“Mickey 17”, o novo filme do diretor sul-coreano Bong Joon-ho, conhecido pelo premiado “Parasita”, foi ovacionado pelo público do Festival de Berlim. A comédia sobre a corrida espacial satiriza ambições de bilionários como Elon Musk.
Após a sessão, Tricia Tuttle, diretora da Berlinale, chamou o diretor e o elenco ao palco para um bate-papo. Bong Joon-ho falou sobre seu interesse por clonagem, um dos temas do longa.
“Fiquei fascinado com a ideia de impressão humana”, disse. “Foi incrível pensar na possibilidade de imprimir mais Robert Pattinsons. Ele é muito ‘imprimível'”, afirmou Joon-ho.
Exibido no sábado (15/2) à noite, “Mickey 17” não faz parte da competição em Berlim. “É uma história que se passa no futuro, mas também poderia acontecer no presente ou no passado”, explicou Bong Joon-ho, em coletiva de imprensa.
O protagonista Robert Pattinson, ídolo da geração “Crepúsculo”, é um dos atores britânicos mais requisitados de Hollywood. Ele faz o papel de Mickey Barnes, um jovem sem dinheiro.
Para fugir de seus problemas na Terra, acaba se tornando cobaia em uma nave espacial enviada para colonizar outra galáxia.
O bilionário Kenneth Marshall, que lembra o estilo de Elon Musk, brilhantemente interpretado por Mark Ruffalo, também participa da expedição. Bong Joon-ho contou que não teve inspiração específica para esse personagem, mas as alusões aos gurus da tecnologia dos Estados Unidos e ao trumpismo são evidentes.
Mickey, contratado como um passageiro “descartável”, está na base da hierarquia social da nave. Por isso, é enviado em todas as missões e experimentos perigosos, mas, graças a uma máquina, pode ser “reimpresso” e ressuscitar sempre que morre.
Obra-prima de Bong Joon-ho, “Parasita” ganhou a Palma de Ouro em Cannes, em 2019. No ano seguinte, fez história ao conquistar os prêmios de Melhor Diretor, Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Filme Estrangeiro no Oscar. Sátira à sociedade sul-coreana e suas desigualdades, conta a história de uma família pobre que se infiltra na casa de milionários em Seul.
'Perdedores ridículos'
Em Berlim, Bong Joon-ho afirmou desconfiar de filmes de “propaganda” e disse que quis fazer algo espetacular e divertido em seu novo longa.
“Todas as coisas que acontecem com Mickey, sua situação e a forma como ele é tratado no filme são políticas. O filme fala sobre como tratamos e respeitamos um ser humano”, comentou.
“É um filme de ficção científica em que as pessoas viajam para planetas extraterrestres em uma nave espacial. São pessoas ridículas. Não é uma grande aventura espacial onde elas atiram laser umas nas outras. Trata-se de perdedores ridículos. O filme está cheio de gente adoravelmente ridícula”, destacou o cineasta sul-coreano.