DISCO

Conheça a Glasgow 9, banda com médicos que lançou o disco 'Bipolar'

Formado por dois cirurgiões e dois músicos, grupo mineiro tem canções sobre transplantes, morfina, manicômios e anestesia

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Formada por dois músicos e dois cirurgiões, a banda mineira Glasgow 9 lança o álbum “Bipolar”. O título “médico” vem a calhar, pois três das nove faixas autorais do disco se chamam “Morfina”, “Anestesia” e “Manicômio”.

O compositor é o neurocirurgião José Augusto Malheiros, também vocalista e guitarrista. Os outros integrantes da Glasgow 9 são Gustavo Meyer, cirurgião de cabeça e pescoço, o guitarrista Leo Lachini (ex-Tianastácia) e o baterista Diego Gandra (bateria).

A sonoridade tem influências do rock clássico e da surf music. Letras convidam o público a refletir sobre as emoções humanas e reviravoltas da vida, afirma José Augusto Malheiros. “A gente sempre tocou covers, mas agora estamos focando mais na música autoral”, diz.

“O álbum se chama 'Bipolar'. Vamos dizer que o mundo é bipolar”, ironiza o médico e compositor. “A característica básica é que as músicas têm temas diferentes, com a parte bem levinha de surf music e outra com letras mais pesadas, da vivência médica”, comenta.

Black Sabbath e rap

A faixa “Morfina” é rock mais pesado, com influência do Black Sabbath. “'Data querida' fiz para minha noiva e é meio um rap”, diz José Augusto.

O álbum de estreia da Glasgow 9 é literalmente pautado pela bipolaridade, por assim dizer. “Ele tem músicas mais românticas e outras pesadas, além daquelas mais médicas. Algumas são bem controversas, com temas profundos, e há algumas mais leves”, diz o autor.

Entre as canções “médicas” está “João”, inspirada em um paciente com morte encefálica, cuja letra fala de transplante de órgãos. “Eu tinha acabado de me formar como neurocirurgião”, relembra Malheiros, que coordena a equipe de neurocirurgia do Hospital Orizonti e uma das equipes da mesma especialidade do Hospital Mater Dei.

“O paciente era um jovem vigilante. Conversei com a mãe dele, expliquei que o cérebro havia parado, mas os órgãos estavam bons”, relembra o doutor letrista.

A faixa “Me espera aqui” ganhou até monitor cardíaco. “Nela, mostro a vivência da equipe de enfermagem no CTI”, comenta.

Já “Manicômio” passa longe da “Balada do louco”, dos Mutantes. “Faço uma crítica ao ambiente dos pacientes internados”, explica.

Bloco cirúrgico

“Anestesia”, baseada em outro episódio que realmente ocorreu, é a conversa entre o anestesista e um jovem baleado envolvido com drogas. “Eu estava para entrar com ele no bloco cirúrgico. O anestesista lhe pede para sair daquela vida, senão poderia morrer.”

O letrista conta que viaja o Brasil inteiro fazendo cirurgias e compondo. “Sempre gostei de escrever e cantarolar música. Às vezes, gravava e colocava no estúdio quando voltava para casa.”

O processo ficou bem mais fácil quando Leo Lachini, o Leozinho, abriu um estúdio. “A gente ia lá para ensaiar, sem intenção de fazer música autoral, mas a coisa foi acontecendo”, diz Malheiros.

Deu tão certo que vem por aí o disco “Bipolar II”, cujo single, “Recado”, é diferente do repertório atual, com mais violão. “Fiz a canção para a minha filha de 15 anos”, explica José Augusto.

No início, a Glasgow 9 contava com mais um médico, além de Malheiros e Meyer. “O terceiro não estava conseguindo conciliar trabalho e música. Então, o Leozinho entrou em seu lugar. Hoje, a banda somos nós quatro: dois médicos e dois músicos.”

Detalhe: o nome do grupo, Glasgow 9, vem da escala usada por neurologistas para avaliar o estado de consciência dos pacientes.

“BIPOLAR”

• Disco da banda Glasgow 9
• Nove faixas
• Disponível nas plataformas digitais

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