NA PONTA DA LÍNGUA

Coletivo Avoante lança série de slams tendo o amor como tema

Primeira edição do "Slam avoa, amor – Edição poesia no beat" será neste sábado (15/3), no Centro Cultural Bairro das Indústrias

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Pelo microfone, alguém da organização avisa: “Cada poeta tem até três minutos no palco. Passou disso? Penalidade. Meio ponto a menos para cada 10 segundos extras.” A plateia já sabe – os jurados de cada competição são sempre escolhidos entre o público, afinal. E a vitória não é só questão de métrica, mas de presença de palco e lábia afiada.


Não se engane o leitor. Por mais que pareça, não se trata do popular Duelo de MCs, já incorporado à agenda cultural da capital mineira. Estamos falando da batalha de slam, uma competição de poesia falada em que os poetas se enfrentam apresentando suas obras de maneira performática, sem apoio musical ou elementos cênicos.


Em Belo Horizonte, as batalhas de slam ocorrem desde 2014, promovidas por diversos coletivos da cidade. Um deles é o Avoante, que neste ano realiza a primeira edição do projeto “Slam avoa, amor – Edição poesia no beat”.


Trata-se de um circuito com cinco edições ao longo do primeiro semestre. Os vencedores de cada batalha terão suas performances registradas em um audiobook do coletivo. Já o campeão da quinta e última batalha levará R$ 350 e uma vaga no Slam MG, o campeonato estadual de poesia falada.


A primeira batalha será neste sábado (15/3), no Centro Cultural Bairro das Indústrias. Qualquer um pode participar, basta se inscrever na hora e respeitar os três minutos reservados para cada apresentação.


“Quando dá três minutos, o público levanta a mão para avisar ao poeta que seu tempo está esgotado. Ele não é cortado nem tirado do palco, mas começa a perder ponto pelo tempo extra da performance”, diz Joi Gonçalves, integrante do Avoante e uma das idealizadoras do “Slam avoa, amor – Edição poesia no beat”.


Mas tem gente que se empolga e continua, mesmo sabendo que será penalizado. Joi se lembra de quando um participante se empolgou tanto que estendeu a apresentação para seis minutos. “Foi numa edição do Slam BR, em Itabira. O rapaz já tinha percebido que ele não iria ganhar e decidiu apresentar um texto que para ele tinha um significado muito forte”, conta ela.


As poesias repletas de críticas sociais são uma característica do slam e ganharam força especialmente a partir de 2017. Temáticas como orgulho LGBTQIA+, negritude e feminismo se tornaram mais presentes do que quando o slam começou em BH. Por isso, nessa primeira batalha, o Coletivo Avoante decidiu que as poesias apresentadas devem tratar do amor, em todas as suas formas.


“O slam ganhou um caráter político, o que não é ruim, mas isso acabou limitando as pessoas a escrever sobre um único tema, perdendo a oportunidade de ressignificar outros assuntos e escrever sobre diferentes perspectivas”, avalia Joi.


Isso não significa que questões políticas estejam banidas dessa primeira batalha. Se um competidor conseguir unir temas políticos com o amor, ele está livre para fazê-lo.


Jornadas de junho

A politização do slam é reflexo de um momento político conturbado no Brasil. As batalhas começaram a ser realizadas em Belo Horizonte após as Jornadas de Junho de 2013, quando uma série de protestos contra o aumento das tarifas de transporte público se expandiu, passando a refletir insatisfação com a corrupção, os gastos excessivos com a Copa do Mundo e a precariedade dos serviços públicos.


Em seguida, o país passou a se polarizar durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e essa divisão política se intensificou nos anos seguintes.


“Ao longo desses anos, as pessoas passaram a declamar outros tipos de texto no slam, buscando um novo espaço e uma nova forma de performance. Isso fez com que o tipo de poesia dito se tornasse mais específico”, observa Joi.


A proposta, agora, é trazer um pouco de leveza para as apresentações. “Embora haja a competição, o slam é, acima de tudo, uma grande diversão. E precisamos de iniciativas como essa, especialmente voltadas para as juventudes”, diz.


As próximas batalhas do “Slam avoa, amor – Edição poesia no beat” acontecerão nos Centros Culturais Lindeia Regina, no Barreiro (12/4); Vila Fátima, na região Centro-sul (10/5); e Zilah Spósito, na região Norte (14/6). A edição de 9/8 ainda não tem lugar definido.


“SLAM AVOA, AMOR – EDIÇÃO POESIA NO BEAT”
Batalha de slam. Neste sábado (15/3), a partir das 18h, no Centro Cultural Bairro das Indústrias (Rua dos Industriários, 289, Indústrias I), no Barreiro. Entrada franca. Mais informações pelo Instagram: @coletivoavoante.

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