'Carmina Burana' retorna ao PA com Coral Lírico e Orquestra Sinfônica
Com apresentações hoje e amanhã, no Palácio das Artes, montagem conta ainda com participação do Coral Infantojuvenil e de três solistas
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Siga noEm abril de 2023, o Coral Lírico e a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais levaram para o palco do Grande Teatro Cemig do Palácio das Artes um formato inusitado da popularíssima “Carmina Burana”, do alemão Carl Orff: dois pianos, seis instrumentos de percussão e coro. A peça, cumpre dizer, foi composta para ser tocada por grande orquestra, exigindo de todos os instrumentos de corda, percussão, sopro, metais e madeiras.
Agora, para abrir a temporada 2025 de concertos, Coral Lírico e a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais voltam ao palco do Grande Teatro, hoje e amanhã (25 e 26/3), para apresentar novamente a obra de Carl Orff. Dessa vez, no formato original, com participação do Coral Infantojuvenil Palácio das Artes e dos solistas Melina Peixoto (soprano), Aníbal Mancini (tenor) e Lício Bruno (barítono). Os ingressos estão esgotados.
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Ao longo de 25 movimentos, a cantata do compositor alemão remete ao século 12, quando monges pobres e errantes, chamados posteriormente de goliardos, escreveram uma série de poemas satíricos e eróticos que refletiam o espírito transgressivo e provocador do clero alemão. Esses poemas foram encontrados em 1847 pelo estudioso de dialetos Johann Andreas Schmeller e publicados com o título de "Carmina Burana" (que em latim significa “Canções de Benediktbeuern”). Quase um século depois, em 1936, Carl Orff leu aquilo e decidiu musicar alguns dos textos.
PRAZERES DA VIDA
'Carmina Burana’ fala dos prazeres da vida. O prazer do amor, da comida, da bebida, da paixão e do sexo”, destaca o barítono capixaba Lício Bruno. “Por isso, é sempre um prazer interpretá-la”, acrescenta.
Ao longo dos quase 30 anos de carreira, ele já participou de ao menos 10 montagens de “Carmina Burana”. Uma delas foi a de 2023, no formato de dois pianos proposta pelo Coral Lírico e a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais.
Comparada com outras peças para coral – como os requiems de Mozart e de Brahms ou a “Missa em si menor”, de Bach –, “Carmina Burana” costuma ser considerada uma obra fácil de ser montada. “Carl Orff criou algo extremamente rico em rítmica. São melodias relativamente simples e extremamente fáceis de memorizar, mas muito ricas no tratamento do rítimo”, avalia Lício.
A obra, de acordo com o barítono, conta ainda com tratamento harmônico simples, “mas, ao mesmo tempo, sofisticado, com algumas dissonâncias em alguns momentos. E o resultado é uma obra de forte apelo junto ao público”.
Contudo, existe uma série de dificuldades para os solistas. As intervenções do barítono, por exemplo, transitam entre o suave e o vigoroso nos diferentes contextos da cantata. Quando canta “Dies, nox et omnia”, deve se mostrar apaixonado, empurrado pelas tristezas do amor para os níveis mais altos de sua tessitura.
É totalmente diferente de quando interpreta “Veris leta facies”, na qual anuncia, com tranquilidade, a chegada da primavera e os primeiros passeios nos campos. Trata-se de uma espécie de bonança, que chega depois do inverno e da nevasca.
“É a hora de encontrar as flores e reencontrar o amor, a alegria e o prazer da vida. Também é o tempo de encontrar os prazeres da taberna e da bebida. É como se o indivíduo escapasse dos problemas se refugiando na taberna. E, lá, ele reencontra o sentimento de amor, sobretudo o amor jovial, entre um homem e uma mulher”, explica Lício.
“Carmina Burana” percorre os 25 movimentos em tom suave, mas crescendo em velocidade do andamento. Tudo o que é dito se faz de maneira separada, cortada e acentuada em determinados pontos, a fim de evidenciar o paroxismo humano. Contudo, embora seja um clássico incontestável da música erudita, a cantata já foi associada ao regime nazista por causa do sucesso obtido entre os nazistas.
Carl Orff, inclusive, ganhou a pecha de ter contribuído com o regime por isso e também por outras situações mais complexas e delicadas de sua biografia – em carta póstuma, o compositor revela se arrepender por ter sido “omisso” com os amigos judeus durante o holocausto.
A comparação, entretanto, não é justa. “Carmina Burana” é simplesmente uma ode ao hedonismo, explorando diferentes aspectos da vida humana, desde a renovação da natureza até os prazeres mundanos e os amores terrenos. É uma peça de extraordinária vitalidade e intensidade, que alia tradição e modernidade em expressão artística vibrante e visceral.
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“CARMINA BURANA”
• Concerto do Coral Lírico de Minas Gerais e da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais.
• Com participação do Coral Infantojuvenil Palácio das Artes e dos solistas Melina Peixoto (soprano), Aníbal Mancini (tenor) e Lício Bruno (barítono).
• Hoje e amanhã (25 e 26/3), às 20h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro).
• Ingressos esgotados. Informações: (31) 3236-7400.