LITERATURA

Hugo César lança hoje em BH "O impostor cotidiano" 

Autoficção sobre jovem que disfarça sentimentos para se adaptar socialmente é estreia na literatura do psicanalista, que autografa o livro neste domingo (30/3) 

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No Brasil, Hugo. Na Alemanha, Rhugo. A mesma pessoa? Sim e não. Mais do que a localização geográfica, é o tempo que separa os dois (R) Hugos na novela “O impostor cotidiano” (Moinhos). Obra de estreia de Hugo César, será lançada neste domingo (30/3), em manhã de autógrafos na livraria Livres, no Mercado Novo.


“Autoficção é uma forma de escolher narrar a própria vida. Neste caso, com um personagem irônico e divertido, puxando um pouco para o vergonhoso”, comenta Hugo César, de 41 anos, que reflete sobre sua experiência na juventude para construir a narrativa ficcional.


“Se eu fosse você, viraria um ativista do homem comum, um impostor cotidiano que prefere o conforto submisso dos dedos sujos de carimbo, enquanto todos ainda estão ocupados demais digitando epitáfios estúpidos para matar o tempo no Instagram”, é o conselho que Rhugo dá a Hugo na carta que abre o livro.


“Hoje, com a internet, você descobre pessoas com quem conversar. A minha adolescência, por outro lado, foi muito condicionada com o lugar em que vivia. Eu tinha que fingir ser um pouco diferente para me entrosar”, comenta Hugo César, que cresceu em um ambiente majoritariamente feminino.


Em casa, a convivência diária era com a mãe, as três irmãs mais a babá. “Na adolescência, o universo masculino me parecia agressivo, não me agradava. Então me sentia sozinho.”


A literatura não foi uma opção de juventude, ele conta. Nascido em Catalão, interior de Goiás, em uma família mineira, Hugo César chegou ainda bebê a Ipatinga, no Vale do Aço, onde foi criado. Mudou-se para Belo Horizonte para fazer o Vestibular. Graduou-se em Psicologia pela UFMG, posteriormente fez psicanálise. Há sete anos radicou-se em Florianópolis.


Intercâmbio

Antes disto, no entanto, fez intercâmbio. É este período que levou para o livro. Foi justamente para suprir parte da solidão de viver num país estrangeiro que ele começou a escrever. “A escrita surgiu para mim com a forma de diário, principalmente na Alemanha”, conta ele, que, mesmo sendo um leitor desde sempre, via a literatura como algo distante.


“A primeira pessoa que conheci que tinha livro publicado foi a Ana Cecília Carvalho, minha professora na faculdade”, conta. É da escritora, a primeira psicanalista a integrar a Academia Mineira de Letras, o posfácio do livro.


“O impostor cotidiano oferece uma reflexão importante: a vida não para de nos confrontar com algumas das experiências da juventude que acreditávamos terem sido superadas – por exemplo, o sentimento de exclusão, complicado pelo desprezo com que os mais velhos são tratados em uma cultura que, aspirando ser eternamente jovem, volta as costas para tudo que mostra a nossa própria finitude”, escreve Ana Cecília.


A experiência universitária aproximou Hugo César da literatura – ele também cita outro professor, o psicanalista Lúcio Marzagão, como forte influência. A prática vem principalmente a partir do encontro com a escritora Laura Cohen, à frente do Estratégias Narrativas, iniciativa de cursos e oficinas literárias.


“Foi ali que comecei a escrever mesmo. Estar envolvido com a escrita é estar envolvido com pessoas de quem gosto. Ao ler um livro de um autor que gosto, me sinto dialogando com ele”, comenta Hugo César. Muitas de suas referências escrevem autoficção, como o mineiro Jacques Fux, que assina a orelha de “O impostor cotidiano”, e o paulista Ricardo Lísias.


“Lembro que um dos primeiros livros (de autoficção) que li foi ‘Divórcio’ (2013, de Lísias). O personagem tinha o nome dele, partia das vivências que ele tinha tido. Era difícil separar autor e obra. Mas foi essa estranheza, nova para mim na época, que começou a me interessar. Eu finjo que sou outra pessoa para poder contar uma história”, diz o escritor.


Atualmente, ele se dedica a uma nova narrativa, que acompanha o relacionamento de 40 anos de um casal. Eles se conhecem a vida toda e a relação, que começou como uma amizade e depois evoluiu, chegou ao momento de ruptura. 

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