Novo jogo de "Assassin's Creed" gera polêmica
Além das conhecidas reconstruções históricas, novo jogo da franquia apresenta um samurai negro no Japão do século 16
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Siga noO novo jogo da franquia “Assassin's Creed”, conhecido pelas suas minuciosas reconstruções históricas, gera polêmica ao apresentar um samurai negro no Japão do século 16. “Shadows”, que estreiou ontem, é o 14º jogo da saga. O cenário foi desenvolvido em 3D, com cidades fortificadas e majestosos templos.
"Fizeram um trabalho realmente assustador, muito preciso na reconstrução", se entusiasma Pierre-François Souyri, historiador francês especialista em Japão e consultor do jogo. A empresa francesa criadora do jogo, Ubisoft, contratou uma dezena de especialistas e historiadores, principalmente franceses e japoneses, para deixar tudo mais parecido com a realidade histórica e evitar clichês.
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No entanto, uma escolha em particular tem gerado uma série de debates: Yasuke, um personagem negro a serviço do senhor da guerra, Oda Nobunaga, com status de samurai. Este título indignou uma parte dos jogadores japoneses, até o ponto de fazerem uma petição para denunciar "um grave problema de precisão histórica e uma falta de respeito cultural", que reuniu mais de 100 mil assinaturas.
"O plano do jogo é afirmar que ele era um samurai", explica Souyri. "Não se trata de uma tese universitária. É um personagem que realmente existiu", insiste o especialista, "mas os textos que o mencionam dizem coisas difíceis de interpretar".
Em contrapartida, Yuichi Gozai, professor-adjunto do Centro Nacional de Pesquisa para os Estudos Japoneses em Kioto, considera que "nada prova que Yasuke tinha tais habilidades" de samurai. "Yasuke foi conhecido pela sua cor de pele e sua força física", assegura este especialista do Japão Medieval, que considera provável que "(o senhor da guerra) Oda Nobunaga manteve Yasuke ao seu lado para utilizá-lo como um espetáculo".
As acusações de "apropriação cultural" ou de "insensibilidade" em relação à história de minorias étnicas ou religiosas tem sido habituais nos últimos anos em Hollywood e no mundo da arte e da literatura. A princípio, essas acusações provém de círculos acadêmicos de esquerda ou de ONGs.
Campanha de desestabilização
A saga de “Assassin's Creed” já foi criticada no passado, por exemplo, quando abordou a época da Revolução Francesa, no entanto, esta é a primeira vez que enfrenta críticas tão virulentas antes do lançamento de um episódio.
"Nosso uso de Yasuke foi instrumentalizado por uma determinada população para transmitir sua própria mensagem", lamenta Marc-Alexis Côté, produtor executivo da franquia “Assassin's Creed”. Tratar da história do Japão segue sendo um tema sensível.
"Entendo o princípio do secularismo na França, mas é importante reconhecer que insultos sem consideração à religião podem provocar reações fortes", enfatiza Yuichi Gozai. Ele acrescenta que "se essas representações reforçarem a discriminação e o preconceito em relação ao Japão, elas se tornarão contraproducentes". Para Gozai, “Assassin's Creed Shadows” cristaliza claramente "essas preocupações".