MÚSICA BRASILEIRA

Cantora baiana Josyara lança "Avia", com 10 faixas, nas plataformas digitai

Novo trabalho da artista reforça a riqueza e diversidade de seu repertório, ampliando ainda as parcerias e participações especiais com nomes da nova cena musica

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O nome é uma homenagem aos avós, José e Iara. No entanto, por sugestão de um tio que trabalhava com produção cultural em Bom Jesus da Lapa (BA), a cantora e compositora baiana Josyara, de 35 anos, deu os primeiros passos na música se apresentando como Josy Lélis.

 

“No meu primeiro álbum, eu assinava desse jeito”, lembra ela, referindo-se a “Uni Versos” (2012), disco que nem chegou a ser lançado nas plataformas digitais. “Mas eu nunca gostei dessa assinatura. Não gostava de como soava, nem me identificava com esse nome. Acho que meu tio sugeriu porque era uma época em que as pessoas se ancoravam muito no sobrenome”, revela, observando que, apesar de ter o mesmo sobrenome do vocalista do Asa de Águia, o também baiano Durval Lélys, não há parentesco entre eles.

Josy Lélis virou Josyara já no trabalho seguinte à “Uni Versos”. Lançado em 2018, “Mansa Fúria” é o disco que pode ser considerado a estreia dela. Foi com ele que a artista entrou no cenário nacional, destacando-se pela maestria com que toca violão e pela fusão do instrumento com percussão e texturas eletrônicas, entrelaçadas a letras que abordam temas como racismo, liberdade sexual e crítica social.


Na sequência, veio “ÀdeusdarÁ” (2022), onde a artista explora ainda mais a percussão afro-baiana e os elementos eletrônicos, contando com colaborações de Margareth Menezes e Juliana Linhares.


Agora, ela lança “Avia”, que em 10 faixas reforça a riqueza e diversidade de seu repertório, ampliando também as parcerias. Há composições em colaboração com Pitty, Liniker, Juliana Linhares e Iara Rennó; e participações especiais de Chico Chico e Pitty.


PRESSA PARA VIVER


O nome do disco, por si só, é sugestivo. Em linguagem poética, “Avia” carrega uma carga simbólica ligada ao impulso, ao movimento e à urgência de viver e agir – exatamente o espírito que atravessa as letras do álbum.

Sonoramente, o título também remete ao verbo “haver” conjugado no pretérito imperfeito (“havia”), evocando outra constante nas canções de Josyara: a ausência do ser amado, que há pouco andava ao lado do eu-lírico das canções.


A primeira faixa do disco é “Eu gosto assim”, releitura da canção de Anelis Assumpção, filha de Itamar Assumpção (1949-2003), figura central da Vanguarda Paulista. “Pra me sacar não tem segredo / Sou bem fácil de acessar / Agonia demais é que me amarga / Eu gosto mesmo é de gostar”, canta Josyara, como se apresentasse a si mesma ao público de forma direta e sincera.


À primeira escuta, a música pode parecer singela, dando protagonismo à voz e ao violão. Mas logo nos primeiros arpejos e dedilhados, com a voz entrando em contratempo, a complexidade da canção se revela.


Na sequência, surgem “Seiva”, composta com Iara Rennó, e “Festa nada a ver”, autoral. As duas exploram, respectivamente, o prazer sexual e a frustração de uma relação rompida, temas que atravessam várias das faixas seguintes.


“Moinhos não movem ventos / Partidas não são só lenços / Saudades não são soluços”, canta ao lado da roqueira Pitty em “Ensacado”, releitura de Cátia de França e Sérgio Natureza. E em “Corredeiras”, avisa: “Não, não preciso dessa culpa / Toda escolha é nobre / Toda reza ajuda / Pra sobreviver dos redemoinhos do coração”.


LÍNGUA AFIADA


Mas Josyara não se limita a lamentar. Em “Sobre nós”, escrita com Pitty, mostra a língua afiada ao provocar: “Eu, você e seu umbigo / Triângulo lindo / Pra sempre unidos”.


“‘Avia’ é um disco que já nasceu roteirizado. Eu sabia aonde queria chegar com ele e fui organizando as faixas de forma que uma puxasse a outra”, explica.

A estrutura do álbum também foi pensada para que o ouvinte tenha a impressão de estar escutando um vinil dividido em lado A e lado B. As primeiras cinco músicas (o lado A) são mais calmas, com destaque para o violão percussivo e a voz potente da cantora.


O lado B vem com mais ousadia: “Sobre nós”, “De samba em samba”, “Eu não sou prova de amor” (com Juliana Linhares), “Peixe coração” (com Liniker) e “Oásis (A duna e o vento)”, em dueto com Chico Chico. São faixas mais agitadas, que experimentam ainda mais nas misturas de ritmos e elementos eletrônicos.


“Minha referência sempre foi musical, tanto para as melodias quanto para as letras”, afirma Josyara. “No cancioneiro nacional, temos letras que são belíssimos poemas, com toda uma preocupação com rimas e métricas. Sempre me baseei nisso, nas músicas que me inspiram, que dizem aquilo que eu quero dizer”.


Por ora, ainda não há data marcada para show de lançamento em Belo Horizonte. As próximas apresentações acontecem em São Paulo e Vitória (ES), nos próximos meses. Mas uma turnê nacional de “Avia” não está fora de cogitação, afinal, o próprio título do disco aponta para o impulso, o movimento e a urgência de agir.

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FAIXA A FAIXA

• “Eu gosto assim”
• “Seiva”
• “Festa nada a ver”
• “Ensacado”
• “Corredeiras”
• “Sobre nós”
• “De samba em samba”
• “Eu não sou prova de amor”
• “Peixe coração”
• “Oasis (a duna e o vento)”


“AVIA”
• Disco de Josyara, pela DeckDisc, com 10 faixas,
disponível nas plataformas digitais

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