Filme "Câncer com ascendente em virgem" se baseia na vida da produtora
Longa-metragem brasileiro que estreia nesta quinta-feira (27/3) foi escrito a partir da experiência de Clélia Bessa com o câncer de mama
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Siga noAbordar o câncer com leveza soa incongruente, mas foi essa a missão que a equipe do filme “Câncer com ascendente em virgem”, que estreia nesta quinta-feira (27/3), tomou para si.
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O longa dirigido por Rosane Svartman, que tem Suzana Pires se desdobrando nas funções de roteirista e protagonista, parte da experiência real da produtora Clélia Bessa, que há pouco mais de 15 anos foi diagnosticada com um câncer de mama.
Durante o tratamento que a curou em 2008, ela lançou o blog “Estou com câncer, e daí?” – agora disponível no livro homônimo (Editora Cobogó) –, falando da forma como encarou a doença. Os textos publicados no ambiente virtual foram o ponto de partida para o roteiro.
Foi a própria Clélia quem teve a ideia de transformar seus relatos sobre o enfrentamento do câncer e o tratamento em filme. Ela convidou Rosane para assumir a direção e, juntas, pensaram em Suzana para escrever o roteiro.
“Sou produtora de cinema, e os produtores estão sempre em busca de boas histórias. Achei que essa, por coincidência a minha própria, poderia render um filme. Quando escrevi o blog, senti uma receptividade muito grande dos leitores e uma via de mão dupla, ou seja, eu estava falando com pessoas que interagiam com o assunto. Então percebi que ali poderíamos contar essa história de forma mais abrangente, e assim aconteceu”, afirma.
Convite duplo
Suzana conta que o convite feito pela produtora e pela diretora em 2019 já chegou como um combo, para que assumisse o roteiro – escrito em parceria com Martha Mendonça e Pedro Reinato, com as colaborações de Ana Michelle, Rosane Svartman e Elisa Bessa, filha de Clélia – e estrelasse o longa. Ela diz que começou a escrever em 2020, junto com Martha, com quem já tinha dividido a função de roteirista no filme “De perto, ela não é normal”.
“Acabamos chamando outras pessoas para trabalhar junto. Foram três anos e meio para chegar no filme que temos hoje, com esse roteiro colaborativo, que consistiu numa tradução do blog da Clélia para a linguagem audiovisual, entendendo as essências desse blog”, diz. Ela explica que, seis meses antes do início das filmagens, começou a se preparar para a personagem Clara, uma professora que, após receber o diagnóstico de câncer de mama, começa a rever sua vida sob uma nova perspectiva.
Rosane assumiu a frente do roteiro, com os parceiros. Suzana observa que “Câncer com ascendente em virgem” é o segundo projeto em que acumula as duas funções, de roteirista e atriz – o primeiro foi “De perto, ela não é normal”, lançado em 2020 –, e que, portanto, já sabia o momento de deixar uma para se dedicar a outra.
“O humor do texto veio do próprio blog. O olhar da Clélia para todo o ciclo da doença sempre foi muito bem-humorado, mesmo nos momentos mais difíceis. Além disso, eu estava passando pela quimioterapia do meu pai, que, assim como ela, tem um olhar bem-humorado para a vida. Muitas situações, piadas e a gangorra entre drama e humor vieram dos dois”, afirma.
Durante sua jornada de cura e autodescoberta, a personagem Clara se aproxima da mãe, Leda (Marieta Severo), e da filha, Alice (Nathália Costa), e conta com o apoio de Paula (Carla Cristina Cardoso), amiga antiga que reforça a alegria e o amor pela vida, e de Dircinha (Fabiana Karla), com quem divide os momentos de quimioterapia. Maria Gal, Mariana Costa, Yuri Marçal, Heitor Martinez, Gabriel Palhares e Pedro Caetano também compõem o elenco.
Viver a vida
“A mensagem do filme é: viva a vida com toda a sua potência, sua coragem e seus afetos. O público pode ir ao cinema esperando risadas, lágrimas e emoções, porque o filme entrega tudo isso de maneira leve. É um filme para sair do cinema com vontade de viver. No filme, optamos por mostrar a sororidade entre as mulheres de uma maneira menos romântica e mais prática. Elas se apoiam com firmeza, sem cair no melodrama”, diz Suzana.
Segundo ela, trabalhar o roteiro a várias mãos foi um facilitador. “Foi muito importante, por exemplo, a Ana Michelle (jornalista e escritora que conviveu com um câncer por 12 anos e morreu aos 40, em 2023) revisar as falas da minha personagem, porque a maneira que a Clara encara a doença é a mesma com que Ana encarou, com leveza, se deixando transformar, dizendo que 'o contrário de morte não é vida, é nascimento; vida é o que tem no meio'. O filme é sobre isso, sobre o que você está fazendo com sua vida agora”, diz.
“CÂNCER COM ASCENDENTE EM VIRGEM”
(Brasil, 2023, 101 min.). Direção: Rosane Svartman. Com Suzana Pires, Marieta Severo e Nathália Costa. Estreia nesta quinta-feira (27/3), no Shoppig Cidade, no Shopping Boulevard, no Ponteio Lar Shopping, no Shopping Del Rey, no Itaú Power Shopping, no Pátio Savassi, no Monte Carmo, no Via Shopping e no UNA Cine Belas Artes.