Com a reforma, o Palácio das Artes vai ficar fechado por muito tempo?
A gente já está em reforma. Fizemos um diagnóstico de todo o complexo e acabamos de concluir os projetos da primeira fase, que vai contemplar a entrada do Palácio das Artes, o foyer e o Grande Teatro. A partir de outubro, começa a obra, com toda a atualização necessária para dar mais conforto para questões de acessibilidade.

O calendário vai ficar prejudicado?
A ideia é que a gente ocupe outros lugares fazendo com que a orquestra experimente outros palcos, que a gente trabalhe o foyer de forma diferente para abrigar as nossas produções.

Uma questão histórica da Fundação Clóvis Salgado é a dificuldade que a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais tem para se manter. Como está a situação hoje?
Eles (os músicos) são funcionários públicos e o estado já há algum tempo não tem feito concurso por causa do limite prudencial (percentual que indica o limite máximo de despesas com pessoal). A cada pessoa que se aposenta, a gente tem que contratar um (músico) para substituir. Deveria ser concurso público. Os músicos contratados resolvem a situação momentaneamente, mas artisticamente é complicado, porque não se forma um grupo coeso. Essa situação causa uma descontinuidade que realmente prejudica a orquestra como um todo.

Nos últimos 20 anos, BH ganhou palcos como o Cine Theatro Brasil, Sesc Palladium, Minascentro, que foi reformado recentemente, e o Centro Cultural Unimed-BH Minas. A concorrência é saudável?
Particularmente, acho isso ótimo. A concorrência nos movimenta, provoca a criatividade, e a Fundação e o Palácio das Artes ficaram durante muito tempo no lugar de reinar plenos e absolutos. Só que já não eram mais. O que a Fundação Clóvis Salgado e o Palácio das Artes têm de diferente é que ali existe toda a cadeia produtiva. É um lugar único que tem corpos artísticos, estrutura, escola, fábrica que produz cenários e figurinos. Quando juntamos essa força, somos imbatíveis.

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