A editora espanhola Dos Bigotes anunciou, nesta quinta-feira (6/2), que não mais publicará um livro da atriz espanhola Karla Sofía Gascón, devido aos tuítes polêmicos que a atriz de "Emilia Pérez" postou, antes de se tornar uma estrela.




"Na quinta-feira, 30 de janeiro, veio à tona uma série de tuítes que nos levou a tomar a decisão de suspender a publicação do livro", anunciou a editora Dos Bigotes em comunicado.


A Dos Bigotes "sempre esteve comprometida com a igualdade, inclusão e diversidade. Por isso também devemos ser consistentes com a nossa forma de pensar", argumentou a editora.


O livro era um romance biográfico que a atriz publicou no México, em 2018, em uma edição "corrigida e revisada", segundo a Dos Bigotes.


Um porta-voz da editora afirmou que descarta a possibilidade de publicar o livro em uma data posterior.


Karla Sofía Gascón é a primeira mulher trans a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz, pelo papel-título no filme do francês Jacques Audiard, que teve um total de 13 indicações ao Oscar. Na trama, um traficante mexicano passa pelo processo de redesignação sexual e com a nova identidade de Emilia Pérez funda uma ONG para ajudar parentes de desaparecidos a localizar seus familiares.


Tuítes

Durante a campanha do filme pelo Oscar, que será realizado no próximo dia 2 de março, uma jornalista canadense revelou uma série de tuítes da atriz com teor racista e xenofóbico, publicados desde 2020 no X (ex-Twitter). Havia também comentários depreciativos aos esforços do Oscar pela diversidade.


“Sinto muito, é só impressão minha ou há mais muçulmanos na Espanha? Toda vez que vou buscar minha filha na escola, há mais mulheres com os cabelos cobertos e as saias abaixadas até os calcanhares. No ano que vem, em vez de inglês, teremos que ensinar árabe”, escreveu, em novembro de 2020.


Em setembro do mesmo ano, ela postou uma foto de uma família muçulmana em um restaurante, incluindo uma mulher de burca. “O islamismo é maravilhoso, sem nenhum machismo. As mulheres são respeitadas e, quando são respeitadas, ficam com um pequeno buraco quadrado no rosto para que seus olhos fiquem visíveis e suas bocas, mas apenas se ela se comportar. Embora se vistam assim para seu próprio prazer. Quão PROFUNDAMENTE REPUGNANTE”, publicou.


Também foram encontradas mensagens de 2020, em meio aos protestos do Black Lives Matter, chamando George Floyd, cidadão negro assassinado por um policial branco nos EUA, de “vigarista viciado”.


“Eu realmente acho que muito poucas pessoas se importaram com George Floyd, um vigarista viciado em drogas, mas sua morte serviu para demonstrar mais uma vez que há pessoas que ainda consideram os negros como macacos sem direitos e consideram os policiais como assassinos. Eles estão todos errados”, escreveu.


Nesta semana, o diretor Jacques Audiard criticou a atriz, dizendo que seus comentários “odiosos” são “imperdoáveis” e afirmando ainda que ela se fez de “vítima” diante da repercussão negativa de seus atos.

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