Jornalista com 25 anos de experiência em cobertura cultural. No Estado de Minas, repórter de Cultura. Graduada em Jornalismo pela Puc-Minas e pós-graduada em Produção e Projetos Culturais pelo IEC-Puc Minas.
O jovem Timothée Chalamet, premiado pelo SAG por sua atuação como Bob Dylan no filme "Um completo desconhecido", avisa: "Quero ser um dos grandes" crédito: Valerie Macon/AFP
Realizada uma semana antes do Oscar, a 31ª edição do Screen Actors Guild Awards (SAG) só ratificou o que estava sendo ensaiado nos últimos tempos. Tudo pode acontecer na 97ª edição do prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, no próximo domingo (2/3), em Los Angeles.
O SAG é a premiação com o maior número de votantes de todo o circuito norte-americano – os números divergem, vão de 120 mil a 165 mil profissionais, entre atores, jornalistas, radialistas, músicos, dubladores e modelos. A título de curiosidade, cerca de 10 mil profissionais do audiovisual votarão no Oscar 2025.
Com quatro categorias de interpretação no segmento do Cinema, o resultado trouxe, ao menos, uma grande novidade. Timothée Chalametvenceu como Melhor Ator por seu trabalho (extraordinário, diga-se) em “Um completo desconhecido”. O filme, que chega nesta quinta-feira (27/2) ao Brasil, acompanha os primeiros cinco anos (até 1965) da carreira de Bob Dylan. Até então, Adrien Brody, protagonista do drama histórico “O brutalista”, vinha levando a melhor.
Mais jovem vencedor do SAG, Chalamet, de 29 anos, fez o discurso mais “sincerão” da temporada. “Não posso minimizar a importância deste prêmio, porque ele significa muito para mim. Sei que estamos em um negócio subjetivo, mas a verdade é que estou realmente em busca da grandeza. Quero ser um dos grandes. Sou tão inspirado por Daniel Day-Lewis, Marlon Brando e Viola Davis quanto por Michael Jordan e Michael Phelps, e quero estar lá em cima”.
Demi Moore, vencedora do SAG de Melhor Atriz por 'A substância', é forte candidata ao Oscar 2025 Matt Winkelmeyer/ Getty/ AFP
A vitória de Demi Moore como melhor atrizfortalece ainda mais sua candidatura ao Oscar. “Estava pensando sobre esta noite e percebi que não tinha pensado em quando me tornei membro desta organização incrível. Isso me deu um propósito, direção. Eu era uma criança que não tinha um projeto de vida”, afirmou a estrela de “A substância”.
Protagonista de “Ainda estou aqui”, Fernanda Torres chegará no domingo com chances ao Oscar de Melhor Atriz. No entanto, caso ganhe, será uma exceção no histórico do SAG.
Oscar de Melhor Atriz seguiu o SAG entre 2015 e 2024
Nas 10 últimas edições (de 2015 a 2024), sete vencedoras do SAG levaram o Oscar na categoria principal de atriz. Isso só não ocorreu em 2019 (Glenn Close no SAG e Olivia Colman no Oscar), 2021 (Viola Davis no prêmio do sindicato; Frances McDormand no da Academia) e 2024 (Lily Gladstone no SAG; Emma Stone no Oscar).
Levando-se em conta o resultado do Oscar da última década, todas as vencedoras haviam sido indicadas ao SAG – o que não foi o caso de Fernanda Torres.
Fernanda Torres, no papel de Eunice Paiva em 'Ainda estou aqui', vai enfrentar no domingo (2/3) fortes concorrentes ao Oscar, como Demi Moore e Mikey Madison Sony Pictures/divulgação
No entanto, como a revista “Variety” chamou a atenção, Fernanda ainda não competiu de frente contra suas concorrentes mais fortes.
No Globo de Ouro, ela ganhou no segmento de Drama – Mikey Madison, de “Anora”, e Demi Moore competiram em Comédia, com a vitória da segunda.
A protagonista de “Ainda estou aqui” também não concorreu ao Bafta (vencido por Madison) e ao Critics Choice (que deu o prêmio a Moore).
Prêmios de coadjuvantes sem surpresa
Mais tranquilas são as categorias de coadjuvantes. O resultado dos SAG referendou o favoritismo do ator Kieran Culkin (“A verdadeira dor) e da atriz Zoe Saldaña (“Emilia Pérez”). Os dois intérpretes, por sinal, venceram o Bafta, Critics Choice e Globo de Ouro.
Pelo andar da carruagem, “Emilia Pérez”, o campeão de indicações ao Oscar, cuja campanha afundou após o escândalo dos tuítes racistas da protagonista, a espanhola Karla Sofía Gascón, poderá terminar a cerimônia deste domingo com apenas uma das 13 estatuetas a que foi indicado.
Zoe Saldaña, que ganhou o SAG de Melhor Atriz Coadjuvante, consolida favoritismo ao Oscar desta categoria Valerie Macon/AFP
'Anora' sem SAG
“Anora”, de Sean Baker, que viu sua candidatura ao Oscar subir desde o fim de semana de prêmios triplos – Melhor Filme do Critics Choice, além dos troféus dos sindicatos de produtores (Producers Guild, PGA) e diretores (Directors Guild, DGA) –, saiu do SAG com as mãos abanando.
O principal troféu, Melhor Elenco, foi para o thriller “Conclave”, de Edward Berger. Dessa maneira, o filme vai chegar vitaminado ao Oscar, pois na semana passada o Bafta havia considerado a trama sobre os bastidores da eleição do papa o melhor da temporada.
Com tudo isso, a dança das cadeiras nos prêmios que antecedem a cerimônia do Oscar poderá tornar a cerimônia de 2025 uma das mais quentes dos últimos anos.
Atores Sergio Castellitto, John Lithgow, Isabella Rossellini e Ralph Fiennes ganharam o SAG de Melhor Elenco, o que aumenta as chances do filme 'Conclave' no Oscar Valerie Macon/AFP
Nas oito categorias dedicadas à TV, o SAG também reconheceu algumas das produções mais premiadas nas cerimônias anteriores. O épico “Xógum: A gloriosa saga do Japão”, no Brasil exibido pelo Disney+, levou os prêmios de Melhor Elenco de Série de Drama, Atriz (Anna Sawai) e Ator (Hiroyuki Sanada).
Também disponível no Disney+, “Only murders in the building” ganhou dois prêmios em série de Comédia: Melhor Elenco e Melhor Ator, para Martin Short. Outra veterana, Jean Smart, de “Hacks” (HBO), sagrou-se Melhor Atriz.
Por fim, a britânica Jessica Gunning, do fenômeno “Bebê Rena” (Netflix), foi eleita Melhor Atriz, e Colin Farrell, por “Pinguim” (HBO), Melhor Ator.