Daniella Zupo lança livro de viagem neste sábado (5/4), em BH
'O dia em que encontrei Bob Dylan numa livraria de Estocolmo' relata as andanças da jornalista e escritora pelo mundo
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Siga noPara quem vive de viajar, a pandemia representou uma pá de cal. “O jeito foi viajar pela memória”, diz a jornalista e escritora Daniella Zupo. Ela recorreu a essa artimanha para lidar com o isolamento social e, sem perceber, acabou escrevendo um livro de viagem.
Atenção, leitor: não se trata de guia turístico, mas de experiências durante uma jornada da autora por diferentes lugares.
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Editado pela Miguilim e com lançamento neste sábado (5/4) em BH, “O dia em que encontrei Bob Dylan numa livraria de Estocolmo” traz relatos de Daniella sobre suas andanças pelo mundo. Entre os destinos estão Lisboa, Ouro Preto, Oia (Grécia), Florença, Salisbury (Reino Unido) e Kiruna (Suécia), além, claro, de Estocolmo, onde a autora se “encontrou” com o cantor, compositor norte-americano e Nobel de Literatura.
O encontro, no entanto, não foi literal. Tampouco Dylan tem conhecimento desse rendez-vous. Na livraria sueca, os olhos de Daniella, fã confessa do artista, pousaram “no vão entre duas prateleiras, sobre uma foto de Dylan. Penso que ele me seguiu até ali. 'My own words', é o que Bob me diz”, escreve a autora.
"Bob Dylan é um personagem peregrino. Ele fala disso nas letras e reflete essa ideia na maneira como vive”, comenta Daniella. “Esse espírito é a essência do livro”, acrescenta.
Traçando paralelos com a música, “O dia em que encontrei Bob Dylan…” reflete o trabalho de anos da autora como jornalista cultural especializada no universo das canções.
Cada parágrafo é precedido por epígrafe com versos de poetas e compositores importantes em sua trajetória. Estão lá Dylan, Fernando Pessoa, Leonard Cohen, Ronaldo Bastos, Fernando Brant, Gilberto Gil e Patti Smith, de quem Daniella se diz devota.
Clube da Esquina
Versos da emblemática “Paisagem da janela” (“Da janela lateral do quarto de dormir/ Vejo uma igreja, um sinal de glória/ Vejo um muro branco e um voo pássaro/ Vejo uma grade, um velho sinal”), canção de Fernando Brant e Lô Borges, abrem o capítulo sobre a viagem da autora a Ouro Preto.
A cidade é frequentemente associada à canção do Clube da Esquina, embora o mito de que Brant se inspirou nela jamais foi confirmado.
Sobre a antiga Vila Rica, Daniella ressalta que há algo de metafísico lá, e visitar a cidade é como “adentrar no mistério da fé”, caminhando por outros tempos, “como quem atravessa um portal na névoa”.
De lá, seguimos para Oia, na ilha grega de Santorini, conhecida por suas casinhas brancas com cúpulas azuis e o lendário pôr do sol. Foi por aquelas bandas – mais especificamente na ilha de Hydra – que Leonard Cohen conheceu Marianne Ihlen, musa das canções “Bird on the wire” e “So long, Marianne”.

Da Grécia, embarcamos para Stratford-upon-Avon, cidade natal de Shakespeare, na Inglaterra. Antes disso, em Munique, a autora revisita o passado na tentativa de reencontrar a jovem que ela própria foi, quando lá viveu.
Stratford-upon-Avon é singular. Ali, Daniella serviu de olhos para um cego, narrando os detalhes da Guild Chapel: arquitetura gótica, abóbadas de madeira e paredes de pedra. No teto, pinturas do século 15 retratam figuras sacras e a morte personificada, ceifando figuras de diferentes classes sociais.
O périplo passa por Florença, Brighton e Berlim. Há paradas na América do Sul, em Buenos Aires, Santiago e Arraial d’Ajuda.
“Há muitas outras viagens que nem sequer entraram no livro, e nem sei por quê”, revela Daniella. “Mas as que entraram expressam bem o âmago da obra. A viagem é uma grande metáfora da vida. A gente planeja, mas, às vezes, as coisas fogem do nosso controle. Devemos estar abertos a isso, porque o infortúnio pode ser sorte, um presente”, afirma.
A viagem, continua a jornalista, “é um deslocamento para fora e também para dentro. Você mergulha em si mesmo e passa por experiências de alta voltagem, que te marcam profundamente”.
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Como toda viagem, chega a hora do retorno: o fim do livro. A distância ensina e fortalece, mas é no lar que se encontra a paz, a tranquilidade – e por que não? – certo alívio.
“O DIA EM QUE ENCONTREI BOB DYLAN NUMA LIVRARIA DE ESTOCOLMO”
• De Daniella Zupo
• Editora Miguilim
• 176 páginas
• R$ 79
• Lançamento neste sábado (5/4), a partir das 11h, na Livraria da Rua (Rua Antônio de Albuquerque, 913, Savassi).