Surgido na esteira da retomada do carnaval de Belo Horizonte, em 2012, o Concurso de Marchinhas Mestre Jonas está de volta após hibernar por quatro anos, a partir da chegada da pandemia. Ao longo de nove edições, o evento se consolidou no calendário cultural da cidade e trouxe à luz nova safra de compositores que evocam a tradição de Chiquinha Gonzaga, Braguinha e Lamartine Babo.

A 10ª edição do concurso começa neste sábado (8/2), às 20h, no Distrital, com o Baile da Seletiva. O júri selecionou 12 composições a partir de cerca de 70 inscritas. Banda arregimentada por Thiago Delegado vai interpretar as concorrentes. Sete seguirão para a finalíssima, na próxima sexta-feira (14/2).



Criada em 2019, a categoria Hit do Carnaval – ritmos que não são marchinhas – também volta à baila, com a seleção de cinco composições. Três vão seguir para a etapa final, com vencedores aclamados pelo público. A novidade é o prêmio Tira o Pé da Minha Serra, que contempla canções com temática ambiental, aludindo à necessidade de preservação da Serra do Curral.

Tema Livre

Na categoria Marchinhas de Tema Livre, o prêmio para o 1º lugar é de R$ 5 mil; o 2º, R$ 3 mil; e o 3º, R$ 2 mil. As três receberão o Troféu Mestre Jonas. Na categoria Tira o Pé da Minha Serra, o prêmio é de R$ 3 mil para a vencedora, com o apoio da Minha BH, ONG que luta pela preservação da Serra do Curral. Na categoria Hit do Carnaval, o vencedor leva R$ 3 mil. No Baile da Finalíssima, a melhor fantasia ganha prêmio de R$ 1 mil.

Diretor da produtora Cria Cultura!, realizadora do evento, Kuru Lima diz que só agora teve condições de reerguer a contenda carnavalesca. “Ficamos muito destruídos do ponto de vista estrutural, com perda de quadros e perdas financeiras. Então, não consegui fazer a retomada durante o período pós-pandemia. Foram três anos de recuperação, entre 2022 e 2024”, diz, revelando que foram muitos os pedidos pela volta do Concurso Mestre Jonas.

O produtor observa que o volume de inscrições para 2025 foi bastante representativo da produção local. “Tem de uma ponta à outra, com composições, por exemplo, do Murilo Antunes, com mais de 70 anos, e de garotos de vinte e poucos anos que estão chegando agora”, aponta.

Fantasia também vai ganhar prêmio na edição de 2025 do Concurso de Marchinhas Mestre Jonas

Cria Cultura/divulgação

A categoria Hit do Carnaval veio atender à demanda de autores de canções que não são marchinhas. O segmento pode abrigar funk, reggae, eletrônica e outros ritmos. “É uma tentativa de mostrar para a cidade músicas que têm potencial carnavalesco”, diz.

As concorrentes a Hit do Carnaval serão interpretadas por formações diversas, estruturadas pelos próprios autores. Os critérios para a escolha das vencedoras em ambas as categorias são os mesmos: originalidade, letra, harmonia e melodia, além de, no dia da apresentação, a caracterização e a performance dos músicos no palco.

Kuru diz que o prêmio Tira o Pé da Minha Serra abraça uma causa premente. “A Serra do Curral é um patrimônio cultural, histórico e principalmente afetivo de Belo Horizonte. As ameaças a esse patrimônio, que têm se tornado frequentes ao longo dos últimos anos, devem ser denunciadas. As marchinhas são um bom veículo, porque fazem isso de maneira leve, divertida, o que pode garantir alcance maior”, afirma.


Trilha original

O produtor recorda a criação do concurso, em 2012, no contexto da retomada do carnaval de Belo Horizonte, iniciada entre 2009 e 2010.

“Ele veio trazer uma trilha sonora original para a retomada. Necessária, porque senão estaríamos cantando sambas-enredo do Rio de Janeiro ou axé baiano dos anos 1990 até hoje. Nada contra esses gêneros, mas são representativos de seus respectivos estados”, ressalta.

O concurso de marchinhas homenageia Jonas Henrique de Jesus Moreira, o Mestre Jonas. Cantor, compositor, violonista, artista plástico e folião belo-horizontino, ele morreu aos 35 anos, em 2011, de AVC. Criador do projeto Samba da Madrugada, Jonas lançou um álbum, Sambêro (2010)

Marcelo SantAnna/EM/D.A Press/2010


AS CONCORRENTES


. MARCHINHAS SELECIONADAS

“A tia terrorista”, de Daniel “Zezé” Correa
“Carnaval teimosia”, de Pablo Castro
“Chupê tinha”, de Bobô da Cuíca
“Deportaram o patriota”, de Marina Gomes, Emília Chamone e Bobô da Cuíca
“E vai ter Copa!”, de Davi Leão, Túlio Dayrell e Dan Oliveira
“Marchinha da caneta”, de Mauro Bainha
“Mera quimera”, de Rômulo Marques, Marcos Frederico e Murilo Antunes
“Não se meta”, de Valdênio Martinho e Alexandre Rezende
“Perdi meu marido pra BET”, de Lívia Itaborahy
“Poeta diamante”, de Flávio Boca
“Rolezin da Macuca (De bar em bar)”, de Zeca Ronaldo
“Sereia Nikole”, de Gabriel Arruda e Filipe Gonçalves


. TIRA O PÉ DA MINHA SERRA

“Aí cê me quebra”, de Myro Rizoma
“Minhoca mecânica”, de Flávio Boca
“Vai procurar outro quintal”, de Selma Santos Oliveira


. HIT DO CARNAVAL

“Amor de carnaval”, de Naroca e Faew
“Então brilha BH”, de Gustavo da Macedônia
“Rua dos sonhos”, de Cantão Olivera
“Seu cachorro tá na rua”, de Di Souza
“Tá cá cara boa”, de Michelle Andreazzi


10º CONCURSO DE MARCHINHAS MESTRE JONAS


Neste sábado (8/2), às 20h, no Distrital (Rua Opala, 55, Cruzeiro). Ingressos de R$ 20 a R$ 40, na plataforma Sympla

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