CINEMA

Oscar de 'Ainda Estou Aqui' quebra barreira de política binária, diz Walter Salles  

"Vivemos um momento em que a memória está sendo apagada como um projeto de poder, então criar memória é extremamente importante", disse

Publicidade

LOS ANGELES, EUA (FOLHAPRESS) - Com a estatueta do Oscar na mão, o diretor Walter Salles celebrou o público e a cultura brasileira ao falar com jornalistas na sala de imprensa da cerimônia, além de fazer um alerta pela "fragilidade da democracia" nos Estados Unidos e no Brasil.

Memória e democracia são dois assuntos que estão no centro do filme, que se passa durante a ditadura militar brasileira, nos anos 1970, e não passaram despercebidos na entrevista do cineasta. "Os jornais viram que havia um filme quebrando a barreira do sistema político binário no Brasil e realmente oferecendo um reflexo da nossa história", disse.

"Vivemos um momento em que a memória está sendo apagada como um projeto de poder, então criar memória é extremamente importante", disse. "A democracia está se tornando frágil em todos os lugares do mundo. Nunca pensei que seria tão frágil mesmo nos Estados Unidos. Portanto, o que aconteceu no Brasil no passado parece muito próximo do nosso presente hoje em dia."

Segundo o cineasta, muito mais que um filme brasileiro foi reconhecido nesta noite de domingo com o Oscar de melhor filme internacional. "É a cultura brasileira em geral que está sendo reconhecida. É a maneira como fazemos cinema no Brasil que foi reconhecida", disse, citando também a literatura, por meio do livro de Marcelo Rubens Paiva, no qual o filme foi baseado, e a música.

"O filme é realmente liderado por Caetano Veloso, Erasmo Carlos e tantos outros cantores extraordinários cuja música realmente deu um sentido a muitas de suas cenas."

Como no seu discurso ao vivo, direto do palco do Oscar, Salles voltou a falar de Eunice Paiva, advogada brasileira que é vivida por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro em épocas diferentes da vida em "Ainda Estou Aqui". "Acho que Eunice ainda está nos guiando. Eunice está realmente nos protegendo e está aqui".

"Ao mesmo tempo, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, duas atrizes brasileiras extraordinárias, nos mostraram que resistir é importante na arte. E elas fizeram isso -resistiram e floresceram. Então, o Oscar é para essas três mulheres extraordinárias."

Ao ser questionado sobre o que achava de ser um cineasta na era digital das plataformas de streaming e das mídias sociais, Salles respondeu que não saberia responder. "Sou muito analógico!", disse, explicando que seu filme foi rodado em 35mm e que ele usou muito Super 8.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

"Tentei trabalhar de uma forma em que pudéssemos recriar a memória de um período específico, e uma das maneiras de fazer isso era realmente escapar do digital", afirmou. "Queríamos mergulhar o público naquela era específica sem nenhuma interferência artificial. Acho que isso ajudou muito."

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay
Oscar de 'Ainda Estou Aqui' quebra barreira de política binária, diz Walter Salles  
CINEMA

Oscar de 'Ainda Estou Aqui' quebra barreira de política binária, diz Walter Salles  

"Vivemos um momento em que a memória está sendo apagada como um projeto de poder, então criar memória é extremamente importante", disse

Publicidade
Carregando...

LOS ANGELES, EUA (FOLHAPRESS) - Com a estatueta do Oscar na mão, o diretor Walter Salles celebrou o público e a cultura brasileira ao falar com jornalistas na sala de imprensa da cerimônia, além de fazer um alerta pela "fragilidade da democracia" nos Estados Unidos e no Brasil.

Memória e democracia são dois assuntos que estão no centro do filme, que se passa durante a ditadura militar brasileira, nos anos 1970, e não passaram despercebidos na entrevista do cineasta. "Os jornais viram que havia um filme quebrando a barreira do sistema político binário no Brasil e realmente oferecendo um reflexo da nossa história", disse.

"Vivemos um momento em que a memória está sendo apagada como um projeto de poder, então criar memória é extremamente importante", disse. "A democracia está se tornando frágil em todos os lugares do mundo. Nunca pensei que seria tão frágil mesmo nos Estados Unidos. Portanto, o que aconteceu no Brasil no passado parece muito próximo do nosso presente hoje em dia."

Segundo o cineasta, muito mais que um filme brasileiro foi reconhecido nesta noite de domingo com o Oscar de melhor filme internacional. "É a cultura brasileira em geral que está sendo reconhecida. É a maneira como fazemos cinema no Brasil que foi reconhecida", disse, citando também a literatura, por meio do livro de Marcelo Rubens Paiva, no qual o filme foi baseado, e a música.

"O filme é realmente liderado por Caetano Veloso, Erasmo Carlos e tantos outros cantores extraordinários cuja música realmente deu um sentido a muitas de suas cenas."

Como no seu discurso ao vivo, direto do palco do Oscar, Salles voltou a falar de Eunice Paiva, advogada brasileira que é vivida por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro em épocas diferentes da vida em "Ainda Estou Aqui". "Acho que Eunice ainda está nos guiando. Eunice está realmente nos protegendo e está aqui".

"Ao mesmo tempo, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, duas atrizes brasileiras extraordinárias, nos mostraram que resistir é importante na arte. E elas fizeram isso -resistiram e floresceram. Então, o Oscar é para essas três mulheres extraordinárias."

Ao ser questionado sobre o que achava de ser um cineasta na era digital das plataformas de streaming e das mídias sociais, Salles respondeu que não saberia responder. "Sou muito analógico!", disse, explicando que seu filme foi rodado em 35mm e que ele usou muito Super 8.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

"Tentei trabalhar de uma forma em que pudéssemos recriar a memória de um período específico, e uma das maneiras de fazer isso era realmente escapar do digital", afirmou. "Queríamos mergulhar o público naquela era específica sem nenhuma interferência artificial. Acho que isso ajudou muito."

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.