Deus, família e Spielberg lideram o ranking de agradecimentos no Oscar
Análise revela as palavras preferidas em discursos de vencedores do prêmio. O maior deles foi feito por Daniel Kaluuya, Melhor Ator Coadjuvante em 2021
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Siga noOs discursos cada vez mais longos dos vencedores do Oscar agradecem principalmente à família, à equipe de filmagem, a Deus ou a figuras inspiradoras do cinema, como o diretor Steven Spielberg. Neste domingo (2/3), a cerimônia será realizada em Los Angeles, nos Estados Unidos.
A agência de notícias AFP analisou 2,1 mil discursos proferidos desde 1953 por ganhadores de estatuetas. Mais de 80% foram feitos por homens.
Na década de 1950, eram ditas, em média, três frases por discurso. Desde então, a duração das falas aumentou, chegando a 15 frases em 2024.
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No entanto, discursos longos são desaconselhados. Os indicados de 2025 foram lembrados, nesta semana, de que não devem falar por mais de 45 segundos caso ganhem o Oscar.
Londres e Kampala
O discurso mais longo foi proferido por Daniel Kaluuya, que levou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante por “Judas e o Messias Negro” (2021), com quase 70 frases. Em três minutos e 30 segundos, ele citou cerca de 30 pessoas, de Deus à sua equipe, sua família e todos que ama, “de Londres a Kampala”.
Em contrapartida, quase 200 vencedores optaram pela brevidade com uma única frase.
Quando Charles Brackett, Walter Reisch e Richard Breen ganharam o Oscar de Melhor Roteiro Original por “Titanic” (1954), Brackett mal teve tempo de pegar a estatueta e dizer “obrigado” antes de o trio ser direcionado para o outro lado do palco.

As mulheres fazem os discursos mais longos, com mais de nove frases em média, enquanto os homens proferem sete. As vencedoras do Oscar de Melhor Atriz são as que mais falam, com 18 frases, duas frases e meia a mais do que os atores.
O elemento indispensável é a palavra “obrigado”, presente em quase 95% dos discursos analisados. Alguns expressam “gratidão”, como Vincente Minnelli em 1959, quando recebeu o Oscar de Melhor Diretor por “Gigi”.
Outros, como Arthur Harari, que recebeu o prêmio em 2024 com Justine Triet pelo roteiro de “Anatomia de uma queda”, deixam os agradecimentos a seu correcebedor.
Ganhadoras do Oscar de Melhor Atriz são as que mais agradecem, usando a palavra “obrigada” 6,2 vezes. Halle Berry dedicou metade das cerca de 60 frases de seu discurso a agradecimentos em 2002, quando se tornou a primeira negra a conquistar o Oscar por seu papel em “A última ceia”.
Considerando que o momento era muito maior do que ela, a atriz dedicou o prêmio “a todas as mulheres de cor sem nome e sem rosto que agora têm uma chance porque esta porta se abriu esta noite”.

Por outro lado, Frances McDormand, premiada em 1997 por seu papel em “Fargo: Uma comédia de erros”, dos irmãos Coen, quase não disse “obrigada”. Com o singelo “obrigada por reconhecerem nosso trabalho”, ela “parabenizou” os produtores por “permitirem que os diretores tomem decisões autônomas de seleção de elenco com base em qualificações e não apenas no valor comercial”.
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que concede o Oscar, é a entidade mais citada. Mencionada em um a cada 12 discursos na década de 1950, na última década ela foi mencionada em uma a cada duas falas.
"Deus abençoe"
Outra referência popular é “Deus”, que aparece quase 190 vezes em mais de 140 discursos. Mais de seis em cada 10 vezes a palavra se refere à figura religiosa – na metade desses pronunciamentos foi usada a expressão “God bless” (“Deus abençoe”).
Uma em cada cinco menções corresponde à expressão “Oh my god” (“oh meu deus”), fala coloquial que não tem ligação direta com a figura religiosa.
Entre as personalidades, Steven Spielberg é o mais frequentemente citado (por cerca de 40 vezes), com agradecimentos.
Nomeado 23 vezes, o influente diretor de Hollywood não deixou de incluir vários “obrigados” nos discursos pelas três estatuetas que recebeu.